- ID
- 3017650
- Banca
- NUCEPE
- Órgão
- Prefeitura de Teresina - PI
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
TEXTO 4
“Redes sociais reduzem noção de vergonha, diálogo e empatia”, diz psicoterapeuta americano
Renata Moura
Da BBC Brasil em Londres
[...]
As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado "efeito desinibição online".
Na visão de Balick [psicoterapeuta, palestrante e autor americano], isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro.
O freio que impede a adoção de certas posturas "na vida real" muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse "efeito", diz ele.
"Esse freio vem da nossa capacidade crítica, ou do que os psicólogos chamam de funcionamento executivo. A função executiva pode ser contornada ou evitada online de diversas formas". A principal que ele cita é o efeito de desinibição online.
[...]
Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo, acentuando a polarização entre os usuários.
"As redes sociais certamente não são desprovidas de empatia, mas em uma escala cultural de massa, elas parecem estar mais inclinadas ao bairrismo e isso acaba reduzindo, em vez de ampliar, o diálogo através de divisões ideológicas".
Essas divisões, observa ele, são cada vez mais aparentes através das redes e ampliadas por elas. Isso ocorre "porque é fácil tomar partido sem se envolver na nuance de um argumento".
"O mundo se divide em bom e mau e a nuance se perde. Em encontros cara a cara isso é mais difícil de manter porque o diálogo atenua o pensamento polarizado simplista ao permitir que vejamos a humanidade no outro", diz.
Isso não significa, porém, que seja impossível encorajar mais pensamentos empáticos nesse meio e os desenvolvedores desses sites teriam papel importante nesse sentido.
[...]
"Eu acho que há a possibilidade de integrar essas mudanças a plataformas que já existem. Tome como exemplo o botão de curtir do Facebook. Por anos ele foi a única opção, mas agora há variações que expressam surpresa, raiva, tristeza etc. É uma pequena mudança, mas ela admite outra camada de complexidade", diz Balick.
Outra adaptação possível, exemplifica ele, seria quando "um valor político" fosse consistentemente apresentado no perfil do usuário o Facebook sugerir algo como "você gostaria de ler sobre uma visão diferente?".
[...]
"Como temos visto, as redes sociais têm sido um pouco boas demais em isolar pessoas em seus
próprios círculos e alimentá-las com notícias (reais e falsas) para reforçar suas posições", diz. "Mas
concessões, compreensão e empatia são cruciais em diversas sociedades e nós precisamos educar nossas
tecnologias rapidamente para lidar com isso", conclui.
Adaptação do texto disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42197265 Acesso em: 15.05.19.