SóProvas


ID
2979445
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de Ananindeua - PA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Hora da verdade.

            Criança sabe ou não de sexo? Com que idade? Não estou falando do que seria ideal, em termos educacionais, teóricos etc, etc. Mas do real. Informações sobre sexo variam i muito entre as classes sociais e locais de moradia. Escrevo livros infantojuvenis. Em certa época, muitos autores amigos achavam importante falar de sexo em seus livros. Eu não. Pelo simples fato, comentei com uma escritora amiga minha, que as crianças saberiam mais sobre sexo do que eu. Já soube de casos absurdos. Uma escola adotou um livro de um amigo para leitura paradidática. Em certa página, o casal de adolescentes descobria o sexo. Alguns pais fizeram escândalo. A solução da escola foi arrancar a página específica e queimar! Muitos adultos pensam, esquecendo a própria infância, que a criança é um anjinho ingênuo e intocável, a quem as informações jamais devem ser oferecidas, Nossa, quanta bobagem! Entre meus muitos livros, tenho um que aborda a questão do crack, Vida de Droga. A personagem é uma adolescente que se vicia. Escrevi a partir de entrevistas com adolescentes. Achava que seria um : fracasso absoluto, devido à ousadia do tema. Para minha surpresa, logo após o lançamento, fui chamado para dar muitas palestras em escolas religiosas. Um dia perguntei para uma : freira se não se chocava com o tema. 

            - A gente quer mostrar como realmente acontece. O fundo do poço! Para evitar o vício - disse ela.

            Achei interessante. Mas foi em um colégio público, na periferia de São Paulo, que descobri a real. Dei uma palestra e,  em seguida, assisti à dramatização de meu livro, feita pelos  próprios alunos. Para minha surpresa, havia cachimbos em cena ; e uma descrição do uso de crack absolutamente completa! No intervalo, falei com a diretora e com os professores. Comentei sobre o meu medo de o livro ser pesado. A diretora apontou a janela.

             - Está vendo aquela esquina? Atravessando a rua?

            Concordei.

            - Boa parte das alunas sai daqui no fim da tarde e vai se prostituir, logo ali. 

            Eu todo cheio de dedos. A diretora me revelou outras coisas de arrepiar

            - Pegamos uma aluna com seis garotos. Chamamos a família. Mas...como lidar com isso?

            Eu já quebrei a cara em palestra. Tenho outro livro, A corrente da vida, que fala sobre a contaminação do HIV entre jovens. Fui a uma cidade próxima a São Paulo. Terminada a palestra em que falo sobre os riscos-nessas ocasiões, sou bem professoral-, pedi aos alunos que me enviassem perguntas escritas e anônimas, para que cada um se sentisse a vontade para perguntar o que quisesse. Lá pelas tantas veio: “É possível reutilizar uma seringa?” 

            Olhei para aqueles rostinhos, entre 10 e 12 anos. E me senti no papel de moralizar. Respondi: 

            - Nunca se pode reutilizar uma seringa, porque há risco de contaminação.

            Sinceramente, eu só queria que ninguém naquela sala usasse a tal seringa... Um garoto de no máximo 11 anos ergue a mão. 

            - O senhor está mentindo. Para esterilizar uma seringa, a gente faz assim, assim.... 

            E dei o serviço. Quase cai duro.

            Meus livros abordam temas atuais, mas não em torno da sexualidade. Vi amigos despencar nas vendas porque pais reclamam de situações que, segundo dizem, os filhos não' podem saber. Na televisão e em todo meio de comunicação, a mesma pressão. Até na propaganda. Proíbem-se anúncios e comerciais para crianças, para não criar desejos que redundem em frustrações se o pai não puder comprar. Fui um menino pobre, tive muitos desejos que meus pais não puderam satisfazer. Isso me deu noção de limites. Não um sofrimento atroz, a não ser por um cavalo branco, que eu desejava ter no quintal. Foram anos de brigas como Papai Noel, que nunca trazia o tal cavalo.

            Eu vejo argumentos de educadores e penso onde é que eles estão, num país em que adolescentes têm seu primeiro filho aos 12,13 anos? E onde o problema já é evitar o segundo? Onde as drogas correm solto nas praias, escolas? Vamos continuar fingindo que nada disso existe ....Que a criança é um anjinho de procissão? 

