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ID
3119107
Banca
FCC
Órgão
Câmara de Fortaleza - CE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond publicou um artigo afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era repudiá-lo. Cheio de ímpeto juvenil, considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à obra de renovação da cultura geral”. Na correspondência que manteve com Mário de Andrade nas décadas de 1920 e 1930, Machado também teria papel crucial no embate acerca da tradição. Nas cartas, o escritor volta e meia surge como encarnação de um passado a ser descartado.

      Décadas mais tarde, em 1958, Drummond publicou o poema “A um bruxo, com amor”, uma das mais belas homenagens de escritor para escritor na literatura brasileira. Um único verso dá a medida do elogio: “Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro”. O poema compõe-se de frases do escritor, cujo cinquentenário de morte então se comemorava. O poeta maduro, que agora assinava Carlos Drummond de Andrade, emprestava palavras do próprio Machado para compor um epíteto que ganharia ampla circulação, o “bruxo do Cosme Velho”. O que teria se passado com Drummond para mudar tão radicalmente de posição?

      Harold Bloom descreve as razões que marcam a relação entre escritores de diferentes gerações. O processo passa pela ironia do mais jovem em relação ao seu precursor; pelo movimento que marca a construção de um sublime que se contrapõe ao do precursor; e, finalmente, pela reapropriação do legado.

      A assimilação dificultosa do passado é também um processo vivido pela geração de Drummond. Os antepassados foram vistos muitas vezes como obstáculos aos desejos de renovação que emergiram a partir da década de 1910 em vários pontos do Brasil. E tanto no âmbito individual como no geracional, Machado surge como emblema do antigo. Alguém que fora sepultado com os elogios fúnebres de Rui Barbosa e Olavo Bilac não podia deixar de ser uma pedra no caminho para escritores investidos do propósito de romper com as convenções. Até Drummond chegar à declaração de respeito, admiração e amor, foi um longo percurso. Pouco a pouco, Machado deixa de ser ameaça para se tornar uma presença imensa que ocupa a imaginação do poeta.

(Adaptado de: GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Amor nenhum dispensa uma gota de ácido. São Paulo: Três Estrelas, 2019, p. 9-30.)

Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond publicou um artigo afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era repudiá-lo. (1° parágrafo)


Sem prejuízo da correção, a redação alternativa em que se contemplam as principais informações do segmento acima está em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    A) Carlos Drummond, que em 1925 era um estudante de farmácia e jovem poeta, publicou um artigo no qual afirmam-se sobre Machado de Assis que seria melhor lhe repudiar. ? quem afirmou foi Carlos Drummond, logo o correto seria "afirmou".

    B) O estudante de farmácia e jovem poeta, Carlos Drummond, publicou em 1925, a respeito de Machado de Assis, um artigo no qual afirmam-se que se deve repudiá-lo.

    C) Em 1925, Carlos Drummond, um estudante de farmácia e jovem poeta, publica um artigo do qual afirmava que repudiar Machado de Assis é o melhor a ser feito. ? uso incorreto da preposição "de", nada rege essa preposição.

    D) Em artigo publicado em 1925, Carlos Drummond, à época um estudante de farmácia e jovem poeta, afirmou que Machado de Assis deveria ser repudiado.

    E) Afirma Carlos Drummond em artigo que publicara em 1925, quando era estudante de farmácia e jovem poeta, que o melhor a fazer em relação a Machado de Assis era lhe repudiar. ? o correto seria "o repudiar"; quem repudia, repudia alguém, logo o uso do pronome "lhe" é incorreto.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Assertiva D

    Ordem

    S.V.c

  • Tenho uma dúvida sobre a letra C. Alguém pode esclarecer?

    Em 1925, Carlos Drummond, um estudante de farmácia e jovem poeta, publica um artigo do qual afirmava que repudiar Machado de Assis é o melhor a ser feito.

    Pensei que o ''é'' estava errado. Por isso desconsiderei essa alternativa. Para mim o correto seria ''...repudiar Machado de Assis era o melhor...''

    O colega Arthur disse que o erro é por causa da preposição ''de''. Mas e o tempo do verbo ''é'' não está errado?

    Desde já obrigado.

  • Sobre a alternativa D, qual o termo rege a crase?

  • CONCURSANDO QC.

    amigo, não sou muito de ficae comentando aqui, mas vou ajudá-lo. A letra "E" está no tempo verbal correto, porém ela peca em trazer uma opção O.I ( objeto indireto)

    "O melhor a fazer era repudiá-lo" perceba que o objeto aqui é direto.

    "Era lhe repudiar" = é a mesma coisa que você falar: "repudiar a ele". A pronome "lhe" deixa a questão errada por trazer uma opção "OI".

    Na questão "C" tanto a preposição "de" quanto o tempo verbal estão incorretos.