“A década de 1930 foi um período de grande incerteza, em que os desafios internacionais e internos, de caráter econômico e político, tiveram de ser enfrentados por um governo que acabara de chegar ao poder. Mas para o setor industrial, passado o primeiro momento de crise e recessão (1929-1931), esses seriam os anos dourados de crescimento, a era do primeiro milagre econômico do século. O rápido e intenso crescimento industrial (...),em especial no período 1933-1936, resultou da combinação de três fatores:
a) do choque externo (crise de 1929 seguida da recessão internacional nos anos 1930), que reduziu as importações e ajudou o processo de substituição interna dos bens antes comprados no exterior;
b) das políticas governamentais – uma parte dessas políticas correspondeu às medidas necessárias para responder aos choques; outra parcela resultou do atendimento a demandas setoriais (dos industriais por proteção, dos militares para a criação de uma infraestrutura de apoio à indústria, da burocracia governamental ou da diplomacia norte-americana e/ou britânica);
c) do esforço do empresariado industrial e de sua liderança, que desde o início do século desenhava um projeto político de desenvolvimento tendo como motor a indústria.
(...)
Se olharmos o Brasil do ponto de vista do desempenho de suas indústrias, esse foi o período do primeiro milagre econômico do século XX. Passado o efeito recessivo da crise de 1929, em especial a recessão de 1931, a indústria brasileira iniciava, já em 1933, uma fase de crescimento sustentado, posteriormente favorecido pela guerra.”
LEOPOLDI, Maria Antonieta P. A economia política do primeiro governo Vargas (1930-1945): a política econômica em tempos de turbulência. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A. N. (orgs.). O Brasil republicano 2: O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo: segunda república (1930-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019. Cap. 8.