SóProvas


ID
3076957
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Queremos a infância para nós


      O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica.

      Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas, calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço que trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem, etc.

      Se olharmos as adultas, vestidas com o mesmo tipo de roupa das meninas descritas acima, vemos também brinquedos, carregados como enfeites ou amuletos: nos chaveiros, nas bolsas, nos telefones celulares, nos carros. Isso sem falar nas mesas de trabalho, enfeitadas com ícones do mundo infantil.

      Criança pequena adora ter amigo imaginário, mas essa maravilhosa possibilidade tem sido destruída, pouco a pouco, pelo massacre da realidade do mundo adulto, que tem colaborado muito para desfazer a fantasia e o faz-de-conta. Mas os legítimos representantes desse mundo, por sua vez, não hesitam em ter o seu. Ultimamente, ele tem sido comum e ganhou o nome de deus. Não me refiro ao Deus das religiões e alvo da fé. A ideia de deus foi privatizada, e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança, mesmo sem professar religião nenhuma.

      O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente, a quem chamam nos momentos de estresse, a quem recorrem sempre que enfrentam dificuldades, precisam tomar uma decisão ou anseiam por algo e, principalmente, para contornar a solidão. Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?

      E o que dizer, então, das brincadeiras infantis que muitos adultos são obrigados a enfrentar quando fazem cursos, frequentam seminários ou assistem a aulas? É um tal de assoprar bexigas, abraçar quem está ao lado, acender fósforo para expressar uma ideia, carregar uma pedra para ter a palavra no grupo, escolher um bicho como imagem de identificação, usar canetas coloridas para fazer trabalhos, etc.

      Mas, se existe uma manifestação comum a crianças e adultos para expressar alegria, contentamento, comemoração e afins, ela tem sido o grito. Que as crianças gritem porque ainda não descobriram outras maneiras de expressar emoções, dá para entender. Aliás, é bom lembrar que os educadores não têm colaborado para que elas aprendam a desenvolver outros tipos de expressão. Mas os adultos gritarem desesperada e estridentemente para manifestar emoção é constrangedor. Com tamanha confusão, fica a impressão de que roubamos a infância das crianças porque a queremos para nós, não?

            SAYÃO, Rosely. “As melhores crônicas do Brasil”. In cronicasbrasil.blogspot.com. 

No fragmento “e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança” (4º §) o acento indicativo da crase foi empregado corretamente, embora o emprego do acento, nesse contexto, seja facultativo. Da mesma forma, é contexto de emprego facultativo do acento indicativo da crase o seguinte:

Alternativas
Comentários
  • Gab - B

    Crase facultativa: ATÉ SUA MARIA

    ATÉ = depois da preposição "até"

    SUA = antes de pronome possessivo feminino no singular

    MARIA = antes de substantivo próprio feminino

  • crase depois do até > até pode

    crase antes de suas > obrigatório

    crase antes de sua > facultativo

  • GABARITO: LETRA B

    A) Dar asas às suas investidas no mundo infantil era comum àquela jovem. → dar algo a alguma coisa (temos um VTDI, complemento sem preposição e um preposicionado), o artigo definido "as" já está presente, logo a crase é de uso obrigatório ("a" preposição + "as" artigo definido= às).

    B) Ir até à prática de imitar crianças brincando seria totalmente ridículo. → ir até algum lugar OU ir até a algum lugar (uso da preposição é facultativo), logo a crase é facultativa.

    C) O adulto imitando criança assemelha-se às idosas tentando ser meninas. → assemelha-se a alguma coisa (preposição) + artigo definido "as"= às.

    D) A educadora referia-se à prática de imitar crianças. → referia-se a alguma coisa (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo "prática"= à prática.

    E) O problema trouxe à tona a lembrança de situações embaraçosas. → locução adverbial de lugar com núcleo feminino, crase é obrigatória.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Só para fins de aprendizado:

    Nem sempre a crase diante de SUA é facultativa..

    perceba que se na troca por uma palavra masculina o AO aparece = o uso é obrigatório.

    Também no caso em que há uma substituição a um pronome oculto.

    Referi-me a minha casa, não à sua.

    Equívocos? Dúvidas? Mande msg.

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • Crases facultativas:

    1> Antes de nome próprio feminino

    2> Antes de pronome possessivo no singular > sua, minha, nossa.

    3> Depois da preposição Até.

    PM/BA 2019

  • Até á posse DILMA; ESQUEMA ESTÚDIO AULAS,PROFESSORES E MESTRES.

    1 PREPOSIÇÃO ATÉ

    2 PRONOME POSSESSIVO FEMINIMO.

    3 NOMES FEMININOS SUBSTANTIVOS.

    CRASE FACULTATIVA

  • Em qual gramática está essa regra de que não é facultativa a crase antes de "suas", meu deus do céu?