SóProvas


ID
3028606
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara de Piracicaba - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

              Com Bernardo, Lenine e Grassi, num sábado de outono, no Inhotim


      “Sabe de uma coisa? Nós vivemos muito pouco”, disse Bernardo. Lenine tocou de leve em seu antebraço, e concordou, emendando com uma história da Dona Terezinha, vizinha de seu sítio no Vale das Videiras, em Petrópolis, onde instalou o seu orquidário. Ela tem uma sapucaia, que produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies. Bateu na sua casa:

      – Dona Terezinha, eu vi que a senhora tem uma sapucaia. A senhora pode me ceder uma muda? Preciso do ouriço para algumas orquídeas.

      – Posso! Mas quem planta sou eu.

      Dona Terezinha colheu a muda, levou, plantou, fez a reza e molhou. Ia embora, ouviu, pelas costas:

      – Dona Terezinha, muito obrigado. Mas quando é que vou poder colher o ouriço?

      Pensou, coçou a cabeça, e... “daqui a uns 60 ou 70 anos, meu filho”.

      Uma longa gargalhada explodiu na mesa. O show do Lenine em Inhotim, neste sábado, trouxe um sopro de vida eterna ao ambiente. A conversa pausada, cheia de casos e histórias, era observada por Grassi com atenção. Inhotim está vivo, cada vez mais vivo, era a mensagem, era o astral no meio daquele paraíso que de perdido não tem nada.

      Lembrando a polêmica sobre a filosofia, Lenine mandou:

      – Aristóteles jogou a toalha. No final da vida, depois de tanta filosofia, escreveu que o mais importante era rir.

      E se o riso precede a felicidade e, com ela, os hormônios da longevidade, viveremos um pouco mais depois deste sábado musical e iluminado de outono, em Inhotim.

      Com a noite chegando, os corações se juntaram naquela mesa. A vegetação nos acolheu, luz e sombra bordando os contrastes, pensamentos voando. Um sombrio Bernardo se revelou. Retirado desde os últimos acontecimentos, vive serenando as reflexões, salvando lembranças. Mas não desiste do sonho:

      – Com o rompimento da barragem, tivemos que reduzir custos. Outro dia descobri que acabaram com o Coral e a Orquestra formada por gente da região. Mandei voltar. Tem coisa que não pode cancelar.

      Bernardo, neste ponto, se afasta da gestão e olha para a transcendência da arte como solução. Não adianta cortar custo de coisas que são para sempre. Música, canto, arte. O Inhotim tem, agora, responsabilidade dobrada: a revitalização de toda uma região devastada pela tragédia.

                   (Afonso Borges. https://blogs.oglobo.globo.com, 28.04.2019. Adaptado)

Na frase – Tem coisa que não pode cancelar. –, o vocábulo destacado é um pronome relativo, retomando o substantivo “coisa”. Assinale a alternativa em que o vocábulo em destaque também exerce função pronominal, retomando um substantivo.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    → Tem coisa que não pode cancelar. → temos um pronome relativo dando início a uma oração subordinada adjetiva restritiva (sem pontuação).

    → Ela tem uma sapucaia, que produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies. → temos o "que" dando início a uma oração subordinada adjetiva explicativa (entre pontuação).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☻

  • Gab: A

    > Basta encontrar o "que" que pode ser substituído por o(s) qual(is)/a(s) qual(is).

    "Ela tem uma sapucaia, a qual produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies."

  • O "que" como Pronome Relativo:

    Neste caso dizemos que é um dêitico, pois serve para recuperar termos que estão citados antes dele, fazendo-lhes referência.

    Exemplo: O livro que você me deu é muito bom!

  • A única alternativa onde o "que" pode ser substituído por o(s) qual(is)/a(s) qual(is) é na letra A. Sendo, portanto, pronome relativo.

    Em todas as demais ele só pode ser substituído por "isso". Ou seja, conjunção integrante.

  • A) (GABARITO)) Ela tem uma sapucaia, que produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies. - A partícula QUE funciona como elemento dêitico/anafórico e referencia o substantivo que o antecede.

