SóProvas


ID
3039571
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Barretos - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                       À nossa volta


      Dois amigos meus desceram no aeroporto de Orly, em Paris. Deixaram as malas no hotel e foram dar uma volta pelo Quartier Latin. Decepcionaram-se com as ruas esburacadas, pedras pelo chão, vidros quebrados, lixo acumulado — nunca tinham visto Paris tão suja e desmazelada. E só foram entender o que estava acontecendo ao ler a manchete de um jornal na banca. Os estudantes estavam em guerra contra o poder. Era maio de 1968.

      Outro amigo, músico e muito, muito alienado, pegou seu carro bem cedo em Copacabana e tocou para a zona norte, onde estava gravando um LP. Lá chegando, encontrou o estúdio fechado. Esperou duas horas, ninguém apareceu e ele foi embora. Estranhou que as lojas do Centro também estivessem fechadas e, ao passar pelo Flamengo, viu o prédio da UNE em chamas. E só ao chegar em casa soube que estava em curso no país um golpe militar. Era 1° de abril de 1964.

      E, em 1956, mais um amigo, também músico, mas amador, passava férias em Diamantina (MG) quando soube que dona Dadainha, senhora baiana muito respeitada na cidade, estava hospedando um irmão que tocava violão dia e noite e nunca saía à rua. O amigo foi procurá-lo. Tocou a campainha e o próprio rapaz abriu a porta. Ao ouvir que o outro igualmente tocava violão, convidou-o a entrar e mostrou-lhe um samba “diferente” que estava criando. Meu amigo gostou, despediu- -se e não voltou a vê-lo. Dois anos depois, escutou no rádio aquele “samba diferente” e reconheceu o violonista e cantor: João Gilberto. O que ele ouvira em Diamantina era a bossa nova, só que antes de ela existir.

      É famosa a passagem de “A Cartuxa de Parma”, de Stendhal, em que o herói se junta a um exército sem saber que está no meio da guerra de Waterloo.

      É o risco que corremos por não ficarmos de olho à nossa volta.

                                                  (Ruy Castro. www.folha.uol.com.br, 25.11.2017)

Ao descrever seu amigo como muito, muito alienado, no segundo parágrafo, o autor dá a entender que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    →  Outro amigo, músico e muito, muito alienado, pegou seu carro bem cedo em Copacabana e tocou para a zona norte, onde estava gravando um LP.

    → era alienado e qual a causa? A AMPLA DIVULGAÇÃO DA DITADURA fez com que ele se alienasse (lendo o contexto, conseguimos chegar à resposta).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • → era alienado e qual a causa? A AMPLA DIVULGAÇÃO DA DITADURA fez com que ele se alienasse (lendo o contexto, conseguimos chegar à resposta).

    Isso não está correto Arthur. O autor do texto se refere ao músico como alienado porque este não sabia que estava ocorrendo um golpe militar, apesar da ampla divulgação.

    "Alienado: [Popular] Que não tem a capacidade de compreender ou de conhecer a realidade que o cerca; alheado".

  • Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:

    Corrigindo o equivoco do colega ao dizer que, na alternativa A, não necessita a primariedade para a colaboração voluntária;