Critérios Diagnósticos 300.6 (F48.1)
A. Presença de experiências persistentes ou recorrentes de despersonalização, desrealização ou
ambas:
1. Despersonalização: Experiências de irrealidade, distanciamento ou de ser um observador
externo dos próprios pensamentos, sentimentos, sensações, corpo ou ações (p. ex., alterações
da percepção, senso distorcido do tempo, sensação de irrealidade ou senso de si
mesmo irreal ou ausente, anestesia emocional e/ou física).
2. Desrealização: Experiências de irrealidade ou distanciamento em relação ao ambiente ao
redor (p. ex., indivíduos ou objetos são vivenciados como irreais, oníricos, nebulosos, inertes
ou visualmente distorcidos).
B. Durante as experiências de despersonalização ou desrealização, o teste de realidade permanece
intacto.
C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso,
medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., convulsões).
E. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como esquizofrenia, transtorno
de pânico, transtorno depressivo maior, transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse
pós-traumático ou outro transtorno dissociativo.
fonte : DSM 5
De acordo com o DSM-V, transtornos dissociativos são caracterizados
por perturbação e/ou descontinuidade da integração normal de consciência,
memória, identidade, emoção, percepção, representação corporal, controle motor
e comportamento. Os sintomas dissociativos podem potencialmente perturbar todas
as áreas do funcionamento psicológico e são vivenciados como intrusões
espontâneas na consciência e no comportamento, acompanhadas por perdas de
continuidade na experiência subjetiva (i.e., sintomas dissociativos “positivos",
como fragmentação da identidade, despersonalização e desrealização); e/ou incapacidade
de acessar informações e de controlar funções mentais que normalmente são de
fácil acesso ou controle (i.e., sintomas dissociativos “negativos", como
amnésia). Incluem: transtorno dissociativo de identidade, amnésia dissociativa,
transtorno de despersonalização/desrealização, outro transtorno dissociativo
especificado e transtorno dissociativo não especificado.
O transtorno de
despersonalização/desrealização é caracterizado por despersonalização
(i.e., experiências de irrealidade ou distanciamento da própria mente, de si ou
do corpo) e/ou desrealização (i.e., experiências de irrealidade ou
distanciamento do ambiente ao redor) clinicamente persistente ou recorrente. Essas alterações da
experiência ocorrem sem que haja prejuízo ao teste de realidade. Não há
evidência de nenhuma distinção entre indivíduos com sintomas predominantes de
despersonalização versus desrealização. Portanto, indivíduos com esse
transtorno podem ter despersonalização, desrealização ou ambos.
A amnésia dissociativa é caracterizada por
incapacidade de recordar informações autobiográficas. Esse tipo de amnésia pode
ser localizada (i.e., um evento ou período de tempo), seletiva (i.e., um
aspecto específico de um evento) ou generalizada (i.e., identidade e história
de vida). A amnésia dissociativa é basicamente uma incapacidade de recordar
informações autobiográficas incompatível com o esquecimento normal. Ela pode ou
não envolver viagens intencionais ou perambulação sem rumo (i.e., fuga). Embora
alguns indivíduos com amnésia percebam prontamente que “perderam tempo" ou que
existe uma lacuna em sua memória, a maioria daqueles com transtornos dissociativos
inicialmente não têm consciência de suas amnésias. Para eles, a consciência da
amnésia ocorre apenas quando a identidade pessoal é perdida ou quando
circunstâncias os defrontam com a ausência de informações autobiográficas (p.
ex., quando descobrem evidências de eventos que não conseguem recordar, ou
quando outras pessoas lhes contam ou perguntam a respeito de eventos que eles
não conseguem lembrar). Até e a menos que isso aconteça, esses indivíduos têm “amnésia
de sua amnésia". A amnésia é vivenciada como um aspecto fundamental da amnésia
dissociativa; os indivíduos são acometidos mais comumente por amnésia
localizada ou seletiva, sendo a generalizada um fenômeno raro. A fuga
dissociativa é incomum em pessoas com amnésia dissociativa, porém comum no
transtorno dissociativo de identidade.
O transtorno dissociativo de identidade é caracterizado por presença
de dois ou mais estados distintos de personalidade ou uma experiência de
possessão e episódios recorrentes de amnésia. A fragmentação da identidade pode
variar entre culturas (p. ex., apresentações na forma de possessões) e
circunstâncias. Assim, os indivíduos podem vivenciar descontinuidades na
identidade e na memória que talvez não fiquem imediatamente evidentes aos
outros ou estejam obscurecidas por tentativas de ocultar a disfunção.
Indivíduos com transtorno dissociativo de identidade sofrem intrusões
recorrentes inexplicáveis em seu funcionamento consciente e no senso de
identidade própria (p. ex., vozes; ações e fala dissociadas; pensamentos,
emoções e impulsos intrusivos), alterações do senso de identidade própria (p.
ex., atitudes, preferências, e sentir como se o corpo ou as ações não lhes
pertencessem), mudanças bizarras da percepção (p. ex., despersonalização ou
desrealização, como sentir-se distanciado do próprio corpo enquanto se corta) e
sintomas neurológicos funcionais intermitentes. O estresse, muitas vezes,
produz exacerbação transitória dos sintomas dissociativos, o que os torna mais
evidentes.
A categoria residual de outro transtorno dissociativo
especificado tem sete apresentações descritas: sintomas dissociativos mistos
crônicos ou recorrentes que se aproximam dos, mas não satisfazem os, critérios
diagnósticos de transtorno dissociativo de identidade; estados dissociativos secundários
a lavagem cerebral ou reforma do pensamento; duas apresentações agudas, com
menos de um mês de duração, de sintomas dissociativos mistos, uma das quais
também marcada pela presença de sintomas psicóticos; e três apresentações
dissociativas de um único sintoma – transe dissociativo, estupor ou coma
dissociativo e síndrome de Ganser (dar respostas aproximadas ou vagas).
GABARITO: C