SóProvas


ID
31381
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2008
Provas
Disciplina
Economia
Assuntos

Julgue (C ou E) os itens que se seguem, relativos ao impacto das duas guerras mundiais na economia brasileira.

Empréstimos de consolidação da dívida externa com banqueiros estrangeiros contribuíram para a manutenção de uma taxa cambial relativamente estável durante a Primeira Guerra Mundial, embora em um nível médio de paridade abaixo daquele em vigor no período 1906-1913, que antecedeu a guerra.

Alternativas
Comentários
  • A questão provavelmente se refere ao 2º fundig loan, onde os efeitos positivos foram menores que os do primeiro.
  • Alguem sabe explicar mais?
  • Embora a expansão de crédito dos anos iniciais da República tenha constituído estímulo à iniciativa empresarial nacional, entende-se que a principal razão para a "substituição de importações" no período de 1895 a 1899 está nas relações, defasadas e ampliadas, entre a taxa de câmbio e a inflação interna gerada pelo grande aumento na oferta monetária. Tal defasagem parece ter favorecido, num primeiro momento, as importações em geral de tecidos, mas também de bens de capital, para, a seguir, por meio de desvalorização real do câmbio, estimular as compras internas de bens de consumo. Portanto, o primeiro surto de substituição de importações se devia principalmente ao mecanismo cambial, embora este não fosse determinado propriamente por uma crise externa.

    Ao estudar a evolução da indústria têxtil brasileira, os períodos caracterizados por desvalorização da moeda nacional corresponderam a fases de crescimento da produção; por outro lado, períodos de intensificação do investimento coincidiram com fases de câmbio relativamente alto. Desse modo, a crise externa, que conduz à queda do câmbio, tinha efeito positivo sobre a produção industrial e negativo sobre o investimento. A expansão das exportações, ao contrário, elevando o câmbio, favorecia o investimento mas limitava o crescimento das exportações pelo barateamento relativo dos importados.

  • "O resultado natural foi a assinatura, em outubro, de um novo funding loan de 15 milhões de libras com os banqueiros do governo, para fazer frente ao pagamento de juros dos empréstimos federais até 1917, suspendendo-se as amortizações até 1927. O funding loan de 1914 (..) serviu para aliviar o balanço de pagamentos e contribuiu de forma decisiva para que se pudesse estabilizar a taxa de câmbio em torno de 20 a 25% abaixo da paridade de pré-guerra ao longo de todo o conflito" A ordem do progresso.

  • Até 1914, o câmbio era fixo e mantido, artificialmente, supervalorizado. No início do conflito mundial, o Brasil abandona o padrão-ouro e adota o câmbio flexível; a consequência natural dessa flexibilização é que, como o câmbio estava supervalorizado, o câmbio sofra uma desvalorização ao longo do conflito. O que a questão está cobrando, além desses fatos mencionados, é que o candidato entenda que os empréstimos estrangeiros (2o Funding Loan de out-1914) ajudaram a moeda brasileira a desvalorizar menos do que ela teria desvalorizado caso o Brasil não tivesse logrado realizar essa consolidação com novo empréstimo.


    Outro fator que também ajudou a segurar a desvalorização (fez com que a desvalorização fosse menor do que poderia ter sido) ao longo da guerra foi o resultado superavitário da balança comercial brasileira (que passou a exportar mais para o exterior, por conta da oportunidade de suprir alguns produtos que estavam faltando no mercado internacional por conta da retração produtiva/comercial em países beligerantes); como o câmbio era flutuante e o Brasil era superavitário na balança comercial, a maior entrada de moeda estrangeira (entrava mais com as exportações e não saíam pagamentos da dívida, pois vigorava um período de rolagem dos juros por três anos, conforme acordado no 2o Funding Loan) havia uma pressão contrária para valorizar a moeda nacional.

       dez-1906 a ago-1914: câmbio fixo com padrão-ouro; deveria estar valorizando porque Brasil está com superávit no BP (superávit comercial com preço do café subindo; vendas de borracha até 1910; ainda não paga dívida até 1911;); Brasil abandona o PVC em 1912, por pressão dos EUA; Brasil abandona a conversibilidade e fecha a Caixa de Conversão (ago-1914) logo após o início da GM;

        ago-1914 a 1918: câmbio flutuante; houve desvalorização do mil-réis e a moeda permaneceu desvalorizada durante o conflito; ela só voltará a valorizar a partir de 1919;

  • Questão CORRETA. 

  • Só para lembrar: Durante a Primeira República ocorreram três funding loans:

    Campos Sales(1898-1902): início das negociações ainda com Prudente de Moraes. O que previa:

    Empréstimo de 10 milhões de libras, prazo 50 anos, carência 13 anos

    contrapartidas: zerar déficit, criação de impostos (selo e consumo), queima pública 13% papel moeda em circulação, alfândega do Rio como garantia

    Hermes da Fonseca (1910-1914): (mencionado na questão): feito quando vence o primeiro funding (governo brasileiro adora gastar sem controle)

    Empréstimo de 10 milhões de libras, alfândegas de todo o país como garantia

    Washington Luis (1926-1930): empréstimo de 18 milhões de libras, prazos entre 20 e 40 anos

    Cenário de rápido endividamento externo a partir de 1925 agravado pela crise de 1929.

    Na década de 30, Vargas decreta moratória e dívida só é renegociada em 1943.

    Maior parte do estoque dessas dívidas ainda era em Libras, dólar a partir de 1940.

  • Certo.

    O Primeiro Funding Loan (1898) brasileiro permitiu a suspensão do pagamento da dívida externa brasileira, o que levou o país a um período de relativa estabilidade. Quando Rodrigues Alves (1902-06) e Afonso Pena (1906-10) assumem, o Brasil estava passando por um bom momento econômico. Isso se deu por meio da repentina melhora da posição externa do país em virtude do rápido crescimento das exportações de borracha e do início do grande boom de investimentos europeus na periferia que, com breves interrupções, duraria até as vésperas da guerra. 

    Fonte: A Ordem do Progresso (cap. 2)