SóProvas


ID
3044554
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

        O poeta, quanto mais individual, mais universal, pois o homem, qualquer que seja o meio e a época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos.

       Se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as digressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando alunos dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: “O que é poesia? Por que se tornou poeta?”. A poesia é destas coisas que a gente faz mas não diz.

      Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras (em vez de associações de ideias, associações de imagens; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna). Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo. Vem logo o trabalho de corte, pois noto o que estava demais. Coisas que pareciam bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema), tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema.

      Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com um cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da criação. Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos dezessete anos.

(Adaptado de: QUINTANA, Mario. “Carta”. Melhores poemas. São Paulo: Global Editora, 2005, edição digital) 

Depreende-se do 3° parágrafo que, quanto ao fazer poético, o autor valoriza a

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    → o autor valoriza que o excesso seja suprimido, que ficasse somente o básico e o essencial:

    Coisas que pareciam bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema), tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Gabarito letra C

    -> Objetivamente: puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico

  • Interpretação do Texto.

  • Gabarito''C''.

    A interpretação do texto é o que podemos concluir 3° parágrafo que, quanto ao fazer poético, o autor valoriza a=> supressão do excesso.

    mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema), tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema.

    Estudar é o caminho para o sucesso.

  • O poeta não expõe ideias, a ideia é consequência direta de coisas que ele acidentalmente vê e ouve. Tudo o que ele soma ao longo de anos ao longo de anos também será suprimido, um filtro reterá apenas a essência.

  • ...até que um dia o releio, já esquecido de tudo. Vem logo o trabalho de corte, POIS O NOTO QUE ESTAVA DEMAIS..., daí o gabarito ser a letra "C".

  • Creio que quando o poeta começa escrever, ele está movido de emoções ( do momento vivido) , imagens ao seu redor, dentre outros fatores externos. Quando ele guarda, rele depois de uns dias, ele consegue enxergar com mais calma aquilo que realmente queria passar, e vai tirando o excesso que ali continha.

  • "Vem logo o trabalho de corte, pois noto o que estava demais. Coisas que pareciam bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema), tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema."

  • A comparação ao cavalo se dá no campo da simplicidade: este é belo, pois não tem nada de mais, nada de menos.

    Dessa forma, valoriza-se a obra poética que elimina supérfluos, excessos.

    Resposta: C