SóProvas


ID
3148456
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Arujá - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-número de capítulos de livros, reside na compreensão errônea que às vezes temos do ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não foram poucas as vezes em que jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a serem muito mais “devoradas” do que realmente lidas ou estudadas. Verdadeiras “lições de leitura” no sentido mais tradicional desta expressão, a que se achavam submetidos em nome de sua formação científica e de que deviam prestar contas através do famoso controle de leitura. Em algumas vezes cheguei mesmo a ler, em relações bibliográficas, indicações em torno de que páginas deste ou daquele capítulo de tal ou qual livro deveriam ser lidas: “Da página 15 à 37”.

      A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quantidade de páginas escritas. No entanto, um dos documentos filosóficos mais importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas páginas e meia...

      Parece importante, contudo, para evitar uma compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar que a minha crítica à magicização da palavra não significa, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prática enquanto professores e estudantes.

                                                               (Paulo Freire. A importância do ato de ler)

Considere as passagens reescritas do texto:


•  Em minha andarilhagem pelo mundo, jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias. Verdadeiras “lições de leitura” no sentido mais tradicional desta expressão, ___________ quais se achavam submetidos em nome de sua formação científica.

•  Em algumas vezes cheguei mesmo ____________ leitura, em relações bibliográficas, de indicações em torno de que páginas deste ou daquele capítulo de tal ou qual livro deveriam ser lidas.

•  Parece importante, contudo, para não chegar _________ uma compreensão errônea do que estou afirmando.


De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:

Alternativas
Comentários
  • Assertiva E

    às ... à ... a

    Diante de pronome, crase passa fome;

    Diante de masculino, crase é pepino;

    Diante de ação, crase é marcação;

    Palavras repetidas, crase proibida;

    A+ aquele, crase nele!

    Vou a, volto da: crase há!

    Vou a, volto de: crase pra quê?

    Diante de cardinal, crase faz mal;

    Quando for hora, crase sem demora;

    Palavra determinada, crase liberada;

    Sendo à moda de, crase vai vencer;

    Adverbial, feminina e locução, coloque crase, meu irmão!

  • GABARITO: LETRA E

    ? Em minha andarilhagem pelo mundo, jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias. Verdadeiras ?lições de leitura? no sentido mais tradicional desta expressão, às quais se achavam submetidos em nome de sua formação científica ? submetidos a alguma coisa (preposição "a") + artigo definido "as" que acompanha o pronome relativo (=crase).

    ? Em algumas vezes cheguei mesmo à leitura, em relações bibliográficas, de indicações em torno de que páginas deste ou daquele capítulo de tal ou qual livro deveriam ser lidas ? cheguei a algo (preposição "a") + artigo definido "a" que acompanha o substantivo "leitura" (=crase).

    ? Parece importante, contudo, para não chegar a uma compreensão errônea do que estou afirmando ? chegar a algo (preposição "a"), mas já temos o artigo indefinido "uma", logo não há como se formar a crase, somente o uso da preposição "a" correto.

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  • Esta questão exige do candidato conhecimento sobre emprego da crase. A crase é a junção entre a preposição “a" e o artigo feminino “a". Dessa forma, ela não ocorre antes de palavra masculina. 

    •  Em minha andarilhagem pelo mundo, jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias. Verdadeiras “lições de leitura" no sentido mais tradicional desta expressão, às quais se achavam submetidos em nome de sua formação científica.

    •  Em algumas vezes cheguei mesmo à leitura, em relações bibliográficas, de indicações em torno de que páginas deste ou daquele capítulo de tal ou qual livro deveriam ser lidas.

    •  Parece importante, contudo, para não chegar a uma compreensão errônea do que estou afirmando.

    1ª frase: O pronome relativo “às quais" refere-se às lições de leitura. O verbo submeter é transitivo indireto. Quem se submete, se submete a alguma coisa. Há, portanto, o artigo definido “as" + a preposição “a", exigida pelo verbo.

    2ª frase: O verbo chegar é transitivo indireto. Quem chega, chega a algum lugar. Logo, a preposição “a" é necessária. Por estar diante da palavra feminina “leitura", o artigo feminino “a" também está presente. Se trocarmos a palavra feminina por uma palavra masculina como “debate", vemos que há a presença do artigo masculino “o". Em algumas vezes cheguei mesmo ao (preposição a + artigo masculino o) debate.

    3ª frase: Por estar acompanhado de um pronome indefinido (uma), não ocorre crase na frase mesmo que diante de palavra feminina, como compreensão. Há apenas a preposição a exigida pelo verbo chegar. 

    Sendo assim, a alternativa correta é a Letra E.

    Gabarito do Professor: Letra E.