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As contribuições de Safra (2006) em relação ao estudo do pensamento de Winnicott auxiliam o profissional a embasar e compreender as idéias desse autor. Uma delas é considerar, como fundamental para a situação terapêutica, não só o já acontecido na vida, como também aquilo que ainda não aconteceu (o que está por vir) e que aguarda possibilidade de acontecer. Só por meio do encontro com um outro humano será possível dar continuidade ao processo maturacional.
No pensamento de Winnicott o porvir está vinculado à noção de esperança, sendo ela o elemento que permite afirmar algo sobre a sanidade de alguém. Assim, o terapeuta é o representante do porvir (sustenta a esperança, o futuro da realização do self), é uma figura frente à qual o passado pode vir a se repetir e o paciente pode, na presença dele, formular as questões que comprometeram sua tendência maturacional.
“Uma coisa que o leitor notará é que nunca (assim espero) faço interpretações para meu próprio benefício” (WINNICOTT, 1984, p. 18).
O medo de Winnicott era que seu jogo fosse confundido com algo como o Teste de Apercepção Temática (TAT), ou seja, uma técnica estruturada, com regras bem estabelecidas.
Ele ressalta que o fator mais importante, quando aplicava o jogo, era a sua flexibilidade. Adverte que, se a criança quisesse desenhar, conversar, brincar com brinquedos, cantar, fazer bagunça ou qualquer outra atividade, ele permitia isso, ficando livre para se adaptar aos desejos dela. Sugere que o terapeuta que vai utilizá-lo faça o mesmo e não fique preso a regras muito rígidas.
Rabiscando para ser: do si mesmo para o papel
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Winnicott trabalha com o Jogo do Rabisco na consulta terapêutica, que, tecnicamente,é utilizado na primeira entrevista e tem um caráter diagnóstico.
Gabarito A
Bons Estudos!
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A intensa ansiedade presente na primeira entrevista clínica, independentemente das razões que trouxeram a pessoa a este momento, pede, por si, que haja um acolhimento cuidadoso deste ser humano que busca auxílio
psicológico. Segundo Winnicott
(1965/1994), a fim de obter o máximo de uma primeira entrevista, o terapeuta precisa
ter cuidado em não complicar a situação. Precisam ser ditas e feitas toda
a sorte de coisas que simplesmente pertencem ao fato de o terapeuta
ser humano não sem se dar conta da importância profissional e estar,
apesar disso, ciente da “sacralidade" da ocasião. Isto se aplica independentemente da idade do paciente. O autor nomeia de “período de hesitação", e cria um espaço transicional
nas suas consultas, no qual esse período está presente e é, inclusive,
estimulado para desabrochar no gesto criativo. Assim, a técnica do Jogo do Rabisco busca reconhecer no paciente o “período de hesitação", no qual este está e ir tateando uma espécie de intimidade na situação analítica, onde ele
irá aos poucos fazer a sua primeira contribuição verbal ou gestual. Não se trata novamente de uma técnica de entrevista clínica, mas sim
uma forma respeitosa de deixar que o ritmo e o tempo da comunicação do
paciente sejam, de fato, dele. Desta forma, ele pode viver o desenvolvimento de
uma experiência completa, com o mínimo possível de interrupção e sua
manifestação no setting pode ocorrer espontaneamente.
WINNICOTT, D. W. (1965). O valor da consulta terapêutica. In: WINNICOTT, C.;
SHEPPHERD, R.; DAVIS, M. (Orgs.). Trad. José Octavio de Aguiar Abreu.
Explorações psicanalíticas D. W. Winnicott. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.
GABARITO: A
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Artigo: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
As primeiras entrevistas ou consultas terapêuticas são, para Winnicott (2005b), momentos de avaliação diagnóstica, intervenção e ajuda psicológica. Uma técnica bastante rica é – o jogo do rabisco – para explorar ao máximo o material das primeiras entrevistas.
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Um caráter diagnóstico já na primeira entrevista?