- ID
- 3173557
- Banca
- VUNESP
- Órgão
- Prefeitura de Campinas - SP
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Leia o texto para responder à questão.
Houve um tempo em que o jornalismo investigativo vivia
de entrevistas confidenciais que pessoas bem informadas sobre algum assunto de interesse davam a repórteres em que
confiavam, em troca de não terem sua identidade revelada.
Eram tempos em que uma caneta, um bloquinho e uma
agenda de telefones privilegiada constituíam todo o básico
de investigação de qualquer jornalista. Um profissional sério
desprezava até os gravadores de fita cassete, que, em geral,
intimidavam os entrevistados. A palavra gravada precisava
ser cuidadosamente medida e calculada. Em off, a conversa
corria mais solta. Assim nasciam os grandes furos.
Por óbvio, naquele tempo já havia pequenos aparelhos
desenvolvidos pelas agências de espionagem internacionais
que permitiam instalar dispositivos de gravação e filmagem
disfarçados de abajures, canetas, óculos e até botões de
roupa. Nada disso, porém, era de fácil acesso às pessoas
comuns – o que só mudaria com o advento dos smartphones,
a partir do final da década de 1990.
A cumplicidade entre internet e dispositivos móveis de
captação de som, imagem e informação, com a possibilidade
de retransmissão instantânea do material captado, alterou de
vez a relação entre o homem moderno e seu ambiente social.
Começava, nesse momento, a grande derrocada da privacidade como a conhecemos um dia.
A primeira rede social via internet nos moldes atuais, a
Classmates, surgiu em 1995, nos Estados Unidos e Canadá. Era voltada para a troca de informações entre estudantes
universitários. Desde então, as redes se multiplicaram e acabaram por se transformar nos principais polos de disseminação de informação do planeta. A maior rede disponível hoje,
o Facebook, foi criada em 2004 por estudantes de Harvard e
reúne mais de 2,2 bilhões de usuários, entre pessoas reais,
perfis falsos e robôs.
Por meio das redes, a indústria e o comércio sabem o
que mais consumimos, presidentes são eleitos e derrubados,
e os pecados que gostaríamos de ver escondidos são tornados públicos.
O onipresente olho nos acompanha a cada passo que damos, reconhecendo-nos quando circulamos, pretensamente
anônimos, em meio às multidões dos blocos carnavalescos.
(Luiza Pastor. Redes sociais destruíram ideia de privacidade,
diz pesquisadora. www1.folha.uol.com.br, 28.06.2019. Adaptado)
No último parágrafo, o vocábulo pretensamente, no
contexto em que se encontra, dá ideia de algo