SóProvas


ID
3000865
Banca
FUNCERN
Órgão
Prefeitura de Apodi - RN
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de acidentes

                                                                                                                 Luciano Melo


    O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu carro e atravessar o cruzamento. Olha para os lados que atravessará e, estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela via transversal à sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a outro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais nenhum veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de dirigir, mas, no meio da travessia, ele é surpreendido por uma grave colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo.

    Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproximar. Presumo que vários dos leitores já passaram por situação semelhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria a motocicleta, eu o convido a assistir a um vídeo que existe sobre isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente somem ou aparecem em uma cena.

    Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de perceber certas mudanças. Claro que notamos muitas alterações à nossa volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modificação no momento em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixamente para uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assistir à queda de um deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos da janela, justamente no momento do tombo, é possível que nem notemos a falta do enfeite. O fenômeno se chama cegueira para mudança: nossa incapacidade de visualizar variações do ambiente entre uma olhada e outra.

    No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por uma série de movimentos. Se esses movimentos superam um limiar atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração considerada dominante. Por sua vez, modificações que não ultrapassam o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas.

    Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de termos visão nítida, rica e bem detalhada do mundo que se estende por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não é limitada, mas nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo são. Não somos capazes de memorizar tudo instantaneamente à nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa introspecção da grandiosidade de nossa experiência visual confronta com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica, porém efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um gradiente entre o que é real e o que se presume, algo que favorece os acidentes de trânsito.

    Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do texto se deu porque o motorista convergiu sua atenção às partes centrais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam sob velocidade mais ou menos previsível. Assim que o último carro passou, ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria vazio por um intervalo de tempo seguro para a travessia. As laterais da pista, locais em que motocicletas geralmente trafegam, não tiveram a atenção merecida, e a velocidade da moto não estava no padrão esperado.

    O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e nossos cérebros têm que coletar e reter alguns deles para que possamos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobrevivência. Mas essas informações são salpicadas, incompletas e mutáveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não é simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria armadilha para nós mesmos, pois por vezes um ponto que deveria ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo. E outro, ao contrário, deveria ser considerado, mas é menosprezado, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.

    Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de acidentes de carro.

Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2019. (texto adaptado)

O gênero discursivo que apresenta a mesma sequência textual dominante no primeiro parágrafo é:

Alternativas
Comentários
  • Como Assim?

  • KKKKKKKKK NOTICIA DE QUEM ?

  • Gabarito: C

    Acho que esta errado, não identifiquei elementos de uma noticia.

    me corrijam se eu estiver errado.

  • Onde está a notícia?isso não seria uma resenha?relativo a um conto...Me corrijam caso esteja errado o que falei.

  • Notícia? Oi?

  • Notícia? Oi?

  • *A resenha é um gênero textual sucinto, cuja principal característica é tecer, de maneira breve, uma crítica sobre determinado assunto.

    *A notícia possui características narrativas. O fato ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo determinadas personagens. Essas últimas e também o local são, muitas vezes, minuciosamente descritos.

    GAB. C

  • Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2019. (texto adaptado) 

    GAB----> C

  • GAB:C.

    Elementos de uma notícia.

  • Observem a fonte do texto citado. Trata-se de um jornal virtual (UOL). Sendo assim, não apenas o primeiro parágrafo mas todo o textual é uma notícia.

    FONTE DE TEXTO: Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2019. (texto adaptado) 

  • Gente não compliquem tentem pensar fora da caixinha .. Tentem pensar português :

    O texto claramente é uma Notícia (Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>)

    Acontece que a notícia pode conter trechos narrativos .

  • A Notícia é um gênero textual jornalístico e não literário que está presente em nosso dia a dia, sendo encontrada principalmente nos meios de comunicação. Trata-se de um texto informativo sobre um tema.

  • GABARITO: C

    Vejam que a questão se refere APENAS ao primeiro parágrafo.

    Se houvesse uma alternativa "gênero narrativo", eu certamente a marcaria; entretanto, se usarmos a lógica, vemos que fato narrado pode ser veiculado como uma notícia.

  • É só baixar o William Bonner e ver como ele faz no JN, logo se percebe que a resposta só pode ser a C. rsrs

    Ele tá narrando um fato, exatamente o que a notícia faz.

  • LETRA C

    Artigo de Opinião: é um tipo de texto dissertativo-argumentativo onde o autor tem a finalidade de apresentar determinado tema e seu ponto de vista.

    Resenha: produção textual, por meio da qual o autor faz uma breve apreciação, e uma descrição a respeito de acontecimentos culturais (como uma feira de livros, por exemplo) ou de obras (cinematográficas, musicais, teatrais ou literárias).

    Notícia: caracterizado por texto descritivo, com objetivo de informar sobre um tema atual ou acontecimento real, e veiculado em meio de comunicação.

    Requerimento: trata-se de um documento cuja função primordial é pedir, solicitar ou requerer algo. Uso de linguagem técnica.

  • De notícia não vi nada ali. O mesmo fato descrito poderia ser veiculado em trilhões de outros gêneros.

  • "Os textos narrativos podem ser ficcionais ou não. Uma notícia, por exemplo, pode narrar um acontecimento - nesse caso, trata-se de um fato não ficcional."

    Pessoal, se prestarmos atenção, o narrador narra a trajetória de uma colisão (acidente), a qual acontece no primeiro parágrafo.

    OBS¹: RETIREI ESSE TRECHO DE UMA APOSTILA GRATUITA DO GRAN CONCURSOS NA INTERNET

    OBS²: ERREI A QUESTÃO! 

    LINK: 11784060-tipologia-e-generos-textuais.pdf