- ID
- 2971630
- Banca
- Aeronáutica
- Órgão
- CIAAR
- Ano
- 2019
- Provas
-
- Aeronáutica - 2019 - CIAAR - Primeiro Tenente - Dentística
- Aeronáutica - 2019 - CIAAR - Primeiro Tenente - Endodontia
- Aeronáutica - 2019 - CIAAR - Primeiro Tenente - Implantodontia
- Aeronáutica - 2019 - CIAAR - Primeiro Tenente - Odontologia de Necessidades Especiais
- Aeronáutica - 2019 - CIAAR - Primeiro Tenente - Odontopediatria
- Aeronáutica - 2019 - CIAAR - Primeiro Tenente - Periodontia
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Instruções: A questão se refere ao texto a seguir.
Tempos de sofrência
Minerar, sindemia, flopar, kit-net, meia culpa – conhece?
Ruy Castro*
1. Há tempos venho me sentindo como Rip van Winkle, um personagem de ficção que, um dia, resolveu dar
um passeio fora de sua aldeia.
2. Caminhou horas, subiu uma montanha e recostou-se sob uma árvore para dar um cochilo. Fechou os olhos
e dormiu por 20 anos. Acordou sem saber de nada, voltou para sua terra e, lá, estranhou não reconhecer
seus conterrâneos nem entender certas coisas. Ao dar um viva ao rei inglês, fizeram-lhe cara feia – ele
deveria ter vivado o presidente americano, George Washington. Rip não sabia que, enquanto dormia, seu
país ficara independente.
3. O autor dessa história, lançada em 1819, é Washington Irving, escritor americano, autor da obra homônima.
Assim como Rip van Winkle, abri o jornal outro dia e li: “Ataque derruba defesa de PCs para minerar moeda
virtual”. Boiei. Sei muito bem que minerar significa escavar, extrair – extrair de uma mina, por exemplo –,
mas a frase continuou um mistério. Em outro jornal, deparei com o título: “Sindemia é maior ameaça à saúde
humana e do planeta”. Alarmado, corri ao dicionário – o que seria uma “sindemia”? Mas o Houaiss e o Aurélio
também devem ter dormido por 20 anos, porque não a registram. Reli o artigo e continuei sem entender.
Parece ter a ver com a desnutrição ou com a obesidade ou talvez com as duas.
4. Tenho tentado me atualizar com certas expressões ultimamente comuns no noticiário. Duas pessoas “dão
um match”, ou seja, combinam. Fulana “é o crush” – a paquera – do Beltrano. Há semanas, li que alguém
“flopou” – fracassou. Só falta alguém escrever que Sicrano “baixou um app para levar seu pet na bike”. E
aprendi no Online uma nova e deliciosa maneira de grafar kitchenette: kit-net.
5. Na TV, um locutor disse que não sei quem iria fazer “meia culpa” – o latim mea-culpa, imagino. Outra
pronunciou o francês “Belle Époque” como “béli-époki”.
6. Tempos de “sofrência” para quem lê ou ouve.
* Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.
(Folha de São Paulo, Caderno Opinião, 11 fev. 2019, p. A2. Adaptado.)
A palavra “sofrência”, que integra o título do texto, é um neologismo da língua portuguesa, formado a partir
da junção das palavras “sofrimento” e “carência”, e possui um significado similar ao da expressão popular
“dor de cotovelo”.
Na crônica de Ruy Castro, é correto afirmar que a expressão “tempos de sofrência” à qual o autor alude,
caracteriza um