SóProvas


ID
3045238
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto: Pescando na margem do rio


      Era um homem muito velho, que cada manhã acordava certo de que aquela seria a última. E porque seria a última, pegava o caniço, a latinha de iscas, e ia pescar na beira do rio. As poucas pessoas que ainda se ocupavam dele reclamaram, a princípio. Que aquilo era perigoso, que ficava muito só, que poderia ter um mal súbito. Depois, considerando que um mal súbito seria solução para vários problemas, deixaram que fosse, e logo deixaram de reparar quando ia. O velho entrou, assim, na categoria dos ausentes.

      Ausente para os outros, continuava docemente presente para si mesmo.

      Ia ao rio com a alma fresca como a manhã. Demorava um pouco para chegar porque seus passos eram lentos, mas, não tendo pressa alguma, o caminho lhe era só prazer. Não havia nada ali que não conhecesse, as pedras, as poças, as árvores, e até o sapo que saltava na poça e as aves que cantavam nos galhos, tudo lhe era familiar. E, embora a natureza não se curvasse para cumprimentá-lo, sabia-se bem-vindo.

      O dia escorria mais lento que a água. Quando algum peixe tinha a delicadeza de morder o seu anzol, ele o limpava ali mesmo, cuidadoso, e o assava sobre um fogo de gravetos. Quando nenhuma presença esticava a linha do caniço, comia o pão que havia trazido, molhado no rio para não ferir as gengivas desguarnecidas.

      À noite, em casa, ninguém lhe perguntava como havia sido o seu dia.

      Fazia-se mais fraco, porém.

      E chegou a manhã em que, debruçando-se sobre a água antes mesmo de prender a isca na barbela afiada, viu faiscar um brilho novo. Apertou as pálpebras para ver melhor, não era um peixe. Movido pela correnteza, um anzol bem maior do que o seu agitava-se, sem isca. Por mais que se esforçasse, não conseguiu ver a linha, enxergava cada vez menos. Nem havia qualquer pescador por perto.

      O velho não descalçou as sandálias, as pedras da margem eram ásperas.

      Entrou na água devagar, evitando escorregar. Não chegou a perceber o frio, o tempo das percepções havia acabado. Alongou-se na água, mordeu o anzol que havia vindo por ele, e deixou-se levar.

Marina Colasanti. In: Hora de Alimentar Serpentes. São Paulo: Global, 2013. Páginas 363 – 364.

À noite, em casa, ninguém lhe perguntava como havia sido o seu dia.” Na locução adverbial em destaque, como em várias outras, usa-se o sinal grave denotador de crase. Porém, NÃO se deve empregar o acento grave em:

Alternativas
Comentários
  • O uso do acento indicativo de crase antes de verbo no infinitivo é proibido. portanto, temos apenas o uso da preposição.

    GAB. B

  • GABARITO: LETRA B

    → queremos uma alternativa em que a crase não deva ser empregada:

    a) É delicioso deixar-se estar beira do mar, para tranquilamente pescar. → à beira de (locução adverbial de lugar com núcleo feminino, crase obrigatória).

    b) Nascido para pescar, forçado a trabalhar. → forçado a alguma coisa (somente a preposição presente, visto que temos um VERBO, não há artigo definido "a" antes de verbo, logo não haverá crase).

    c) Não basta ir a água com vontade de pescar, é preciso levar o caniço. → ir a algo (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo "água", formando, assim, crase.

    d) Nem tudo o que vem a rede é peixe. → que vem a algo (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo "rede", formando, dessa forma, crase.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! AVANTE NA LUTA!

  • Diante de AÇÃO, crase NÃO!

    Gab. B

  • Gab: B

    > Não há crase diante de verbos;

  • Eu queria só saber se a resposta é A ou B.

  • Nascido para pescar, forçado a trabalhar. ? forçado a alguma coisa (somente a preposição presente, visto que temos um VERBO, não há artigo definido "a" antes de verbo, logo não haverá crase).

    gb b

    pmgo