SóProvas


ID
3057928
Banca
UPENET/IAUPE
Órgão
Prefeitura de Petrolina - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português

TEXTO 1

O "cidadão de bem", os Direitos Humanos e a opinião pública

É comum que a opinião pública adote, conforme o quadro social, determinados posicionamentos que predominam nos populares. Trata-se de uma uniformização de discursos, um consenso entre a maioria dos cidadãos sobre certo assunto. É evidente que o discurso não é sempre correto. O número de pessoas que fala a mesma coisa não é capaz de alterar o mundo dos fatos. Em outras palavras, quantidade não é qualidade.

No entanto, desde os primórdios, a intelectualidade gosta de nadar contra a maré. Dizer o contrário do que a maioria da população diz e acredita já deu causa a diversas descobertas, hoje consensos: antes de Galileu Galilei, a opinião pública acreditava que a Terra era plana; antes de Copérnico, era a Terra o centro do Universo. Isso não significa,todavia, que adotar posições antagônicas à opinião pública o tornará um descobridor, um visionário. Há muitas coisas em que a opinião pública está correta. [...]

Cada dia mais há publicações irônicas acerca do chamado "cidadão de bem", questionando a diferenciação desse com relação ao marginal. Há muito tempo o conceito de criminoso nato foi abandonado. Não há traços físicos de pessoas tendentes ao cometimento de delitos. Ademais, qualquer indivíduo está sujeito ao cometimento de práticas delituosas, uma vez que os dispositivos penais nem sempre refletem o sentimento coletivo ou mesmo individual do que é, de fato, uma grave transgressão.

Não se pode desconsiderar, todavia, que a prática criminosa reiterada deriva de desvios de conduta decorrentes de uma formação moral frágil, ou da simples ausência dela. Em uma sociedade, há quem não tenha coragem de subtrair um alfinete, enquanto outros estão dispostos a matar se for preciso ("necessidade" essa não tão latente quanto possa parecer).

João trabalha há 30 anos em uma empresa de vigilância. Exerce uma carga horária de 8 horas, de segunda a sexta-feira, com uma remuneração um pouco superior a 1 salário mínimo e meio. Já foi assaltado 12 vezes e teve um filho morto em um assalto a mão armada. Pedro, por sua vez, não exerce função remunerada regular. Tem extensa ficha criminal, sobrevive com pequenos bicos e roubos a mão armada. Um deles sai à noite do trabalho temendo os altos índices de violência na cidade em que mora; o outro, é grande colaborador para os índices apontados. É fácil perceber que a arma nas mãos de um deles seria um exclusivo meio de defesa, para o outro, um objeto para práticas delituosas.

O disposto a cometer crimes, provavelmente, não se importará de transgredir outra lei penal: adquirirá ilegalmente uma arma também. Mas quem gostaria de tê-la como meio de defesa respeita as normas impostas pelo Estado e fica à mercê da criminalidade e da ineficaz segurança pública. Entre João e Pedro não é difícil visualizar qual é considerado "cidadão de bem" e qual não é.

Se a opinião pública encabeça, atualmente, um movimento cada vez mais punitivista, é porque se cansou de ficar à deriva, entre um Estado que não o protege (e não o deixa se defender) e uma criminalidade que cresce de forma exponencial. Ainda assim, toda vez que João liga a televisão, ouve ONGs de Direitos Humanos afirmando que os presídios estão superlotados; que é preciso desencarcerar; que os apenados sofrem com a opressão do Estado; que prisão não resolve, porque não cumpre sua finalidade ressocializadora.

É evidente que o indivíduo vê-se exausto de "ver prosperar a desonra, de ver crescer a injustiça" e demoniza os Direitos Humanos. Não que os Direitos Humanos em si sejam algo negativo, mas as instituições que os representam atualmente têm deturpado as suas finalidades. Há que se reconhecer o benefício histórico do movimento, sobretudo quando, em tempos sombrios, o Estado se excedia em face do indivíduo. Mas é preciso ponderação.

Os indivíduos devem deixar de transgredir por princípios morais, mas também por temer as consequências de seus atos. Se a educação não resolveu, o desvio precisa ser coibido. É preciso prevenção, mas também repressão. Por isso,a teoria não pode, jamais, desconsiderar a prática. Atacar a opinião pública sem analisar a sua perspectiva é injusto com quem é compelido a seguir os padrões morais e legais impostos pela vida em sociedade. E talvez o "cidadão debem" não esteja tão errado assim...

Hyago de Souza Otto. Disponível em: https://hyagootto.jusbrasil.com.br/artigos/421032742/o-cidadao-de-bem-os-direitos-humanos-e-a-opiniao-publica?ref=topic_feed. Acesso em: 29/01/2019. Adaptado.