            Penso que está na hora de rever o Estatuto da Criança e do Adolescente. Rever situações que satisfazem aos adultos aos teóricos, mas não resolvem as questões básicas. Penso que aulas de educação sexual, com valores, jamais poderiam ser abolidas, porque ou a criança já sabe ou vai saber de um jeito pior.

            Eu só não entendo como os teóricos de educação e tantos pais podem ser tão inocentes - enquanto para crianças e adolescentes basta abrir a internet e fazer o diabo. 

Walcyr Carrasco é jornalista, autor de livros peças teatrais e novelas de televisão. Época, 26/01/2018.

Analise o emprego do termo “porque” e indique a alternativa com uso adequado à norma.

Nunca se pode reutilizar uma seringa, porque há risco de contaminação.”

Alternativas
Comentários
  • alguém conseguiu encontrar alternativa correta para a questão?

  • A questão pediu para analisarmos onde o emprego dos porquês está aplicado adequadamente. Sendo a alternativa correta a letra B.

    Por quê- usado no final de frases interrogativas.

  • nenhuma alternativa me convenceu de uma resposta pois na letra b que é o gabarito(dado) deveria ser por quê

  • Também não vejo resposta correta. O uso do "porquê" deve ser antecipado por um artigo, e o uso do "por quê" se dá quando é possível substitui-lo por "por qual motivo" NO FINAL DA FRASE, sendo assim, a letra B está errada também, pois deveria ser "isso você quer saber, por quê?".

  • A questão está escrita de forma incorreta, busquei o PDF da prova oficial e vi que nela consta "por quê" e não "porquê" na alternativa B.

  • GABARITO: LETRA B

    ===> QC a questão está incorreta, de acordo com a original:

    b) Isso você quer saber, POR QUÊ?

    ===> equivalente a "por qual motivo", escrito no final de frase, perto de pontuação.

    Força, guerreiros(as)!!

  • O CERTO SERIA POR QUÊ? PARA SER JUNTO PORQUÊ NECESSITARIA DE UM ARTIGO ANTES COMO (O PORQUÊ)

  • Gabarito ''B''.

    Porque (junto) – usado para frases afirmativas (explicativas ou causais);

    Por que (separado) – em frases interrogativas ou quando pode ser substituído por “pelo qual” e suas variações;

    Por quê (separado e com acento) – no final de frase interrogativa.

    Porquê (junto e com acento) – quando for uma palavra substantivada.

    Estudar é o caminho para o sucesso.

  • GABARITO B

    RESUMO

    PORQUE - Já que, visto que, uma vez que

    PORQUÊ - substantivo, o motivo, a razão.

    POR QUÊ - seguido de pontuação.

    POR QUE - por que motivo/razão, pelos quais, pela qual

    bons estudos

  • Gabarito: B

    Por que → pergunta (por que você estuda?)

    Porque → resposta (estudo porque quero passar!)

    Por quê → fim de frase (vocês estudam por quê?)

    Porquê → substantivo (Eu sei o porquê da sua dedicação)

  • GABARITO::::::::b)

  • A questão é sobre o uso dos porquês e quer que assinalemos a alternativa em que o uso do "porque" está adequado à norma. Vejamos:

    A) Porque crianças se viciam em crack?

    Errado. O certo seria "POR QUE" = "por qual razão / motivo".

     .

    B) Isso você quer saber, por quê?

    Certo. "POR QUÊ" = "por qual razão / motivo" antes do ponto de interrogação.

     .

    C) O porque jamais revelarei.

    Errado. O certo seria "PORQUÊ" = substantivo com significado de "motivo / razão".

     .

    D) Já sei, porquê você é viciado, menino.

    Errado. O certo seria "PORQUE" = "pois", conjunção coordenativa explicativa

     .

    Uso dos porquês

    Por que: equivale a “por qual razão/motivo” ou “pelo qual” (e variações). Ex.: Por que você não resolve mais questões? / A rua por que passamos estava cheia de buracos.

    Por quê: vem antes de um ponto (final, interrogativo, exclamação) e continua com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”. É utilizado em perguntas no fim das frases Ex.: Vocês não se inscreveram por quê?

    Porque: conjunção com valor de “pois”, “uma vez que”... É utilizado em respostas. Ex.: Não fiz a prova porque não me senti preparada.

    Porquê: substantivo com significado de “motivo”, “razão”. Vem acompanhado de determinante: artigo, pronome, adjetivo ou numeral. Ex.: Gostaria de saber o porquê dessa resposta.

     .

    Gabarito: Letra B