O LOXOSCELISMO (acidente por aranha marrom), tem sido descrito em vários continentes. Corresponde à forma mais grave de araneísmo no Brasil. A maioria dos acidentes notificados se concentra no sul do país, particularmente Paraná e Santa Catarina.
ARANHA MARROM (Loxosceles)
Aranha pouco agressiva, com hábitos noturnos.
Encontra-se em pilhas de tijolos, telhas, beira de barrancos; nas residências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente nas roupas.
Ações do Veneno: o componente mais importante é a enzima esfingomielinase-D que por ação direta ou indireta, atua sobre os constituintes das membranas das células, principalmente do endotélio vascular e hemácias, ativando as cascatas do sistema complemento, da coagulação e das plaquetas, desencadeando intenso processo inflamatório no local da picada, acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose focal. Nas formas mais graves, acredita-se que a ativação desses sistemas leva a hemólise intravascular.
Quadro Clínico: A picada quase sempre é imperceptível e o quadro clínico se apresenta sob duas formas:
Forma Cutânea: 87 a 98% dos casos. Instalação lenta e progressiva. Sintomas: dor, edema endurado e eritema no local da picada. Acentuam-se nas primeiras 24 a 72 horas após o acidente.
Forma Cutâneo-Visceral (hemolítica): 1 a 13% dos casos. Além do comprometimento cutâneo, observam-se manifestações clínicas decorrentes da hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria, que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. Petéquias e equimoses, relacionadas à coagulação intravascular disseminada (CIVD). Casos graves podem evoluir para insuficiência renal aguda, que é a principal causa de óbito no loxoscelismo.
Tratamento:
Tratamento Específico: Soro antiloxoscélico (SALOx) ou Soro Antiaracnídico (SAAr) – Dados experimentais revelaram que eficácia da soroterapia é reduzida após 36 horas da inoculação do veneno. A utilização do antiveneno depende da classificação de gravidade.
Tratamento Geral:
Em relação ao item 2: Os acidentes causados por Loxosceles laeta apresentam maior gravidade, com maior taxa de ocorrência de forma cutânea visceral e maior taxa de letalidade. Além disso, evidências experimentais indicaram diferentes atividades dos venenos de espécies de Loxosceles, sendo que Loxosceles laeta apresentou veneno mais ativo no desencadeamento de hemólise experimental, em relação a Loxosceles gaucho e Loxosceles intermedia.
Fonte: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 42(6):723-726, nov-dez, 2009