SóProvas


ID
3021733
Banca
IF-SP
Órgão
IF-SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

«Olá, guardador de rebanhos,

Aí à beira da estrada,

Que te diz o vento que passa?»


«Que é vento, e que passa,

E que já passou antes,

E que passará depois.

E a ti o que te diz?»


«Muita coisa mais do que isso,

Fala-me de muitas outras coisas.

De memórias e de saudades

E de coisas que nunca foram.»


«Nunca ouviste passar o vento.

O vento só fala do vento.

O que lhe ouviste foi mentira,

E a mentira está em ti.»

(PESSOA, F. O eu profundo e outros eus: antologia poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980).


“Com efeito, os heterônimos são, pode dizer-se, uma invenção nova na história da poesia europeia, embora no desenvolvimento de uma tendência antiga. Podemos talvez compreendê-la supondo que cada heterônimo corresponde a um ciclo de atitudes como que experimentais. O heterônimo Alberto Caeiro reage em verso prosaicamente livre contra o transcendentalismo saudosista, mostrando que ’o único sentido oculto das coisas / é elas não terem sentido oculto nenhum‘, e contra o farisaísmo, então concorrentemente jacobino e devoto, da poesia compassiva sentimental”.

(SARAIVA, A. J.; LOPES, Ó. História da literatura portuguesa. 26. ed. Porto: Porto Editora, 1996).


O poema de Fernando Pessoa, excerto de O guardador de rebanhos, vincula-se ao heterônimo Alberto Caeiro e estrutura-se em forma de diálogo entre dois sujeitos com percepções distintas sobre o vento. Considerando o trecho citado de Saraiva e Lopes em História da literatura portuguesa, a oposição entre as vozes que realizam o diálogo no texto de Pessoa-Caeiro relaciona-se:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    → ao sentimentalismo transcendental associado ao vento pelo sujeito que interpela o guardador de rebanhos.

    → um sentimentalismo que ultrapassa limites, é transcendente (incomum); o sujeito interpela o vento como um agente que marca o tempo da vida, fazendo uma alusão aos momentos em que vivemos.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☻

  • VERDADE ARTHUR! O TEXTO POÉTICO RETRATA CLARAMENTE O SENTIMENTALISMO TRANSCENDENTAL DO PERSONAGEM QUE QUESTIONA E NOS REMETE AO SENTIMENTO DE SAUDOSISMO, ATRELADO A MUITAS LEMBRANÇAS.