SóProvas


ID
3129475
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Serrana - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

        Uma amiga me disse que em alguns cursos da Universidade de Princeton o celular e o iPad foram proibidos porque os estudantes filmavam e fotografavam as aulas, ou simplesmente brincavam com joguinhos eletrônicos. A proibição do uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula numa das maiores universidades dos Estados Unidos e do mundo não é nada desprezível. O celular na palma da mão desconcentra o estudante e abole uma prática antiga: a caligrafia.
      Dos milenares hieróglifos egípcios gravados em pedra e palavras escritas em pergaminho à mais recente prescrição médica, a caligrafia tem uma longa história. Mas essa história – que marca uma forte relação da palavra com o gesto da mão – parece fenecer com o advento do minúsculo teclado e sua tela.
        Lembro uma entrevista radiofônica com Roland Barthes, em que o grande crítico francês dizia que as correções das provas tipográficas dos romances de Balzac pareciam fogos de artifícios. É uma bela imagem do efeito estético da caligrafia no papel impresso, da relação do corpo com a escrita, as letras que vêm da mão, e não da máquina. Quando pude ver essas páginas numa exposição de manuscritos, fiquei impressionado com a metáfora precisa de Barthes, e admirado com a obsessão de Balzac em acrescentar, cortar e substituir palavras e frases, e alterar a pontuação, como se a respiração e o tempo da leitura fossem – como de fato são – importantes para o ritmo da escrita.
       Mas há beleza também na caligrafia torta e hesitante de uma criança, numa carta de amor escrita a lápis ou à tinta, na mensagem pintada à mão no para-choque de um caminhão, nas paredes de banheiros públicos, no muro grafitado da cidade poluída, nada impoluta.
       Na mão que move a escrita há um gesto corporal atávico, um desejo da nossa ancestralidade, que a maquininha subtrai, ou até mesmo anula. Ainda escrevo alguns textos à mão, antes de digitá-los no computador. No trabalho diário de um jornalista, isso é quase impossível, mas na escrita de uma crônica, pego a caneta e o papel e exercito minha pobre caligrafia.
(Milton Hatoum. “Linguagem da mão”. https://oglobo.globo.com, 11.08.2017. Adaptado)

Depreende-se do texto que a escrita à mão para o cronista Milton Hatoum se resume a uma relação:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    ? Conforme o último parágrafo: Na mão que move a escrita há um gesto corporal atávico, um desejo da nossa ancestralidade, que a maquininha subtrai, ou até mesmo anula. Ainda escrevo alguns textos à mão, antes de digitá-los no computador. No trabalho diário de um jornalista, isso é quase impossível, mas na escrita de uma crônica, pego a caneta e o papel e exercito minha pobre caligrafia.

    A) prazerosa, visto que o autor vê a técnica como algo que lhe acrescenta. ? correto, o autor vê a técnica com algo que o conecta à ancestralidade, acrescentando-lhe esse sentimento que perpassa a história.

    B) fortuita, em que o autor recorre à técnica casualmente e por obrigação. ? em momento algum, o autor mostra-se obrigado a usar a técnica de escrita à mão.

    C) desdenhosa, pois para o autor a escrita à mão é algo ultrapassado. ? incorreto, para o autor é algo prazeroso, proveitosa, não há desdenho (desprezo).

    D) saudosista, já que o autor não faz mais uso dessa técnica em sua vida. ? incorreto, o autor ainda usa a técnica, principalmente, em crônicas.

    E) complexa, uma vez que lhe é difícil expressar o que a caligrafia significa. ? incorreto, extrapolação do conteúdo, o autor não expressa valor de complexidade.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Assertiva A

    prazerosa, visto que o autor vê a técnica como algo que lhe acrescenta.