    B) Dona Terezinha, eu vi que a senhora tem uma sapucaia. - Quem vê, vê algo. Logo, a partícula QUE no período é conjunção integrante.

    C) Mas quando é que vou poder colher o ouriço? - A partícula QUE juntamente com o "É" funciona como partícula de realce/expletiva. Retire-a e continuará com sentido!

    D) No final da vida, depois de tanta filosofia, escreveu que o mais importante era rir. - Quem escreve, escreve algo. Logo, introduz um objeto direto e é uma conjunção integrante.

    E) Com o rompimento da barragem, tivemos que reduzir custos. - Como o colega mesmo apontou, e eu estou retificando aqui. Temos uma locução prepositiva acidental = Verbo ter/haver + que (=de) + verbo no infinitivo.

  • Pessoal, para quem ainda não tem um conhecimento amplo, capaz de identifcar o erro das alternativas, refiro-me ao pronome QUE, no caso relativo. Se todas as alternativas você conseguir substituir por ISSO, não será essa a correta. Veja, por exemplo, nas alternativas B, C, D e E, em todas, cabe o ISSO. Diferentemente, no caso do letra A, tente colocar o ISSO, não ficará com coerente. Claro, é apenas um macete, quando tiver conhecimento , saberá encontrar o erro, como os demais colegas do QC.

     

    Pessoal, por favor, caso esteja em desacordo, ajude-nos a melhorar. 

  • Perceba o que vem antes do que, se for um verbo, na maioria dos casos, será uma conjunção integrante.

    A. , que . Gabarito

    B. vi que

    C. é que

    D. Escreveu que

    E. tivemos que.

  • O pronome "que" é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por "o qual", "a qual", "os quais", "as quais" quando seu antecedente for um substantivo. Por exemplo:

    O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) 

    A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual) 

    Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais) 

    As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

  • Qual a classificação do QUE da alternativa E?

  • Bruno fagundes ,

    letra E

    que= conjunção integrante, pois podemos substituir a oração por ISSO.

    QUE REDUZIR CUSTOS= Oração subordinada substantiva Objetiva Direta Reduzida de Infinitivo.

  • GABARITO: A

    "Ela tem uma sapucaiaque produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies". -----> Ela tem uma sapucaia... a sapucaia que produz. Este "que" é um pronome relativo, uma vez que ele se relaciona com um termo já citado na oração, qual seja: sapucaia.

    Ademais, sempre que você conseguir trocar o "que" pela palavra "o qual/a qual" sem perder o sentido gramatical, este "que" será pronome relativo. Na frase acima, como podemos perceber, é perfeitamente possível realizar esta troca.

    "Não pare até que tenha terminado aquilo que começou." - Baltasar Gracián.

    -Tu não pode desistir.

  • Pessoal , lembrando que a função do QUE na letra E é de PREPOSIÇÃO.

    TER /HAVER + QUE + VERBO NO INFINITIVO.

    o QUE pode ser trocado pela preposição DE.

    Abraços !

  • substituir o QUE por o(s) qual(is), a(s) qual(is)

  • Essa questão exige que o candidato conheça as orações subordinadas adjetivas e as estruturas comuns deste tipo de oração subordinada. As orações subordinadas adjetivas podem ser divididas em restritivas (sem vírgulas) e explicativas (entre vírgulas). Comumente essas orações vêm encaixadas logo após o sujeito (ou outro substantivo) ao qual elas adjetivam. A diferença entre uma oração adjetiva e um adjetivo está, basicamente, na estrutura oracional. Podemos dizer:

    1- O bolo de chocolate é delicioso;
    2- O bolo que é de chocolate é delicioso.

