Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.
A seleção natural desenhou o corpo humano para o movimento. Desde que nossos ancestrais desceram das árvores, há 6 milhões de anos, a competição conferiu vantagem de sobrevivência às pessoas que se movimentavam com mais desenvoltura. Como
resultado, o corpo que chegou até nós tem pernas e braços longos, fortes e articulados para andar, correr, abaixar e levantar com
eficiência.
A partir da segunda metade do século 20, no entanto, sucessivos avanços tecnológicos tornaram possível trabalhar sem sair
da cadeira. Graças ao conforto moderno, passamos a usar o corpo de uma maneira para a qual ele não foi engendrado.
Ao mesmo tempo, novas técnicas de cultivo agrícola e armazenagem possibilitaram o acesso de grandes massas populacionais a alimentos de alta qualidade. As refeições da classe média de hoje são mais nutritivas do que as dos nobres medievais.
A ingestão diária de um número maior de calorias do que as exigidas para a manutenção do peso saudável de um corpo
sedentário criou as condições para a explosão da epidemia de obesidade que assola o mundo. No Brasil, 52% dos adultos estão
acima do peso.
Em estudo recente, pesquisadores consideraram o impacto direto no sistema de saúde causado por enfermidades nas quais a
influência da vida sedentária é conhecida com mais detalhes.
A aplicação de métodos estatísticos permitiu chegar às seguintes conclusões, entre outras: contados os gastos dos sistemas
de saúde e os anos perdidos de trabalho por morte precoce, a inatividade física custou para o mundo US$ 67,5 bilhões; quanto mais
pobre o país, menor o suporte financeiro governamental e maior a despesa das famílias com o tratamento das doenças estudadas.
No Brasil, a faixa etária da população que mais cresce é a que está acima dos 60 anos, justamente a mais sedentária. É nessa
fase da vida que incidem as doenças crônico-degenerativas mais comuns.
Qual de nossos antepassados poderia imaginar que o maior desafio da saúde pública no século 21 seria convencer a
população a andar?
(Adaptado de: VARELLA, Dráuzio. Disponível em: drauziovarella.com.br)
Identifica-se uma comparação no seguinte segmento: