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ID
3195598
Banca
FCC
Órgão
Câmara de Fortaleza - CE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Toda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora dos meios urbanos. É preciso considerar esse fato para se compreenderem exatamente as condições que, por via direta ou indireta, nos governaram até mesmo depois de proclamada nossa independência política e cujos reflexos não se apagaram ainda hoje.

      Se [...] não foi a rigor uma civilização agrícola o que os portugueses instauraram no Brasil, foi, sem dúvida, uma civilização de raízes rurais. É efetivamente nas propriedades rústicas que toda a vida da colônia se concentra durante os séculos iniciais da ocupação europeia: as cidades são virtualmente, se não de fato, simples dependências delas. Com pouco exagero pode dizer-se que tal situação não se modificou essencialmente até à Abolição. 1888 representa o marco divisório entre duas épocas; em nossa evolução nacional, essa data assume significado singular e incomparável.

      Na Monarquia eram ainda os fazendeiros escravocratas e eram filhos de fazendeiros, educados nas profissões liberais, quem monopolizava a política, elegendo-se ou fazendo eleger seus candidatos, dominando os parlamentos, os ministérios, em geral todas as posições de mando, e fundando a estabilidade das instituições nesse incontestado domínio.

      Tão incontestado, em realidade, que muitos representantes da classe dos antigos senhores puderam, com frequência, dar-se ao luxo de inclinações antitradicionalistas e mesmo empreender alguns dos mais importantes movimentos liberais que já operaram em nossa história. A eles, de certo modo, também se deve o bom êxito de progressos materiais que tenderiam a arruinar a situação tradicional, minando aos poucos o prestígio de sua classe e o principal esteio em que descansava esse prestígio, ou seja, o trabalho escravo.

(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p.85-86) 

A eles, de certo modo, também se deve o bom êxito de progressos materiais que tenderiam a arruinar a situação tradicional, minando aos poucos o prestígio de sua classe e o principal esteio em que descansava esse prestígio, ou seja, o trabalho escravo. (4° parágrafo)


Os termos sublinhados estão empregados, respectivamente, em sentido

Alternativas
Comentários
  • Gab.: E

    Nesse contexto:

    → Êxito = sucesso

    → Esteio:

    Literal: peça de madeira ou metal que serve de suporte

    Figurado: apoio

    → Descansava:

    Literal: folga

    Figurado: em que se sustentava esse prestígio

  • Às vezes, essas questões de figurado e denotativo são muito complicadas, especialmente quem é de áreas em que há presença forte de termos técnicos e os mais objetivos possíveis. Desse modo, uma forma que eu faço, mesmo não conhecendo o significado da palavra, é substituindo-a por outra que faça mais sentido para mim, ainda que não seja um sinônimo, denotativamente.

    Não fazia a menor ideia o que era esteio, então troquei por "leito" ou "cama", aí vi claramente que o sentido trazido pelo autor é figurado. Usei esse método algumas vezes e tem funcionado. Se eu achar alguma questão que não, eu volto para cá e edito o comentário.

  • GABARITO (E).

    ÊXITO - Adjetivo com valor literal. (Sentido Denotativo - Dicionário = Correto)

    ESTEIO - Substantivo empregado com sentido Figurado. (Sentido Conotativo = Inonia/Figura de Línguagem).

    DESCANSAVA - Substantivo empregado com o mesmo valor, sentido Figurado. (Sentido Conotativo = Inonia/Figura de Línguagem).

  • Excelente comentário do Enrico.

    Eu também não tinha noção do significado de "esteio", mas analisei o contexto em volta dele.

    O prestígio "descansa" nesse "esteio". Esse "descansa" dá pra matar que está no sentido figurado, logo esse lugar de descanso (esteio) tem que ser no sentido figurado também, senão quebraria o sentido.

  • Assertiva E

    literal, figurado e figurado.