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ID
3046558
Banca
FCC
Órgão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos


O tempo nos nossos tempos

    O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária. Reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças, fazer segundos parecerem anos-luz ou horas agradáveis passarem com tanta rapidez que mal nos damos conta. Também podemos reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem sentidos de tempo bem distintos. 
    Na sociedade moderna, muitos sentidos distintos de tempo se entrecruzam. Os movimentos cíclicos e repetitivos (do café da manhã e da ida ao trabalho a rituais sazonais como festas populares e aberturas de temporadas esportivas) oferecem sensação de segurança num mundo em que o impulso geral do progresso parece ser sempre para frente e para o alto – na direção do firmamento do desconhecido.
    Quando o sentido do tempo como progresso é ameaçado pela depressão ou pela recessão, pela guerra ou pelo caos social, podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo cíclico como um fenômeno natural a que devemos forçosamente nos adaptar ou recorrer a uma imagem ainda mais forte de alguma propensão universal estável, como contraponto perpétuo do progresso. E, em momentos de desespero ou de exaltação, quem entre nós consegue impedir-se de invocar o tempo do destino, do mito, dos deuses?

(HARVEY, David. Condição pós-moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 1993, p. 187-188) 

Em relação ao sentido do tempo, deve-se notar que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    → DE ACORDO COM O TEXTO: Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária. 

    → RESPOSTA: conceitua-se na física o tempo como um fenômeno complexo, haja vista as perspectivas em disputa. → observa-se um valor sinonímico entre as relações da resposta e do texto.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Ter um conceito difícil ou complexo não é a mesma coisa de dizer que o conceito é esse para o tempo. Uma coisa é dizer “é difícil conceituar o tempo”, outra coisa é “o tempo é conceituado como um fenômeno difícil (ou complexo)”. O texto se limitou a dizer que é difícil conceituar o tempo na física, mas em momento algum deu um conceito na física (físico). Enfim, mas quem sou eu na fila do pão.

  • Que viagem!! Gostaria de saber quais as drogas que o examinar anda usando, quero tomar antes da prova...

  • Gab.: Alternativa E

    Questão que vc tem que marcar a MENOS ERRADA. Aff

    Eu até encontrei COMPLEXO como sinônimo de DIFÍCIL. Agora a segunda parte da alternativa que diz "...haja vista as perspectivas em disputa" não faz sentido.

    Vejam: Haja vista significa "por causa de", "devido a", "uma vez que", "visto que", "já que", "porque", "tendo em vista" NÃO TEM COMO CONCLUIR que o "conceito de física como um fenômeno complexo" é por causa de "perspectivas em disputa"

    Se alguém discorda, pfv me manda uma msgm explicando. Vlw!

  • Complementando o comentário do colega Jaobe, analisando mais detidamente o texto observamos uma conjunção ADITIVA e não relação de causa e consequência: "Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas [...]" razão pela qual acho que a FCC viajou nesse gabarito.

  • Um curto adendo: anos-luz é medida de distância e não de tempo como o texto aduz em "fazer segundos parecerem anos-luz ou horas agradáveis".

  • #Análise das assertivas com os erros marcados em vermelho:

    A) se abandonou, modernamente, a visão antiga pela qual se atribuía ao tempo o poder mítico de consolar-nos de nossas dores.

    Incorreta. Extrapolação da banca. Não há no texto inferências acerca do poder mítico do tempo e sua capacidade de consolar nossas dores.

    B) prevalece o senso comum de que o tempo é cíclico e relativo, não cabendo arbitrar nada de decisivo em relação a ele.

    Incorreta. Pelo contrário, uma vez que tentamos arbitrar tudo com relação ao tempo, de forma a tentar controlá-lo. A justificativa está no enxerto a seguir: "[...]Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva."

    C) persiste, do início da história humana aos nossos dias, a ideia de que a passagem do tempo oferece em si mesma uma sensação de segurança.

    Incorreta. Não é a passagem do tempo em si que nos oferece uma sensação de segurança, mas os movimentos cíclicos da rotina diária, inseridos dentro do transcorrer do tempo. Ou seja, a causa da sensação de segurança é a previsibilidade dos acontecimentos, que parecem ter movimentos cíclicos e "previsíveis" e não somente a estrita passagem do tempo. A justificativa encontra-se no trecho a seguir: "[...]Os movimentos cíclicos e repetitivos (do café da manhã e da ida ao trabalho a rituais sazonais como festas populares e aberturas de temporadas esportivas) oferecem sensação de segurança"

    D) se atribui aos eventos ritualísticos a propriedade de negar o sentido do tempo como movimento cíclico ou repetitivo.

    Incorreta. Extrapolação da banca. Não consigo identificar referências plausíveis de "eventos ritualísticos" no texto.

    E) conceitua-se na física o tempo como um fenômeno complexo, haja vista as perspectivas em disputa.

    Correta. Infelizmente esse é o gabarito correto (errei na 1ª vez que resolvi essa questão), apesar do texto não conter um trecho específico que valide diretamente a assertiva. Acredito eu, que a maior dúvida é a respeito do trecho - "haja vista as perspectivas em disputa", mas o pior é que há duas perspectivas em disputa, uma vez que o texto se baseia em duas teses centrais (eu até considero um paradoxo):

    1) O fato de raramente discutirmos o sentido do tempo

    2) Mas, damos ao tempo o sentido de certo (pelo senso comum)

    A justificativa está no trecho grifado logo abaixo:

    E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária.

    Gabarito: item "E"

    Espero humildemente ter ajudado. :D

  • A fcc cada vez mais louca!