Pensei que o enunciado estava falando da palavra "Só". Palavras denotativas são semelhantes aos advérbios, mas que não constituem circunstância; não estão relacionadas com adjetivo, advérbio ou verbo. Só seria uma palavra denotativa de limitação.
Somente Paulo venceu a corrida.
Ué, mas “somente” não é advérbio e as gramáticas não ensinam que o advérbio é palavra que modifica apenas adjetivos, verbos e os próprios advérbios? Sim, é isso mesmo. Então, como, na frase-título, o advérbio “somente” está se relacionando com o substantivo Paulo? Na realidade, os gramáticos têm dificuldade em classificar certas palavras e a própria Nomenclatura Gramatical Brasileira, ao reconhecer isso, criou a classe extraordinária das “palavras que denotam” ou “denotativas”. E denotam o quê? Denotam, isto é, expressam noções de inclusão, exclusão, designação, realce, retificação, situação, explanação, etc. Essas palavras – e também locuções (grupos de palavras) – são muitas vezes consideradas advérbios, o que não é apropriado, já que não se referem a adjetivos, verbos ou a outros advérbios. Na verdade, em certos contextos, não se enquadram em nenhuma das dez classes de palavras admitidas e são forçosamente incluídas na classe extraordinária acima referida. Na análise , devem ser consideradas, portanto, “palavras que denotam inclusão, exclusão ou designação, etc.”
Fonte: http://www.paulohernandes.pro.br/dicas/001/dica074.HTML
“palavras que denotam inclusão, exclusão ou designação, etc.”. Vejamos essas categorias, uma a uma:
•Inclusão – Ainda, além disso, até, inclusive, também, etc. – “Trabalhamos de graça e ainda nos deixaram com fome.”, “Vendem até a honra.”, “Eu também quero.”.
•Exclusão – Exceto, fora, menos, só, somente, etc. – “Todos estão em dia, exceto o apartamento n.º 404.”, “O grupo de amigos foi aprovado, menos Oscar.”, “Dos competidores, só três permaneceram na prova.”.
•Designação (ou Indicação) – Eis – “Eis o campeão.”, “Eis-nos ainda a lutar contra as desigualdades.”, “Trouxemos o vencedor da maratona, ei-lo!”.
•Realce – Cá, é que, lá, mesmo/mesma, só, etc. – “Pensei cá com os meus botões:”, “Nós é que conseguimos a verba.”, “Foi ela mesma quem fez.”.
•Retificação – Aliás, isto é, ou antes, ou melhor, etc. – “João Paulo é o representante da bancada, aliás, um dos representantes.”, “Recebeu o crédito em dinheiro, isto é, parte em dinheiro, parte em títulos.”, “Venha no sábado, ou melhor, venha amanhã mesmo”.
•Situação – Afinal, agora, então, mas, etc. – “Afinal, nunca tinham estado naquela situação.”, “Concordo com você; agora (= entretanto), é preciso observar certos aspectos.”, “Mas o que é isso?!”.
•Explanação – A saber, isto é, ou seja, por exemplo, etc. – “Os signos do Zodíaco são doze, a saber:”, “O recipiendário, isto é, aquele que está sendo recebido na Ordem...”, “Na expressão ‘fazer anos’, ou seja, aniversariar, o verbo ‘fazer’ tem sujeito.”.
Em outros contextos, a maior parte dessas palavras e expressões pode ser encaixada em uma das classes de palavras previstas na nomenclatura gramatical. Assim, até é nitidamente preposição em “Fomos até a praça.”. Cá é claramente advérbio em “Venha cá.”. Mesmo ou mesma é sem dúvida pronome adjetivo demonstrativo em “Esta é a mesma salada de ontem.”.
Uma palavra sobre o emprego do advérbio na condição de modificador de substantivo: isto ocorre quando o substantivo assume praticamente função adjetiva, em casos em que integra predicativo, como "Ele já é quase rapaz". Repare que neste exemplo “rapaz”, embora substantivo, está empregado em função adjetiva, pois se relaciona diretamente com o pronome “ele”. Nessa condição, ou seja, como adjetivo, pode ter vínculo com o advérbio. Por fim, ressalve-se que essas considerações todas têm relação com a taxionomia, isto é, com a classificação das palavras, área que interessa mais de perto aos especialistas: lingüistas, gramáticos e professores de Língua Portuguesa.