SóProvas


ID
2962558
Banca
Planexcon
Órgão
Prefeitura de Jumirim - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

LER, ESCREVER E FAZER CONTA DE CABEÇA

“A professora gostava de vestido branco, como os anjos de maio. Carregava sempre um lenço dobrado dentro do livro de chamada ou preso no cinto, para limpar as mãos, depois de escrever no quadro-negro. Paninho bordado com flores, pássaros, borboletas. Ela passava o exercício e, de mesa em mesa, ia corrigindo. Um cheiro de limpeza coloria o ar quando ela passava. Sua letra, como era bem desenhada, amarradinha uma na outra!

(...) 

Ninguém tinha maior paciência, melhor sabedoria, mais encanto. E todos gostavam de aprender primeiro, para fazê-la feliz. Eu, como já sabia ler um pouco, fingia não saber e aprendia outra vez. Na hora da chamada, o silêncio ficava mais vazio e o coração quase parado, esperando a vez de responder “presente”. Cada um se levantava, em ordem alfabética e, com voz alta, clara, vaidosa, marcava sua presença e recebia uma bolinha azul na frente do nome. Ela chamava o nome por completo, com o pedaço da mãe e o pedaço do pai. Queria ter mais nome, pra ela me chamar por mais tempo.

O giz, em sua mão, mais parecia um pedaço de varinha mágica de fada, explicando os mistérios. E, se economizava o quadro, para caber todo o ponto, nós também aproveitávamos bem as margens do caderno, escrevendo nas beiradinhas das folhas. Não acertando os deveres, Dona Maria elogiava a letra, o raciocínio, o capricho, o aproveitamento do caderno. A gente era educado para saber ser com orgulho. Assim, a nota baixa não trazia tanta tristeza.

(...)

Nas aulas de poesia, Dona Maria caprichava. Abria o caderno, e não só lia os poemas, mas escrevia fundo em nossos pensamentos as ideias mais eternas. Ninguém suspirava, com medo da poesia ir embora: Olavo Bilac, Gabriela Mistral, Alvarenga Peixoto e “Toc, toc, tamanquinhos”. Outras vezes declamava poemas de um poeta chamado Anônimo. Ele escrevia sobre tudo, mas a professora não falava de onde vinha nem onde tinha nascido. “E a poesia ficava mais indecifrável”.

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Ler, escrever e fazer conta de cabeça. São Paulo: Global, 2004. pp. 34-35.

A partir da leitura do texto de Bartolomeu Campos Queiros é INCORRETO afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito "B". A professora gostava de usar de vestido branco, o que não significa que só usava essa cor. Portanto, existiu extrapolação na interpretação.

  • E onde diz que as poesias eram difíceis?

  • Confesso, Alex, que fiquei com duvida também, entretanto, analisando bem o texto, percebi que essa assertiva está implicitamente colacionada no seguinte excerto:

    Ninguém suspirava, com medo da poesia ir embora: Olavo Bilac, Gabriela Mistral, Alvarenga Peixoto e “Toc, toc, tamanquinhos”. Outras vezes declamava poemas de um poeta chamado Anônimo. Ele escrevia sobre tudo, mas a professora não falava de onde vinha nem onde tinha nascido.E a poesia ficava mais indecifrável”.

    Obs. eu errei na primeira resolução.

    Se eu estiver equivocado neste comentário, contate-me. Abraços.

  • GABARITO: LETRA B

    B) A professora só usava roupas brancas, como os anjos de maio. ---> houve uma extrapolação, pois de acordo com o texto sabíamos que a professora gostava de vestido branco, mas, em nenhum momento, é dito que ela só usava roupas brancas ---> A professora gostava de vestido branco, como os anjos de maio. 

    C) A professora lia poesias muito difíceis para seus alunos. ---> “E a poesia ficava mais indecifrável” ---> infere-se que pela poesia ficar indecifrável ela era difícil.

    Força, guerreiros(as)!!

  • É bom termos cuidado com esses tipos de expressões: Só, Somente, Nunca, jamis.