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ID
3046567
Banca
FCC
Órgão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos


O tempo nos nossos tempos

    O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária. Reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças, fazer segundos parecerem anos-luz ou horas agradáveis passarem com tanta rapidez que mal nos damos conta. Também podemos reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem sentidos de tempo bem distintos. 
    Na sociedade moderna, muitos sentidos distintos de tempo se entrecruzam. Os movimentos cíclicos e repetitivos (do café da manhã e da ida ao trabalho a rituais sazonais como festas populares e aberturas de temporadas esportivas) oferecem sensação de segurança num mundo em que o impulso geral do progresso parece ser sempre para frente e para o alto – na direção do firmamento do desconhecido.
    Quando o sentido do tempo como progresso é ameaçado pela depressão ou pela recessão, pela guerra ou pelo caos social, podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo cíclico como um fenômeno natural a que devemos forçosamente nos adaptar ou recorrer a uma imagem ainda mais forte de alguma propensão universal estável, como contraponto perpétuo do progresso. E, em momentos de desespero ou de exaltação, quem entre nós consegue impedir-se de invocar o tempo do destino, do mito, dos deuses?

(HARVEY, David. Condição pós-moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 1993, p. 187-188) 

Ao caracterizar o que chama de nosso sentido comum do tempo (1° parágrafo), o autor faz ver que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    → Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. → É objetiva e nos permite registrar adequadamente para efetivarmos a nossa rotina diária.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva = sentido comum do tempo

    (...) no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária

  • #Análise das alternativas com as inconsistências marcadas em negrito:

    A) as percepções que experimentamos no tempo da rotina tornam-se uniformes por causa das divisões mecânicas a que o submetemos modernamente.

    Incorreta. O autor nega veemente o exposto na assertiva, uma vez que, apesar das divisões mecânicas que fazemos, ainda temos que reconhecer as falhas desse processo, conforme enxerto a seguir: "[...]Reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças,[...]"

    B) o modo habitual como entendemos o tempo da rotina impede-nos de reconhecer as ilusórias percepções que advêm dessa compreensão.

    Incorreta. Mesma ideia da assertiva anterior e a justifica também é a mesma, consoante trecho a seguir: "[...]Reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças,[...]"

    C) os vários sentidos que a física reconhece como atributos do tempo são determinantes para que compreendamos a sucessão da rotina.

    Incorreta. É exatamente o contrário. Mesmo com a física reconhecendo a complexidade de definição ou denominação do tempo, nós, seres humanos, perseveramos em dar um sentido comum ao tempo, ou seja, a física não é determinante para a nossa percepção comum de tempo. A justificativa encontra-se no enxerto a seguir: "[...]Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária."

    D) a escala temporal que nos permite dividir o tempo em unidades convencionais é decisiva na organização da nossa rotina cotidiana.

    Correta. É exatamente isso, uma vez que dividimos, até demasiadamente, o tempo, em horas, minutos e segundos e isso é preponderante para que possamos organizar nossa vida diária de forma mais objetiva, renegando à ideia tão complexa que é o sentido, ou melhor, os sentidos do tempo. O embasamento está no enxerto a seguir: "[...]E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva."

    E) a rotina dentro da qual vivemos a nossa divisão do tempo impede em definitivo que reconheçamos as rotinas de outros grupos socais.

    Incorreta. É contrário, reconhecemos sim a rotina dos outros grupos sociais, conforme trecho a seguir: "[...]Também podemos reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem sentidos de tempo bem distintos."

    Gabarito: item "D"

    Espero humildemente ter ajudado. :D

  • O tempo nos nossos tempos

        O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos (Quem registra? Nós, seres humanos. Registramos o quê? a passagem do tempo...) a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo (para descobrir o que é o tal de "sentido comum de tempo" precisamos retornar o texto para encontrar a informação e por fim matar a questão), em torno do qual organizamos nossa rotina diária.

    Com isso a alternativa "D" é a única que respalda a pergunta da banca, as demais alternativas não podem ser consideradas como sentido comum do tempo, de acordo com o texto.