SóProvas


ID
2975794
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
Prefeitura de Lagoa Santa - MG
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Tropeçando nos acentos

Moacyr Scliar

[...]

Alguém já disse que os ingleses conquistaram o mundo porque não precisavam perder tempo acentuando as palavras. Pode não ser verdade, mas o gasto de energia representado pelos agudos, pelos circunflexos, pelos tremas, é uma coisa impressionante. E a pergunta é: para quê, mesmo? Alguém já disse que a crase não foi feita para humilhar ninguém. Tenho minhas dúvidas: acho que a crase foi feita, sim, para humilhar. A população brasileira se divide em pobres e ricos, mas também se divide em dois grupos, os que sabem usar a crase, a minoria, e a maioria que tem um medo existencial a este sinal.

É possível aprender? É possível. Mas tomem o meu caso: escritor, médico, homem razoavelmente informado, eu deveria acentuar bem as palavras. Pois tenho minhas dúvidas. É que durante a minha existência o país passou por umas três reformas ortográficas que tiveram o mérito de esculhambar a minha cabeça. O acento diferencial consegui esquecer, mas há outros que ainda me causam dúvidas. Há duas soluções para este problema. Uma é representada por esses dispositivos de correção que hoje fazem parte dos programas de computação (mas que às vezes cometem erros lamentáveis). Outra seria uma revolução na grafia que reduzisse os acentos ao mínimo possível ou, melhor ainda, a zero. 

A primeira máquina de escrever que eu ganhei, ainda menino, era uma velha Royal, importada dos Estados Unidos, e que não tinha acentos. Eu escrevia, e depois acentuava à mão. Com uma tremenda inveja dos americanos que estavam dispensados desta tarefa inglória. Não sei onde andará essa máquina. E nem quero saber. Ela me lembraria que há neste mundo pessoas felizes que podem escrever sem a preocupação de acentuar certo. Uma coisa que eu gostaria de esquecer.

[...]

Disponível em: <https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/outros/>. Acesso em: 16 jan. 2019.

No trecho “Eu escrevia, e depois acentuava à mão”, Scliar utiliza a crase.

Sobre essa aplicação do sinal, é correto afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Para simplificar as coisas, sugiro o uso do acento grave em todos os adjuntos adverbiais (lugar, tempo, modo, meio, instrumento, intensidade...) femininos: à beça, às claras, à deriva, à distância, à força, à mão, à toa, às vezes, à vista...

    Mais uma vez, estamos diante de um caso que não deveria ser cobrado em concursos do tipo “certo ou errado”.

    Mesmo assim a banca deu como correta o Gabarito: ''B''.

    Não desista em dias ruins. Lute pelos seus sonhos!

  • A locução adverbial "a distância" não deve ser acentuada, conforme gramática do Nilson Teixeira. Além dessa gramática, nós temos o popular "ensino a distância", que não tem crase e nem deve ter. (já errei muitas questões por causa disso)

    E nem sempre as locução "às vezes" é acentuada, pois possui uma forma sem acento "as vezes", que é equivalente a "as ocasiões"/"os momentos". Exemplo:  Todas as vezes (as ocasiões) que as encontro elas estão com um corte diferente!

    O mesmo ocorre com o "à vista", ele nem sempre é acentuado. As três formas estão corretas e existem na língua portuguesa. Porém, seus significados são diferentes e devem ser usadas em situações diferentes:

    À vista, com acento indicador de crase, é uma expressão sinônima de: diante dos olhos, na presença, perante e de imediato, sendo muito utilizada para referir um pagamento total feito no ato da compra.

    A vista, sem acento indicador de crase, é simplesmente a junção do artigo definido a com o substantivo feminino vista.

    Avista é a forma do verbo avistar conjugado na 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo ou na 2.ª pessoa do singular do imperativo. Avistar se refere, principalmente, ao ato de alcançar com a vista e de conseguir ver ao longe.

    4° Não ocorre mais crase em advérbios que indicam instrumento ou meio, conforme Nilson Teixeira:

    RESPOSTA B

    Força, galera! E fiquem ligados nos detalhes.

  • Ótima colocação, Preguiça concurseira! Obrigado por colaborar conosco.

  • Lápis = Palavra masculina e palavras masculinas em Locuções adverbiais NÃO CONTÉM CRASE

    Mão = Palavra feminina.....

    Simples assim, Força guerreiros !!

  • Gab: B

    Obs letra C: Em locuções adverbiais com palavras masculinas, como em "à lápis" não haverá crase.

  • A letra ¨B¨ sem a crase seria mesmo um ambiguo.

  • Casos obrigatórios... Para evitar ambiguidade: EX.: Ama a mãe à filha, mas se queremos dizer que a filha ama a mãe: Ama à mãe a filha.

  • “Eu escrevia, e depois acentuava à mão"

    1 - Escrevia e acentuava as palavras à mão, ou seja, com uma caneta, um lápis, escrevendo...

    2 - Acentuava a mão: acentuava a própria mão.

    A crase foi claramente usada para evitar ambiguidade.

  • LETRA B

    USO FACULTATIVO DE CRASE

    *Diante de substantivo feminino especificado. Exemplo: Sujeito a erosão  / Sujeito a/à imediata erosão.

  • Pelo seu sentido não deveria ser obrigatória?

  • Pq de ser B e não C, os dois indicam modo, porém mão é um substantivo feminino e lápis, masculino

  • gabarito letra D ????

  • Quem acentua a mão? kkkkkkkkkkkk

  • GABARITO B

    Eu pintava à mão ------- a pintura era feita com o uso da mão.

    Eu pintava a mão ------- eu pintava a minha própria mão.

    Neste caso, usamos a crase para evitar ambiguidades.

  • Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

    I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

    1→ Antes de palavra masculina

    2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

    3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

    4→ Antes de verbos

    5→ Prep. + Palavra plural

    6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

    7→ Nome feminino completo

    8→ Antes de Prep. (*Até)

    9→ Em sujeito

    10→ Obj. Direito

    11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

    12→ Antes pronome pessoal

    13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

    14→ Antes pronome indefinido

    15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

    II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

    1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

    2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

    3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

    4→ Topônimos (gosto de/da_____)

    a) Feminino – C/ crase

    b) Neutro – S/ Crase

    c) Neutro Especificado – C/ Crase

    5→ Paralelismo

    6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

    7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

    III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

    1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

    2→ Após Até

    3→ Antes de nome feminino s/ especificador

    IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

    1→ Prep. “A” + Artigo “a”

    2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

    3→ Loc. Adverbiais Feminina

    4→ Antes de horas (pode está subentendida)

    5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

    FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita