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ID
3064033
Banca
UFMG
Órgão
UFMG
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                              Texto 1

               Universidades públicas respondem por mais de 95% da produção científica do Brasil 

   Quem minimamente acompanha a questão da produção científica no Brasil e do financiamento da pesquisa em ciência, tecnologia e inovação sabe que, ao lado da meta tão longamente sonhada da aplicação de 2% do PIB no setor, um bom equilíbrio entre investimentos públicos e privados nessas atividades constitui o segundo grande objeto de desejo de boa parte dos estrategistas e gestores da área – além, é claro, da parcela da comunidade científica nacional bem antenada com as políticas de CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação).Isso se apresentou desde a redemocratização do país, na segunda metade dos anos 1980.

   O espelho em que todos miravam era obviamente o das nações mais desenvolvidas. O pensamento que então se espraiava, muito distante de recentíssimas tentações obscurantistas, era o de que o desenvolvimento científico e tecnológico constituía condição sine qua non para um verdadeiro desenvolvimento socioeconômico e para a implantação de uma sociedade mais justa.

   Na época, o Brasil andava ali pela casa de pouco mais de 0,7% do PIB em investimentos totais em ciência e tecnologia e a participação do setor privado, nesse bolo, mal ultrapassava a marca de 20%. De lá para cá, o país fez uma reviravolta nesses números, avançou muito, e pode-se mesmo dizer que cresceu espetacularmente, quando a métrica é o volume de artigos científicos indexados em bases de dados internacionais, um indicador mundialmente consagrado. Essa produção científica praticamente dobrou do começo para o fim da primeira década do século XXI. E continuou sua ascensão consistente. A expansão notável de produção científica foi baseada na capacidade das universidades públicas brasileiras de produzir ciência. Mais de 95% dessa produção científica do Brasil nas bases internacionais deve-se à capacidade de pesquisa de suas universidades públicas.

    O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, físico, professor da UFRJ, pesquisador dos mais respeitados por seus brilhantes trabalhos em emaranhamento quântico, relata que, “de acordo com recente publicação feita por Clarivate Analytics a pedido da CAPES, o Brasil, no período de 2011-2016, publicou mais de 250.000 artigos na base de dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, correspondendo à 13ª posição na produção científica global (mais de 190 países)”. As áreas de maior impacto, prossegue, “correspondem a agricultura, medicina e saúde, física e ciência espacial, psiquiatria, e odontologia, entre outras”.

   Davidovich ressalta que “todos os estados brasileiros estão representados” nessa produção, “o que mostra uma evolução em relação a períodos anteriores e o papel preponderante desempenhado pelas universidades públicas que estão presentes em todos os estados”.Outro ponto fundamental de sua fala: “Mais de 95% das publicações referem-se às universidades públicas, federais e estaduais. O artigo lista as 20 universidades que mais publicam (5 estaduais e 15 federais), das quais 5 estão na região Sul, 11, na região Sudeste, 2, na região Nordeste e 2, na Centro-Oeste”.

 Essas publicações, destaca o presidente da ABC, “estão associadas a pesquisas que beneficiam a população brasileira e contribuem para a riqueza nacional. Graças a essas pesquisas, o petróleo do pré-sal representa atualmente mais de 50% do petróleo produzido no país, a agricultura brasileira sofisticou-se e aumentou sua produtividade, epidemias, como a do vírus da zika, são enfrentadas por grupos científicos de grande qualidade, novos fármacos são produzidos, alternativas energéticas são propostas, novos materiais são desenvolvidos e empresas brasileiras obtêm protagonismo internacional em diversas áreas de alto conteúdo tecnológico, como cosméticos, compressores e equipamentos elétricos”.

(MOURA, Mariluce. Universidades públicas respondem por mais de 95% da produção científica do Brasil. Ciência na Rua, 11 abr. 2019. http://ciencianarua.net/universidades-publicas-respondem-por-mais-de-95-da-producao-cientifica-do-brasil/. Acesso em 09 mai. 2019. Adaptado)

Em relação ao uso da crase, assinale a alternativa que apresenta a análise CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    A) No trecho “Quem minimamente acompanha a questão da produção científica no Brasil e do financiamento da pesquisa em ciência, tecnologia e inovação [...]”, em “a questão” não se usa a crase, porque a palavra feminina não é determinada pelo artigo definido feminino, uma vez que serve como complemento de um verbo transitivo. → acompanha alguma coisa; temos somente o artigo definido "a", o verbo não exigiu a preposição por isso não se formou a crase.

    B) No trecho “Mais de 95% dessa produção científica do Brasil nas bases internacionais deve-se, assim, à capacidade de pesquisa de suas universidades públicas.”, em “à capacidade de pesquisa” usa-se a crase, porque a palavra feminina determinada pelo artigo definido “a” é antecedida por um termo que lhe acrescenta uma circunstância, além de estar subordinada a um termo que exige a preposição “a”. → não tem nada haver com termo que determinou circunstância, foi devido ao verbo, deve-se a alguma coisa (preposição), mais o artigo definido que acompanha o substantivo "capacidade": formando a crase.

    C) No trecho “Mais de 95% das publicações referem-se às universidades públicas, federais e estaduais. [...]”, em “às universidades públicas” usa-se a crase, porque a palavra feminina está no plural e é determinada por um artigo definido feminino no plural, além de ser usada em sentido geral e indeterminado. → o artigo "a" é um artigo que determina e especifica, logo não é sentido geral.

    D) No trecho “[...] o Brasil, no período de 2011-2016, publicou mais de 250.000 artigos [...], correspondendo à 13ª posição na produção científica global”, em “à 13ª posição” usa-se a crase, porque a palavra feminina, determinada pelo artigo definido “a”, é precedida por um numeral ordinal, com que forma uma expressão que está subordinada a um termo que exige a preposição “a”. → temos a nossa resposta, é somente substituir pela frase modelo para: A _____ estava bonita: A 13ª posição estava bonita (temos o artigo, ou seja o numeral está determinado pelo substantivo "posição"), + a preposição exigida pelo verbo "correspondendo": a algo, formando assim a crase.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Espero nunca fazer uma prova com o ☠️ Arthur Carvalho. Todas as questões que eu faço têm um comentário dele, kkkkk. Se loco.

  • Interessante o texto citar a nossa produção científica, mas não o impacto mundial. A realidade é que quantidade nunca foi sinal de qualidade. Pesquisamos muito e mal. 250 mil artigos com impacto de menos de 1% à pesquisa mundial.

  • Pensei que número ordinal não aceitasse crase.

  • Não sei como a banca teve a coragem de apresentar essa questão como certa!