"A partir da análise de crianças, Klein introduziu a ideia de que as relações do bebê com seus objetos (figuras externas e suas representações internas) existiriam desde o nascimento e constituiriam a base da vida mental. É, de fato, uma teoria em que não existe vida mental fora da relação com o outro. A mente é descrita como um palco povoado de personagens que se relacionam entre si e são coloridos e construídos a partir do jogo de projeção e introjeção que ocorre desde o início da vida. Quando nasce, o bebê interpreta a realidade externa a partir da projeção de seus impulsos amorosos e agressivos sobre as figuras importantes. Ou seja, o cuidador é percebido como possuidor de parte desses impulsos (que são originalmente do bebê), e a mistura dessa percepção com a reação “real” do objeto externo (cuidador) é internalizada como uma representação daquele objeto no mundo interno. A partir disso, as percepções subsequentes serão baseadas na projeção dessa representação sobre os objetos externos, serão modificadas por eles, reintrojetadas como novas representações e/ou como modificações da representação original e, assim, sucessivamente. Os objetos do mundo interno, por projeção, dão significado à realidade externa. As pulsões de vida e de morte (de amor e de agressão) estão misturadas e se ordenam em torno das relações de objeto, com as fantasias e angústias associadas a elas." (Cardiolli, 2008, p.154)
É central em sua obra as relações de objeto, internos ou externos, como determinantes fundamentais da personalidade, bem como o papel da fantasia inconsciente.
"Klein introduziu outro conceito de importante relevância para a psicanálise: a noção de posição depressiva e esquizo-paranoide. O funcionamento da mente de todos os indivíduos oscila entre esses dois estados. Na posição esquizo-paranoide, preponderante nos primeiros três meses de vida, os objetos (distorcidos e fantasiados) são percebidos como exclusivamente bons ou exclusivamente maus. Esse processo ocorre por meio de um mecanismo de defesa chamado cisão e tem a finalidade de proteger os bons objetos (idealizados e continentes dos impulsos amorosos) e o self da agressividade (projetada) dos maus objetos (vividos como persecutórios). É uma manifestação da divisão entre seio bom e seio mau: representações da gratificação e da frustração das necessidades do ego. Na posição depressiva, tanto os objetos internos quanto externos estão mais integrados (contendo seus aspectos bons e maus), e, portanto, mais próximos da realidade. A posição depressiva seria o resultado da percepção dessa integração, em oposição à idealização e à onipotência (quando a cisão diz respeito ao self)". Cardiolli, 2008, p.154)
CARDIOLLI, A.V. (org.) Psicoterapias: Abordagens Atuais. 3ª Ed. Porto Alegre : Artmed, 2008.
Gabarito: Letra D