SóProvas


ID
3017611
Banca
NUCEPE
Órgão
Prefeitura de Teresina - PI
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 2

                                        Vista cansada


      [...]

      Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.

      [...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

      Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

      Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

      Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992. 

A crônica lida classifica-se como

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    → lendo o segundo parágrafo já achamos a nossa resposta:

    Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

    → ele nos convida a enxergar de uma maneira diferente aquilo que vivemos diariamente, fazendo assim que reflitamos.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☻

  • Gabarito''A''.

    A crônica reflexiva é aquela cujo autor projeta sua interioridade sobre a realidade que está a sua volta, interpretando-a e registrando-a através de conjecturas, inferências e associações de idéias.

    Estudar é o caminho para o sucesso.

  • Um apanhado sobre os tipos de crônicas:

    Crônica descritiva

    Ocorre quando uma crônica explora a caracterização de seres animados e inanimados em um espaço vivo como uma pintura, precisa como uma fotografia ou dinâmica como um filme publicado.

    Crônica narrativa

    Baseia-se em uma história, o que a aproxima do conto. Pode ser narrado tanto na 1ª quanto na 3ª pessoa do singular. Texto lírico (poético, mesmo em prosa). Comprometido com fatos cotidianos ("banais", comuns).

    Crônica dissertativa

    Opinião explícita, com argumentos mais "sentimentalistas" do que "racionais" (por exemplo, ao invés de se escrever "segundo o IBGE a mortalidade infantil aumenta no Brasil", escreve-se "vejo mais uma vez esses pequenos seres não alimentarem sequer o corpo"). Exposto tanto na 1ª pessoa do singular quanto na do plural.

    Crônica narrativo-descritiva

    É quando uma crônica explora a caracterização de seres, descrevendo-os. E, ao mesmo tempo mostra fatos cotidianos ("banais", comuns) no qual pode ser narrado em 1ª ou na 3ª pessoa do singular. Ela é baseada em acontecimentos diários.

    Crônica humorística

    Deve ter algo que chame a atenção do leitor assim como um pouco de humor. É sempre bom ter poucos personagens e apresentar tempo e espaços reduzidos. A linguagem é próxima do informal. Visão irônica ou cômica de fatos apresentados.

    Crônica lírica

    Apresenta uma linguagem poética e metafórica. Nela, predominam: emoções, os sentimentos (paixão, nostalgia e saudades ), traduzidos numa atitude poética.

    Crônica poética

    Apresenta versos poéticos em forma de crônica, expressando sentimentos e reações de um determinado assunto.

    Crônica jornalística

    Apresentação de notícias ou fatos baseados no cotidiano. Pode ser policial, desportiva, etc...

    Crônica histórica

    Baseada em fatos reais, ou fatos históricos.

    Crônica Reflexiva

    Reflexões filosóficas sobre vários assuntos. Apresenta uma reflexão de alcance mais geral a partir de um fato particular.

    Crônica-ensaio [ensaística]

    O cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder. Emprego de linguagem literária permeada, muitas vezes, de sarcasmo e humor, com intenção explícita de criticar o contexto cultural e correntes de pensamento da sociedade. Seu caráter argumentativo lembra o ensaio.

  • GABA LETRA A,

    VIAJISTICA.

  • Crônica descritiva

    Ocorre quando uma crônica explora a caracterização de seres animados e inanimados em um espaço vivo como uma pintura, precisa como uma fotografia ou dinâmica como um filme publicado.

    Crônica narrativa

    Baseia-se em uma história, o que a aproxima do conto. Pode ser narrado tanto na 1ª quanto na 3ª pessoa do singular. Texto lírico (poético, mesmo em prosa). Comprometido com fatos cotidianos ("banais", comuns).

    Crônica dissertativa

    Opinião explícita, com argumentos mais "sentimentalistas" do que "racionais" (por exemplo, ao invés de se escrever "segundo o IBGE a mortalidade infantil aumenta no Brasil", escreve-se "vejo mais uma vez esses pequenos seres não alimentarem sequer o corpo"). Exposto tanto na 1ª pessoa do singular quanto na do plural.

    Crônica narrativo-descritiva

    É quando uma crônica explora a caracterização de seres, descrevendo-os. E, ao mesmo tempo mostra fatos cotidianos ("banais", comuns) no qual pode ser narrado em 1ª ou na 3ª pessoa do singular. Ela é baseada em acontecimentos diários.

    Crônica humorística

    Deve ter algo que chame a atenção do leitor assim como um pouco de humor. É sempre bom ter poucos personagens e apresentar tempo e espaços reduzidos. A linguagem é próxima do informal. Visão irônica ou cômica de fatos apresentados.

    Crônica lírica

    Apresenta uma linguagem poética e metafórica. Nela, predominam: emoções, os sentimentos (paixão, nostalgia e saudades ), traduzidos numa atitude poética.

    Crônica poética

    Apresenta versos poéticos em forma de crônica, expressando sentimentos e reações de um determinado assunto.

    Crônica jornalística

    Apresentação de notícias ou fatos baseados no cotidiano. Pode ser policial, desportiva, etc...

    Crônica histórica

    Baseada em fatos reais, ou fatos históricos.

    Crônica Reflexiva

    Reflexões filosóficas sobre vários assuntos. Apresenta uma reflexão de alcance mais geral a partir de um fato particular.

    Crônica-ensaio [ensaística]

    O cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder. Emprego de linguagem literária permeada, muitas vezes, de sarcasmo e humor, com intenção explícita de criticar o contexto cultural e correntes de pensamento da sociedade. Seu caráter argumentativo lembra o ensaio.