SóProvas


ID
3084904
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Itapevi - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                         Vizinhos


      Fabrício via na infância moradores pedindo um pouco de açúcar, de sal, de arroz e de café emprestado para os vizinhos. Era natural a convivência harmoniosa na urgência. Chegava uma visita inesperada e não se tinha tempo para sair e dar um pulo no mercado. Então batia-se na porta ao lado e dificilmente alguém recebia um não.

      Com a insegurança atual, o máximo que Fabrício testemunha na vida adulta é vizinho gritando para baixar a música, chamando a polícia ou denunciando os outros nas reuniões de condomínio.

      Fabrício e a mulher, Beatriz, estavam jantando, num sábado, quando a campainha do apartamento deles tocou. Fabrício já se encontrava receoso, tanto que tratou de criticar e expelir o veneno pela boca:

       – Quem veio nos incomodar e estragar a paz do final de semana?

       Beatriz, ao contrário do marido, abriu a porta com generosidade:

      – Como posso ajudar, querida?

      Uma senhora do apartamento do andar de cima, Dona Lúcia, vinha solicitar um abajur emprestado. Beatriz não estranhou o pedido nem hostilizou a necessidade da vizinha. Foi ao quarto e, imediatamente, trouxe o objeto.

      – Não tenha pressa de devolver.

      Fabrício ainda se sentia irritado com a cara de pau da vizinha e ficou desconfiado com o destino do empréstimo. Não quis se meter no assunto, embora considerasse que Beatriz tinha sido ingênua ao emprestar o abajur. Logo mais estariam pedindo o sofá, as cortinas, a máquina de lavar, as cadeiras, o fogão, a geladeira... Não teria fim a ciranda de favores.

       Entretanto, no dia seguinte a vizinha voltou com o abajur e mais um vaso com flores muito perfumadas para retribuir a gentileza de Beatriz. Quando Fabrício olhou para as flores no centro da mesa, sentiu o perfume em seu rosto. Arrependeu-se de pensar e desejar o pior, pensando no quanto a confiança é perfumada.

(Fabrício Carpinejar. Amizade é também amor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017. Adaptado)

Assinale a alternativa em que há palavra ou expressão empregada no sentido figurado.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    → queremos uma linguagem figurada, uma linguagem no sentido irreal, conotativo, conto de fadas:

    >>> ... tratou de criticar e expelir o veneno pela boca... >>> o termo figurado equivale a falar coisas desagradáveis, ser crítico, ácido, desagradável.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Esta questão requer conhecimento sobre aspectos semânticos da língua: denotação (linguagem não figurada) e conotação (linguagem figurada).

    Denotação – quando uma palavra é usada no seu sentido lógico, real, objetivo, próprio, o sentido do dicionário.

     Conotação – quando uma palavra é usada no sentido figurado, dá-se uma nova significação a ela.

    Na alternativa (E), a expressão “expelir o veneno pela boca", a qual se refere ao personagem Fabrício, foi empregada no sentido conotativo, ou seja, foi empregada no sentido figurado.

     “Fabrício já se encontrava receoso, tanto que tratou de criticar e expelir o veneno pela boca: – Quem veio nos incomodar e estragar a paz do final de semana?"

    O ser humano não possui veneno, como alguns animais peçonhentos, por isso, a expressão “expelir o veneno pela boca" está sendo empregada no sentido figurado (conotativo), foi dada uma outra significação a ela. 

    Interpretando a frase, significa que Fabrício não gostou de receber visita e tratou de reclamar.

    Nas alternativas (A), (B), (C) e (D), todas as palavras foram empregadas no sentido denotativo, ou seja, empregadas no sentido próprio, objetivo, real, lógico.

    Gabarito da professora: Alternativa E.