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ID
3098965
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
HUB
Ano
2018
Provas
Disciplina
Serviço Social
Assuntos

Em relação às perspectivas teórico-metodológicas que fundamentam pesquisas na área social, julgue o próximo item.


A totalidade, uma das categorias que possibilitaram o desenvolvimento da teoria social marxista, é entendida como unidade concreta de contradições dialéticas e está limitada a um período histórico concreto.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: CERTO

    ? Essa forma abstrata de mundo e da maneira de conhecê-lo, por meio de leis lógicas, não poderia ser assumida por Marx. Distinto do idealismo alemão de Hegel, não se trata de compreender a realidade como forma pura, mas de partir das bases produtivas da vida, isto é, da atividade material realizada pelo homem, o qual, ao agir, modifica a natureza pelo trabalho. O ser humano age no mundo, transformando-o para satisfazer necessidades objetivas, de modo que o resultado oriundo do trabalho humano constitui um processo histórico. O caminho, portanto, que leva à possibilidade do conhecimento é a descoberta dos processos concretos de desenvolvimento histórico da realidade social, entendida como objeto em permanente construção.

    ? Por sua vez, a crítica desferida por Marx também se remeteu a uma compreensão do conhecimento que não reconhecia a totalidade das relações, porque priorizava o singular, o fato desvinculado de relações mais amplas e a intuição como meio de apreensão. Um exemplo dessa crítica pode ser reconhecido na Carta a Engels, de 7 de julho de 1866, na qual Marx (1987, p. 34) faz menção a Comte, a quem também combatia: comparado a Hegel, Comte é minúsculo. "Esse desprezível e inútil positivismo apareceu em 1832", assinala. Marx opôs-se a Comte, em virtude de ele compreender o fato pelo fato, sem suas oposições e mediações, tidas como condições fundamentais para entender as relações de produção e de circulação, por exemplo. Também se opôs a ele, devido à concepção linear e progressiva de história, que Marx via com desprezo, dado que o positivismo não pensa a história a partir das contradições sociais e das lutas de classe, mas a partir do progresso científico, enquanto movimento retilíneo e irreversível, que as civilizações alcançariam, com o desenvolvimento de suas instituições e do avanço técnico.

    ? Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732017000300157

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! O que nos parece uma provação amarga pode ser uma bênção disfarçada.

  • Alguém poderia explicar essa parte de "está limitada a um período histórico concreto"?

  • Acredito que, quando a questão em voga afirma que a categoria totalidade "está limitada a um período histórico concreto", o examinador remeteu a um determinado modo de produção (que, hodiernamente, de acordo com Iamamoto, é o capitalismo sob a égide da financeirização), ou seja, os determinantes econômicos, sociais, e ideológicos... que necessariamente estão vinculados a determinado estágio de desenvolvimento das forças produtivas (período histórico concreto) se encontram obscurecidos na singularidade dos processos sociais que chegam, através do cotidiano nas instituições e espaços sócio-ocupacionais, para nós, Assistentes Sociais.

    Não tenho fonte específica para referenciar diretamente minhas explanações, mas acredito que muito do que aprendi sobre o referido assunto está contido nas obras de Reinaldo Nobre Pontes, sobre a categoria Mediação, e em Marilda Iamamoto.

    Espero ter Auxiliado.

  • Gabarito CERTO

    Mas, assim como Karoline Coelho, fiquei na dúvida quanto "está limitada a um período histórico concreto."

    Procurando na Internet, encontrei o texto que faz menção a questão. Página 28 do Texto Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais. Introdução ao método da teoria social. José Paulo Netto UFRJ.

    [...] e a indiferenciação cancelaria o caráter do concreto, já determinado como “unidade do diverso”. O marxista que melhor esclareceu a concepção de totalidade na obra marxiana foi Lukács. É dele a lição: “A concepção materialista-dialética de totalidade significa, em primeiro lugar, a unidade concreta de contradições inter-atuantes [...]; em segundo lugar, significa a relatividade sistemática de toda totalidade, tanto para cima como para baixo (ou seja, que toda totalidade está constituída de totalidades a ela subordinadas e que também ela é, ao mesmo tempo, sobredeterminada por totalidades de complexidade maior); e, em terceiro lugar, a relatividade histórica de toda totalidade, isto é, que o caráter-de-totalidade de toda totalidade é mutável, está limitado a um período histórico concreto, determinado” (MÉSZÁROS Apud PARKINSON, 1973, p. 79-70). E Mészáros observa que, com esta concepção, extraída do pensamento de Marx, evita-se tanto o misticismo da totalidade – tomada diretamente na sua imediaticidade, com a supressão das suas mediações –, que o fascismo cultivou, quanto o seu extremo oposto, vale dizer, a sua negação, que leva à fragmentação e à psicologização da vida social.