    No primeiro exemplo, o "de chocolate" (adjunto adnominal) está adicionando uma qualidade ao "bolo": o que ele é. Caso tornássemos essa estrutura em uma oração, com sujeito, verbo e complementos, usaríamos o segundo exemplo. A palavra "que" retoma o termo "bolo", tornando-se assim sujeito da oração "que é de chocolate" (quem é de chocolate? O bolo). Como não há repetição do termo, dizemos que ele está expresso pelo pronome "que". Para esta função, de retomar o termo imediatamente anterior, damos o nome de pronome relativo, ou seja, aquele que se relaciona com o termo anterior. Então, através desse exemplo, descobrimos que essas estruturas desenvolvidas, além de manterem o sentido adjetivo (adjetivam a oração principal) ainda necessitam de um conectivo muito específico: o pronome relativo, aqui tomado pela palavra "que".


    Por isso, de acordo com o enunciado da questão, devemos procurar pelo pronome relativo.


    Tomando essas informações como base, vamos para a análise de cada opção:


    Letra A: CORRETA. Exatamente. Vamos observar as orações: "Ela tem uma sapucaia, que produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies.". Perceba que o pronome que está retomando o nome "uma sapucaia", transformando-o em um sujeito da oração subordinada "que produz um ouriço..". Essa oração inteira adjetiva o termo "a sapucaia". Por isso, essa opção está correta.


    Letra B: INCORRETA. Em "Dona Terezinha, eu vi que a senhora tem uma sapucaia" veja que antes do que existe um verbo. O que, nesse caso, não está no lugar de um termo, muito menos retomando alguma palavra anterior. Aqui a função empregada é de um conectivo, ou seja, ele une o verbo ao seu complemento. O que foi visto? A oração seguinte complementa o sentido do verbo transitivo direto, portanto, criando uma oração subordinada objetiva direta. Nessa opção, a palavra que assume a função de uma conjunção integrante, por isso essa opção está incorreta.


    Letra C: INCORRETA. Novamente temos um verbo antes do que: "Mas quando é que vou poder colher o ouriço?". Lembro que para ser um pronome (como o nome mesmo sugere: pro-nome), o termo retomado precisa ser nominal, um substantivo. Portanto, sabemos que o que, nessa opção, não é pronome relativo. Entretanto, há nesse que uma função pronominal. Ele está no lugar de uma informação não mencionada e que introduz um questionamento. Para essa função dizemos que o que é um pronome interrogativo. Como não há pronome relativo, essa opção está incorreta.


    Letra D: INCORRETA. Novamente, o que assume a função de conectar o verbo ao seu complemento. Veja que o que foi escrito é uma oração inteira, com sujeito, verbo e complemento. No caso, o complemento para o verbo "escrever" é "o mais importante": "No final da vida, depois de tanta filosofia, escreveu que o mais importante era rir.". Nesse caso, por não haver pronome relativo, e sim uma conjunção integrante, a opção está incorreta.


    Letra E: INCORRETA. Nessa opção, o que assume a função de um conectivo, ligando o verbo "tivemos" ao seu complemento essencial.   "– Com o rompimento da barragem, tivemos que reduzir custos". Novamente, o que atua como uma conjunção integrante ligando o verbo a uma outra oração. Perceba que apesar de "reduzir" ser um verbo no infinitivo, não há oração reduzida. A conjunção inicia a oração subordinada, caso ela estivesse ausente, poderíamos imaginar uma possível supressão de termos e chegar à conclusão que  "reduzir custos" seria uma oração reduzida de infinitivo. Entretanto, avaliando a função do que nessa opção, como não há pronome relativo, a opção está incorreta. 

    Gabarito do professor: Letra A.
  • Gabarito: A

    b) conjunção integrante

    c) partícula expletiva (é que)

    d) conjunção integrante

    e) preposição acidental

  • Ela tem uma sapucaia, que  ( a qual) produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies.

    Dona Terezinha, eu vi que ( vi isso) conjunção integrante a senhora tem uma sapucaia.

    Mas quando é que ( Temos uma partícula expletiva) Veja que o '' é que'' pode ser retirado da oração sem prejuízos)  vou poder colher o ouriço?

    No final da vida, depois de tanta filosofia, escreveu que  ( escreveu isso) conjunção integrante o mais importante era rir.

    Com o rompimento da barragem, tivemos que  ( exerce a função de pronome) ''de reduzir'' reduzir custos.