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ID
3046555
Banca
FCC
Órgão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos


O tempo nos nossos tempos

    O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária. Reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças, fazer segundos parecerem anos-luz ou horas agradáveis passarem com tanta rapidez que mal nos damos conta. Também podemos reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem sentidos de tempo bem distintos. 
    Na sociedade moderna, muitos sentidos distintos de tempo se entrecruzam. Os movimentos cíclicos e repetitivos (do café da manhã e da ida ao trabalho a rituais sazonais como festas populares e aberturas de temporadas esportivas) oferecem sensação de segurança num mundo em que o impulso geral do progresso parece ser sempre para frente e para o alto – na direção do firmamento do desconhecido.
    Quando o sentido do tempo como progresso é ameaçado pela depressão ou pela recessão, pela guerra ou pelo caos social, podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo cíclico como um fenômeno natural a que devemos forçosamente nos adaptar ou recorrer a uma imagem ainda mais forte de alguma propensão universal estável, como contraponto perpétuo do progresso. E, em momentos de desespero ou de exaltação, quem entre nós consegue impedir-se de invocar o tempo do destino, do mito, dos deuses?

(HARVEY, David. Condição pós-moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 1993, p. 187-188) 

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Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    → respondemos com essa parte do primeiro parágrafo: O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. 

    no primeiro parágrafo, que a percepção rotineira que temos do tempo pode ser enganosa, uma vez que ela se estabelece segundo disposições subjetivas (TEMOS COMO CERTO, SENSO COMUM → CONCEPÇÃO SUBJETIVA, FOCADO NO INDIVÍDUO, NA OPINIÃO).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • "reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças, fazer segundos parecerem anos-luz ou horas agradáveis passarem com tanta rapidez que mal nos damos conta. Também podemos reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem sentidos de tempo bem distintos. "

     

    LEtra B

  • #Análise das alternativas com os erros marcados em vermelho:

    A) nos dois últimos parágrafos, que os festejos comemorativos das estações climáticas simbolizam a fé que temos na generosidade do tempo natural.

    Incorreta. Dois erros nessa assertiva. 1) O texto tratou dos festejos sazonais de forma bem ampla, não especificando que se tratam "das estações climáticas", invalidando a alternativa. 2) Além do mais, o intuito do autor em acrescentar alguns "momentos cotidianos" foi o de demonstrar o quanto hábitos cotidianos, e até sazonais, servem para nos deixar mais tranquilos, apesar da volatilidade do tempo, e não essa ideia de generosidade exposta pela letra "a".

    B) no primeiro parágrafo, que a percepção rotineira que temos do tempo pode ser enganosa, uma vez que ela se estabelece segundo disposições subjetivas.

    Correta. É exatamente isso, já que, na tentativa de controlar o tempo, utilizamo-nos de regras/bases sem objetividade nenhuma. Tudo faz parte de um grande ilusão criada pelo ser humano. A justificativa está no enxerto a seguir: "[...]E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva."

    C) no segundo parágrafo, que, apesar da modernidade, prospera uma compreensão do tempo que o torna o avesso de um progresso linear.

    Incorreta. É o contrário, a modernidade está auxiliando nessa ideia deturpada de progressão linear do tempo, conforme trecho a seguir: "[...]sensação de segurança num mundo em que o impulso geral do progresso parece ser sempre para frente e para o alto – na direção do firmamento do desconhecido."

    D) no terceiro parágrafo, que os momentos históricos de depressão ou recessão econômica propiciam maior objetividade na compreensão do tempo.

    Incorreta. O autor, nesses momentos de depressão/recessão, aponta uma possível alternativa, que não garante maior objetividade na compreensão do tempo, conforme trecho a seguir: "[...]podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo cíclico como um fenômeno natural [...]"

    E) nos dois primeiros parágrafos, a ideia essencial de que o tempo é um fenômeno simples e natural, apesar de nossas percepções em contrário.

    Incorreta. É exatamente o inverso disso. A ideia essencial é de que o tempo é um fenômeno complexo, contudo o ser humano pensa que o tempo é um fenômeno simples e natural, o qual é passível de controle.

    Gabarito: item "B"

    Espero humildemente ter ajudado. :D

  • Mais alguém identificou extrapolação no trecho que diz "segundo disposições subjetivas"?