SóProvas


ID
3081010
Banca
Instituto Excelência
Órgão
Prefeitura de Catanduvas - PR
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

SOLIDARIEDADE


      O gesto não precisa ser grandioso nem público, não é necessário pertencer a uma ONG ou fazer uma campanha. Sobretudo, convém não aparecer.

O gesto primeiro devia ser natural, e não decorrer de nenhum lema ou imposição, nem convite nem sugestão vinda de fora.

      Assim devíamos ser habitualmente, e não somos, ou geralmente não somos: cuidar do que está do nosso lado. Cuidar não só na doença ou na pobreza, mas no cotidiano, em que tantas vezes falta a delicadeza, a gentileza, a compreensão; esquecidos os pequenos rituais de respeito, de preservação do mistério, e igualmente da superação das barreiras estéreis entre pessoas da mesma casa, da família, das amizades mais próximas.

      Dentro de casa, onde tudo deveria começar, onde se deveria fazer todo dia o aprendizado do belo, do generoso, do delicado, do respeitoso, do agradável e do acolhedor, mal passamos, correndo, tangidos pelas obrigações. Tão fácil atualmente desculpar-se com a pressa: o trânsito, o patrão, o banco, a conta, a hora extra... Tudo isso é real, tudo isso acontece e nos enreda e nos paralisa.

      Mas, por outro lado, se a gente parasse (mas parar pra pensar pode ser tão ameaçador...) e fizesse um pequeno cálculo, talvez metade ou boa parte desses deveres aparecesse como supérfluo, frívolo, dispensável.

      Uma hora a mais em casa não para se trancar no quarto, mas para conviver. Não com obrigação, sermos felizes com hora marcada e prazo pra terminar, mas promover desde sempre a casa como o lugar do encontro, não da passagem; a mesa como lugar do diálogo, não do engolir quieto e apressado; o quarto como o lugar do afeto, não do cansaço.

      Pois se ainda não começamos a ser solidários dentro de nós mesmos e dentro de nossa casa ou do nosso círculo de amigos, como querer fazer campanhas, como pretender desfraldar bandeiras, como desejar salvar o mundo - se estamos perdidos no nosso cotidiano?

      Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados? Para mim, a solidariedade precisa ser antes de tudo o aprendizado da humanidade pessoal.

      Depois de sermos gente, podemos - e devemos - sair dos muros e tentar melhorar o mundo. Que anda tão, tão precisado.

                                                                                                                       Lya Luft

“Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?” Através de qual figura de linguagem a autora demonstra descontentamento com o modo que vivemos, atualmente?

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    ? ?Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?? 

    ? Temos uma ideia paradoxal, ela demonstra ideias contraditórias dentro de um mesmo contexto, apresenta uma ideia ilógica com a verdade, pois, mudo não fala, surdo não escuta e quem está congelado não se mexe (a autora se expressa através da ilogicidade).

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • GABARITO: LETRA C

    Paradoxo ideias que se anulam.BONS ESTUDOS!

  • A fim de que o candidato situe-se em seus estudos, informo que o assunto exigido pela questão é figuras de linguagens. Vejamos o conceito:

    Figuras de linguagem são certas maneiras de dizer que expressam o pensamento ou o sentimento com energia e colorido, a serviço das intenções estéticas de quem as usa. Trata-se de recursos naturais da linguagem, que os escritores aproveitam para comunicar ao estilo vivacidade e beleza

    “Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?”

    Notem que ao dizer palavras e estando mudos há uma contradição de ideias, bem como dizer abraçar alguém estando congelado. Essas ideias são contraditórias num só pensamento, o que nos leva a enunciar uma verdade com aparência de mentira.

    Após analisarmos o trecho em exposição, iremos apontar qual figura de linguagem há nele.

    a) Eufemismo.

    Incorreta. Eufemismo é o meio pelo qual se evita uma palavra ou expressão molesta, odiosa ou triste, substituindo-a por outra palavra ou expressão menos desagradável.

    Exemplo: Estou morto de fome.

    É claro que reina um exagero na oração acima.

    b) Ironia.

    Incorreta. Ironia é dizer algo de forma contrária do que queremos.

    Ex: Senhor, isso que está tomando é água? Não, é um rio.

    O senhor respondeu com uma ironia.

    c) Paradoxo.

    Correta. Segundo Rocha Lima, paradoxo é a reunião de ideias contraditórias num só pensamento, o que nos leva a enunciar uma verdade com aparência de mentira. Estriba o paradoxo na diversidade de modos de ver com que apreciamos as coisas e os seres; quando falamos, por exemplo, dos ricos pobres, estamos a conciliar dois julgamentos distintos: pensamos na sua riqueza porque têm dinheiro, mas simultaneamente na sua pobreza, por sabermos do vazio da vida que vivem, ou da sua aridez de alma... Todo paradoxo encerra, em última análise, uma antítese, porém uma antítese especial, que, em vez de opor, enlaça ideias contrastantes.

    Exemplo: Quando Camões, em célebre soneto sobre as contradições do Amor, disse que esse sentimento “é dor que desatina sem doer”

    O trecho em exposição tem todas as características de um paradoxo ao apresentar contradições.

    d) Nenhuma das alternativas.

    Incorreta. A alternativa anterior invalida está.

    Referências bibliográficas:

    ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.

    GABARITO: C

  • Na minha opinião a figura é a hipérbole.