SóProvas


ID
31369
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2008
Provas
Disciplina
Economia
Assuntos

A crise deflagrada nos Estados Unidos da América no último trimestre
de 1929 afetou as políticas econômicas implementadas e o desempenho
da economia brasileira. Acerca desse tema, julgue (C ou E) os itens
seguintes.

No Brasil, a manutenção de uma política de defesa do setor cafeeiro, a despeito das alterações introduzidas em sua implementação na década de 1930, contribuiu para minorar os efeitos adversos da crise de 1929 sobre a renda nacional.

Alternativas
Comentários
  • Esta foi a política contracíclica de Vargas, adotada não por estratégia para se evitar uma depressão, mas como forma de agregar os cafeicultores, então grupo mais poderoso do país, ao complexo emaranhado de sustentação política de Vargas. Alguns autores chegam a descrever esta ação do governo Vargas como política keynesiana antes de Keynes, pois Keynes só publicaria seu "Teoria geral do emprego, do juro e da moeda" em 1936.
  • Na obra História do Brasil (Ed. EdUSP, 13ª edição, pág. 333 ), Boris Fausto diz que:

    "O governo Vargas não abandonou e nem poderia abandonar o setor cafeeiro. Tratou porém de concentrar a política do café em suas mãos."
  • Segundo Furtado, a política de defesa do setor cafeeiro nos anos de depressão concretiza-se, inconscientemente, num verdadeiro programa de fomento da renda nacional, motivo pelo qual o Brasil já apresentava sinais de recuperação em 1933, antes mesmo dos EUA.
  • A crise afetou a disponibilidade de moeda forte na economia brasileira e derrubou o preço do café, ameaçando a sobrevivência econômica dos produtores brasileiros. Dada a importância do café na pauta de importações brasileira, o governo entendeu como fundamental a intervenção no mercado para evitar a falência dos produtores, ao comprar os excedentes das safras, e consequentemente permitir a continuidade das vendas ao mercado externo e entrada de divisas. Conforme nos ensina o professor João Daniel Lima de Almeida:

    "(...) o café representava em 1930, mais de 70% dos dólares que entravam no país. Com 20 milhões de libras emprestadas dos ingleses, o governo comprou a safra paulista abaixo do preço tradicional para desespero dos produtores, evitando, entretando, sua falência. (...) 
    O que fazer com o café adquirido? (...) Decidiu-se, então, por incinerar a produção em um total de 78 milhões de sacas ao final de uma década, segundo nos ensina Delfim Neto, pesquisador clássico do tema. Era o equivalente a três vezes o consumo anual do produto e, ao mesmo tempo, uma grande virada na economia política brasileira, já que, ao comprar abaixo do preço, pagando em moeda nacional em crescente desvalorização, o governo federal desestimulava o ciclo de superprodução que as intervenções anteriores haviam favorecido. Por outro lado, ao queimar parcela significativa da produção, evitava que o preço caísse ainda mais e garantia que os recursos em dólares continuassem entrando no país, não raro, sob controle do próprio governo, desestimulando importações” (Manual do Candidato: História do Brasil, 380)