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ID
2997061
Banca
CS-UFG
Órgão
UFG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Comunicação Social
Assuntos

A entrevista como técnica de apuração da notícia e obtenção da informação, segundo Lage (2001), pode ser classificada de acordo com as circunstâncias. A que é considerada a entrevista por excelência ocorre em ambiente controlado, sem hierarquia imposta pela disposição de móveis ou outros aparatos. Nela, o tom da conversa é estabelecido por entrevistador e entrevistado, o que permite o aprofundamento e detalhamento dos pontos abordados. Essa descrição refere-se à entrevista

Alternativas
Comentários
  • Quanto às circunstâncias de realização, as entrevistas variam bastante:

    (a) ocasionais - são entrevistas não programadas - ou, pelo menos, não combinadas previamente - em que o entrevistado é questionado sobre algum assunto. O resultado é eventualmente interessante porque, sem se ter preparado e preso ao compromisso de veracidade e relevância de qualquer conversa (as máximas de Grice), o entrevistado pode dar respostas mais sinceras ou menos cautelosas do que se se tivesse programado anteriormente. No entanto, pessoas acostumadas à abordagem para entrevistas desse tipo - como políticos, por exemplo – aproveitam eventualmente a oportunidade para formular declarações maliciosas, muito bem planejadas e que poderão desmentir ou corrigir posteriormente, alegando que foram pegos de surpresa ou mal interpretados.

    (b) confrontos - são entrevistas em que o repórter assume o papel de inquisidor, despejando sobre o entrevistado acusações e contra-argumentando, eventualmente com veemência, com base em algum dossier ou conjunto acusatório. O repórter atua, então, como promotor em um julgamento informal. A tática é comum em jornalismo panfletário, quando se pretende "ouvir o outro lado" sem lhe dar, na verdade, condições razoáveis de expor seus pontos de vista. Dependendo da habilidade retórica do entrevistado e da competência acusatória do repórter, a entrevista pode transformarse em um espetáculo de constrangimento ou, pelo contrário, em uma peça de redenção; em suma, o repórter ou o entrevistado, o que é mais raro, podem ganhar. Esse efeito será inevitavelmente notado se o receptor da informação tem acesso diretamente à entrevista - isto é, no rádio ou na televisão ao vivo.

    (c) coletivas - o entrevistado é, aí, submetido a perguntas de vários repórteres, que representam diferentes veículos, em ambiente de maior ou menor formalidade. Entrevistas coletivas são comuns quando há interesse geral por algum (ou alguns) personagens que acabam de participar de ou assistir a um evento interessante. São também programadas como parte da promoção de espetáculos, eventos culturais ou vendas de produtos que embutem alguma criação ou tecnologia.

    (d) dialogais - são as entrevistas por excelência. Marcadas com antecipação, reúnem entrevistado e entrevistador em ambiente controlado - sentados, em geral, e, de preferência, sem a interveniência de um aparato (como uma mesa de escritório) capaz de estabelecer hierarquia (quem se senta diante das gavetas da mesa assume, de certa forma, posição de mando). Entrevistador e entrevistado constroem o tom de sua conversa, que evolui a partir de questões colocadas pelo primeiro, mas não se limitam a esses tópicos: permite-se o aprofundamento e detalhamento dos pontos abordados. 

    Fonte: A reportagem - Nilson Lage

    O autor Nilson Lage disponibilizou todas as suas obras no site nilsonlage.com.br