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ID
3154984
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Barretos - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    Crônicas da cidade, a partir da poltrona do barbeiro


      Nenhuma brisa faz tilintar a bacia de latão pendurada em um arame, sobre o oco da porta, anunciando que aqui se faz barba, arranca-se dente e aplica-se ventosa.

       Por mero hábito, ou para sacudir-se da sonolência do verão, o barbeiro andaluz discursa e canta enquanto acaba de cobrir de espuma a cara de um cliente. Entre frases e bulícios, sussurra a navalha. Um olho do barbeiro vigia a navalha, que abre caminho no creme, e outro vigia os montevideanos que abrem caminho pela rua poeirenta. Mais afiada é a língua que a navalha, e não há quem se salve das esfoladuras. O cliente, prisioneiro do barbeiro enquanto dura a função, mudo, imóvel, escuta a crônica de costumes e acontecimentos e de vez em quando tenta seguir, com o rabo do olho, as vítimas fugazes.

      Passa um par de bois, levando uma morta para o cemitério. Atrás da carreta, um monge desfia o rosário. À barbearia chegam os sons de algum sino que, por rotina, despede a defunta de terceira classe. A navalha para no ar. O barbeiro faz o sinal-da-cruz e de sua boca saem palavras sem desolação:

      – Coitadinha. Nunca foi feliz.

      O cadáver de Rosalia Villagrán está atravessando a cidade de Montevidéu, ocupada pelos inimigos de Artigas. Há muito que ela acreditava que era outra, e achava que vivia em outro tempo e em outro mundo, e no hospital de caridade chegava-se às paredes e esquadrinhava-as e discutia com as pombas. Rosalia Villagrán, esposa de Artigas, entrou na morte sem uma moeda que lhe pagasse o ataúde ou alguém que dela se apiedasse.

                                                                 (Eduardo Galeano, Mulheres. Adaptado)

Assinale a alternativa em que se identifica corretamente, nos parênteses, a circunstância adverbial presente na expressão destacada.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? Por mero hábito, ou para sacudir-se da sonolência do verão, o barbeiro andaluz discursa... (causa)

    ? Qual a causa que faz com que ele discurse (= mero hábito, circunstância causal expressada corretamente).

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  • Por mero hábito, ou para sacudir-se da sonolência do verão, o barbeiro andaluz discursa... (causa)

    A causa dele ter este hábito tem como CONSEQUENCIA o barbeiro naturalmente discursar.

  • Nessa questão nós temos circunstâncias de: A) Modo. [...] rua poeirenta. → O MODO em que a rua se encontrava era cheia de poeira. . B) Causa. [...] da sonolência do verão [...] → A sonolência vem por CAUSA do verão. . C) Tempo. [...] de vez em quando [...] → Ora acontece, ora não acontece, não é sempre. . D) Meio. [...] pagasse uma moeda [...] → A moeda era o MEIO(forma; instrumento) de pagar o Ataúde. . E) Meio. [...] passa um par de bois [...] → esse era o MEIO(transporte; forma) de passar com a mulher morta. . QUEM PERSISTIR ATÉ O FINAL, CONSEGUIRÁ! . LOUVADO SEJA O DEUS DE ISRAEL!
  • GAB. B)

    Por mero hábito, ou para sacudir-se da sonolência do verão, o barbeiro andaluz discursa... (causa)