SóProvas


ID
3077608
Banca
FCC
Órgão
EMAE-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Batizada Arlette e sublimada como Fernanda, a atriz carioca moldou − e continua moldando − cada personagem vivida no rádio, no teatro, no cinema e na televisão por 75 anos. Leia abaixo um trecho da entrevista de Fernanda Montenegro à Revistae.


Por viver tantos personagens, o ator não se torna um ser diferente?

− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada, e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando um caso extremo, mas isso acontece.


Em casos como esse dá para guardar as emoções?

− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora. Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é. Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta, não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas provocar fascínio e buscar uma comunhão.


O que significa esse ofício de atriz?

– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente. Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?

                                                  (Adaptado de: Revistae, São Paulo, Sesc, jul. 2018.) 

Mediante uso de subordinação, o período Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite (2° parágrafo) encontra-se reescrito corretamente, com sentido adequado ao contexto, em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    → Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite >>> temos um período composto por coordenação, a conjunção coordenativa "e" tem valor adversativo, opositivo, pode ser substituída por "mas", é o que procuramos:

    A) Como tivesse perdido um irmão num desastre, Ítalo Rossi fez o espetáculo da noite. → temos uma conjunção subordinativa causal, pode ser substituída por "já que", não é o que queremos.

    B) Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre, de modo que fez o espetáculo da noite. → temos uma conjunção coordenativa conclusiva, não é o que queremos.

    C) Não obstante Ítalo Rossi tenha perdido um irmão num desastre, fez o espetáculo da noite. → temos aqui uma conjunção subordinativa concessiva, a FCC adora substituir uma adversativa por uma concessiva, ambas exprimem ressalva, oposição, a única diferença é que a adversativa opõem e elimina a ideia anterior e a concessiva não invalida a ideia anterior, mas o sentido básico é mantido.

    D) Caso tivesse perdido um irmão num desastre, Ítalo Rossi faria o espetáculo da noite. → conjunção subordinativa condicional, não é o que queremos.

    E) talo Rossi perdeu um irmão num desastre; portanto, fez o espetáculo da noite. → temos uma conjunção coordenativa conclusiva, não é o que queremos.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • QUESTÃO COMPLICADA

    GAB:C

  • Como sempre o amigo Arthur Carvalho arrebentando nos comentário.

    Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite.

    Em alguns casos, a conjunção "E" que é (Aditiva), possui valor (ADVERSATIVO)

    Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre, (MAS) fez o espetáculo da noite - Valor Adversativo.

  • GABARITO - C

    Veja que mesmo ele perdendo o irmão no desastre ainda sim fez o espetáculo. Isso não impediu ítalo de fazer o show... Quando um fato acontece independente do outro, temos uma concessão. Essa é a ideia da concessiva. Logo só cabe a letra C...

    • Embora não passe no concurso ele continuará estudando...

    Veja que independente da circunstância anterior ele vai continuar estudando.