SóProvas


ID
3017617
Banca
NUCEPE
Órgão
Prefeitura de Teresina - PI
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 2

                                        Vista cansada


      [...]

      Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.

      [...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

      Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

      Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

      Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992. 

Analise os trechos.


I- Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.

II- O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

III- Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.


Quanto às figuras de linguagem presentes nos trechos, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    → I- Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. → temos uma antítese (ideias contrárias) → ver/sem ver (observamos que são ideias de campos opostos, que se contrariam);

    → II- O campo visual da nossa rotina é como um vazio → temos o "como" → conjunção subordinativa comparativa denunciando a comparação entre o campo visual da nossa rotina com um vazio;

    → III- Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer. → temos uma ideia irônica, o termo "descortesia" está em seu sentido oposto do que geralmente traz, como alguém é descortês por morrer?

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☻

  • GABARITO: E

    Antítese: figura de linguagem, a qual expressa ideias opostas.

    Comparação: também chamada de "símile", é muito parecida com a metáfora, porém a partícula de comparação, no caso o "como", aparece de forma explícita.

    Ironia: figura que consiste em dizer justamente o contrário do que se pretende expressar, com o intuito de produzir um efeito satírico, de crítica, ou apenas para promover o humor.

    "Não pare até que tenha terminado aquilo que começou". - Baltasar Gracián.

    Bons estudos!

  • comparação ou símile

    #PartiuPosse!

  • Este item 1 ' Estar parecendo mais com Paradoxo ' do que ' Antítese '

  • Os comentários do Lúcio Weber são top's (ironia) rs

  • Gab: E

    A figura de linguagem da assertiva I é paradoxo, mas se a banca disse antítese é antítese.

    ANTÍTESE caracteriza-se pela associação de palavras ou ideias em oposição.

    Ex.1: O bem e o mal vivem dentro de nós.

    Ex.2: Tenho certeza de que tenho muitas dúvidas.

    PARADOXO Caracteriza-se pela contradição entre as imagens associadas.

    Ex. 1: Diante da miséria social, os cidadãos veem não vendo.

    (QConcurso)

  • III- Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

    aonde está a ironia nessa frase?

    não seria eufemismo ?

    suavizar uma ideia, pois pelo que se entende no item III é que o porteiro morreu.

  • Coisa boa demais, quando voce acessa os comentarios e percebe que entre eles nao existe nenhum do Lúcio Weber.
  • Também discordo que a última seja ironia. Tá mais pra eufenismo.

  • Pelo próprio sentido do texto a pessoa percebe que o eu-lírico ironiza o fato do porteiro ter morrido. Pense bem, como alguém além de morrer ainda é descortês? Irônico, né?

  • III nao é eufemismo???
  • Também achei que fosse eufemismo a última.

  • como sempre essa banca so posta o gabarito que ela acha melhor.

  • Também não concordo com o gabarito.

  • impossível não errar com a banca de feira de domingo

  • Fui de cara na letra A! kkkkkk não deu...

  • a banca foi maliciosa ao colocar FALECEU induzindo ao erro,fazendo a pessoa achar q se trata de eufemismo