SóProvas


ID
2959942
Banca
NC-UFPR
Órgão
Prefeitura de Curitiba - PR
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A peça teatral Entre Quatro Paredes, do francês Jean-Paul Sartre, conta a história de três personagens que morrem e descobrem que o inferno não é uma fornalha lúgubre, mas um quarto fechado no qual terão de passar a eternidade. O cômodo não tem espelhos; para verem a si próprios, cada um precisa procurar sua imagem nos olhos dos outros. Contudo, a convivência logo se torna insuportável. E então Garcin, um dos confinados, cunha a célebre frase: “O inferno são os outros”.

      A máxima de Sartre parece fazer sentido num mundo marcado pelo conflito. O outro pode ser o estrangeiro. O refugiado que ameaça a tranquilidade da Europa. Mas também pode estar mais perto e ser o petista ou o tucano. O fiel de outra religião. O homossexual. O nordestino. O pobre. O negro. O jovem para o idoso. O idoso para o jovem. Ou simplesmente aquele que pensa diferente. O inferno, enfim, é o diferente na concepção de Sartre – e de muitas pessoas.

      Mas, se a danação é isso, o paraíso por certo seria a ausência do outro e da diferença. Seria um quarto com uma única pessoa dentro para não haver briga. As paredes seriam de espelhos, para que quem lá estivesse não precisasse procurar sua imagem nos olhos do outro. E, quando se cansasse de seus pensamentos e de contemplar o próprio reflexo, poderia sair. Haveria uma porta – afinal, o céu não prevê a punição do confinamento.

      Porém, para manter a perfeição, não haveria ninguém lá fora. Apenas espelhos por todos os lados – a cada esquina que se dobra, a cada rumo que se toma – para lembrar quem é o dono de tudo. 

      Seria, no entanto, um paraíso vazio. Solitário. Um imenso labirinto de espelhos, sem saídas, em que a cada passo que se dá tudo o que se vê à frente é sempre a própria imagem. Seria a perdição. Um inferno mais terrível que o quarto da peça de Sartre.

      O outro é e sempre será nossa fronteira. Ele impõe limites à nossa liberdade. Mas ignorá-lo ou afastá-lo, a pretexto de cessar os conflitos e os dissabores, é o caminho para um mundo estático, sem progresso. Só aprendemos quando nossas convicções se chocam com a realidade do outro, com a diferença. É o outro que nos ensina a dor de ser machucado. Mas também a alegria de gostar. Não é o céu. Tampouco o inferno.

(Fernando Martins, “O labirinto de espelhos”, jornal Gazeta do Povo, edição impressa de 16 de setembro de 2015. Adaptado.) 

O processo argumentativo do autor é de natureza:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ----> o autor apoiou-se no uso de conjunções coordenativas adversativas no decorrer do texto para construir suas ideias:

    -----> Mas, se a danação é isso; Porém, para manter a perfeição;   Seria, no entanto, um paraíso vazio; Mas ignorá-lo ou afastá-lo.

    Força, guerreiros(as)!!

  • Gabarito Letra "D"

    No comentário anterior o colega Arthur Carvalho explicou muito bem a resposta da questão, pelo uso das conjunções coordenativas adversativas.

    Outra forma de apoiar-se no texto para chegar à resposta, é através da leitura do primeiro e do último parágrafos. Notem que há uma contraposição do último parágrafo com relação ao primeiro, indicando a condição adversativa.

    (primeiro parágrafo)

    "  A peça teatral Entre Quatro Paredes, do francês Jean-Paul Sartre, conta a história de três personagens que morrem e descobrem que o inferno não é uma fornalha lúgubre, mas um quarto fechado no qual terão de passar a eternidade. O cômodo não tem espelhos; para verem a si próprios, cada um precisa procurar sua imagem nos olhos dos outros. Contudo, a convivência logo se torna insuportável. E então Garcin, um dos confinados, cunha a célebre frase: “O inferno são os outros”.

    (último parágrafo)

    "   O outro é e sempre será nossa fronteira. Ele impõe limites à nossa liberdade. Mas ignorá-lo ou afastá-lo, a pretexto de cessar os conflitos e os dissabores, é o caminho para um mundo estático, sem progresso. Só aprendemos quando nossas convicções se chocam com a realidade do outro, com a diferença. É o outro que nos ensina a dor de ser machucado. Mas também a alegria de gostar. Não é o céu. Tampouco o inferno."

  • Mas, Porém... Não precisou nem ler o texto todo para saber claramente que se trata de conjunções adversativas, logo, o autor, utiliza-as para construir sua tese.

  • GABARITO "D"

    Precisei nem ler...

    Só em ver no início dos parágrafos

    Mas

    Porém...

    Bingo..... ADVERSATIVAS!

    Mais fácil que fazer pipoca!

    “Lembre sempre que a sua vontade de triunfar é mais importante do que qualquer outra coisa”.

    RUMO #PCPR

  • não precisa ler o texto, mas vale a pena

  • só dei uma lida por cima e já vi um monte de mas, porém, etc, etc.. já matei q charada kk
  • Aliás, que texto incrível!

  • a) INCORRETA. Causal: Utiliza termos como: “Uma vez que”, “visto que”, “já que”. Buscando justificativas palpáveis.

    b) INCORRETA. Explicativa: Utiliza termos como: “Porque”, “pois”, “porquanto”.

    c) INCORRETA. Conclusiva: Utiliza termos como: “Logo”, “portanto”, “por isso”, “assim”. Ideia de finalidade. No texto utiliza-se a palavra “Logo” em seu sentido de temporalidade.

    d) CORRETA. Adversativa: O autor utiliza constantemente conjunções coordenativas adversativas, por exemplo, tais como: “Mas”, “porém”, “no entanto”, “tampouco”. Expõe ideias controversas.

    e) INCORRETA. Conformativa: Utiliza termos como: “Conforme”, “segundo”, “assim como”, “de acordo com”.

    BONS ESTUDOS GALERINHA!!!

    FONTE: ALFACON.

  • Só ver começo de cada parágrafo você vai as conjunções adversativas, reparei quando vi o MAS e o PORÉM.