Acerca dos processos de coordenação e subordinação, analise as proposições a seguir.

1. No trecho: “É evidente que o discurso não é sempre correto.”, uma oração subordinada desempenha a função de sujeito da expressão “é evidente”, introdutora do enunciado.
2. No trecho: “antes de Galileu Galilei, a opinião pública acreditava que a Terra era plana;”, o complemento da forma verbal destacada está organizado na forma de uma oração subordinada.
3. A oração coordenada colocada no final do trecho: “Há que se reconhecer o benefício histórico do movimento, sobretudo quando, em tempos sombrios, o Estado se excedia em face do indivíduo. Mas é preciso ponderação.” realça a oposição que o autor pretende estabelecer entre as ideias apresentadas.
4. No trecho: “Se a educação não resolveu, o desvio precisa ser coibido.”, o autor emprega a coordenação para interligar as duas orações que compõem o enunciado.

Estão CORRETAS:

Alternativas
Comentários
  • Na alternativa 4 a conjunção SE introduz uma oração subordinada adverbial condicional e não coordenada como diz o enunciado, portanto está errado.

    GABARITO. A

  • GABARITO: LETRA A

    1. No trecho: “É evidente que o discurso não é sempre correto.”, uma oração subordinada desempenha a função de sujeito da expressão “é evidente”, introdutora do enunciado. → temos em destaque uma oração subordinada subjetiva, com função sintática de sujeito: o quê é evidente? Que o discurso não é sempre correto → ISSO, "que" é uma conjunção integrante.

    2. No trecho: “antes de Galileu Galilei, a opinião pública acreditava que a Terra era plana;”, o complemento da forma verbal destacada está organizado na forma de uma oração subordinada. → correto, temos em destaque uma oração subordinada substantiva objetiva indireta (quem acredita, acredita EM algo), e onde está a preposição? A preposição, segundo alguns estudiosos como Bechara, Cegalla, Luft, pode vir elíptica (subentendida), dessa forma, não sendo obrigatório usá-la: acredita em que a Terra era plana.

    3. A oração coordenada colocada no final do trecho: “Há que se reconhecer o benefício histórico do movimento, sobretudo quando, em tempos sombrios, o Estado se excedia em face do indivíduo. Mas é preciso ponderação.” realça a oposição que o autor pretende estabelecer entre as ideias apresentadas. → correto, temos a conjunção coordenativa adversativa que está expressando uma matiz semântica de oposição, contraposição, adversidade.

    4. No trecho: “Se a educação não resolveu, o desvio precisa ser coibido.”, o autor emprega a coordenação para interligar as duas orações que compõem o enunciado. → incorreto, visto que temos um período formada por subordinação, marcado pela conjunção subordinativa condicional "se".

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • 1 - Correto - é sujeito

    2- Correto - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta exercendo função de CN.

    3 - Correto - Conjunção Mas - ideia de oposição

    4 - Errado SE é uma conjunção condicional

  • a conjunção mas pode expressar : oposição, ressalva e em alguns contextos também a adição. no 3º excerto, a semântica é de ressalva e nao meramente oposição como afirma a questão. na dúvida, marque a menos errada.

  • Sabendo que a alternativa 4 se refere a uma subordinação condicional e não a uma coordenação, dá para eliminar 4 alternativas sobrando a letra A que é o gabarito.

  • Gabarito : A

    A Alternativa 4, é uma Subordinada Condicional .

    Bons Estudos !!!

  • Carambola. .. Não e uma questão e sim 4 .0

  • Nossa, deu até um orgulho de mim por acertar essa questão. kkk

  • Gabarito: A

    Alternativa 4 é uma Subordinada Condicional.

  • Para mim, na III ele não faz introdução a uma ideia de oposição, mas sim ressalva.

  • Acertei, mas fiquei com um pouco de dúvida na quarta proposição.

  • Alguém sabe me informar qual o erro da 4?

  • Na afirmativa IV, o período é composto por oração subordinada, e não coordenada, como diz a questão

  • A última (4) está incorreta porque é uma Oração Subordinada Adverbial Condicional, uma oração depende da outra, não podem ser coordenadas.

  • A oração 4 é uma oração adverbial causal.

    Há nesse período uma relação de causa e efeito, com verbos no passado.

    " JA QUE (SE) a educação não resolveu, o desvio precisa ser coibido."

    Orações subordinadas condicionais geralmente apresentam verbo no modo subjuntivo, com um evento hipotético que precisa ocorrer para que outro evento, ou efeito, ocorra.

  • Na 4 o autor não liga as orações por coordenação, e sim por subordinação através da conjunção SE.

  • questão 4: oração subordinada condicional. (uma condição depende da outra)