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ID
3195622
Banca
FCC
Órgão
Câmara de Fortaleza - CE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Filosofia do Direito
Assuntos

A nosso ver, a principal característica dessas doutrinas é serem extrovertidas: ou seja, não praticam a dedução a partir de princípios inatos, como tenta fazer o racionalismo, mas voltam-se para o exterior, tratam o homem como objeto de ciência. [...] observando o homem tal como ele é em vez de escrutinarem o dever-ser, acreditam que os atos dos homens estão instintivamente dirigidos pela vontade de bem-estar [...]. [...] o homem tende para a segurança. Essa necessidade será plenamente satisfeita pelo Estado [...]. Com efeito, é nesse momento que a política começa a se especializar; em vez de ser a ciência do justo, torna-se uma arte do útil, à qual o direito está subordinado.

(VILLEY, Michel. A formação do pensamento jurídico Moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2009, passim)


As ideias expressas acima referem-se

Alternativas
Comentários
  • parabéns pra pessoa que acertou essa sem chutar

  • GABARITO: B

    Hobbes considera a mecânica (estudo do movimento na ciência natural ou física) como modelo para sua psicologia e também para sua sociologia. Ele parte do conceito de indivíduos isolados, como átomos (que são corpos inorgânicos imutáveis e eternos) e faz a analogia com os homens no estado real de natureza. É essa analogia que pode explicar as alterações sociais.

    Assim, cada indivíduo reage a movimentos exteriores numa necessidade incondicional. Vistas do interior, as reações humanas apresentam-se como vivências, sentimentos e impulsos. Para Hobbes, todos os afetos que sentimos são efeitos de fenômenos mecânicos no nosso corpo e também no mundo exterior.

    Seguindo uma tradição empirista que remonta a Aristóteles, Hobbes entende que a mente humana é totalmente desprovida de qualquer representação anterior à experiência

    Ainda segundo o autor, os sonhos são causados por perturbações de alguma parte do corpo (interna) que provocam sonhos diversos para perturbações diversas. Os sonhos são o reverso das imaginações despertas. Com isso, Hobbes critica as religiões e os costumes que estimulam imaginações fortes, tornando as pessoas supersticiosas e despreparadas para a obediência civil.

    Devemos entender, portanto, que, para Hobbes, fora da nossa mente há apenas matéria em movimento, como se fossem feixes de luzes desorganizados. Quando captamos esses feixes, a mente organiza esses dados, isto é, cria um mundo artificialmente através da linguagem (que também é artificial). A imaginação se dá pelas palavras, sinais e entendimento. Da mesma forma que se cria um mundo ilusório pra si, os indivíduos coletivamente podem criar um mundo comum para si. É a common wealth, termo inglês usado pelos filósofos para designar uma comunidade, sociedade civil organizada ou Estado.

    CABRAL, João Francisco Pereira. "O materialismo na teoria do conhecimento de Thomas Hobbes"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-materialismo-na-teoria-conhecimento-thomas-hobbes.htm. Acesso em 20 de junho de 2021.

  • A questão em comento demanda leitura atenta do texto de introito da questão.

    Lendo tal texto, apuramos o seguinte:

    I-                    Apego a dedução com base no racionalismo, ou seja, sem processos de indução;

    II-                  Olhar do homem como objeto da ciência, isto é, apego ao cientificismo;

    III-                 Observar o homem tal como ele é, sem apegos metafísicos, sem alusão recorrente ao transcendente;

    IV-                Olhar empírico do homem;

    V-                  Os homens tendem para a ordem e a segurança, ou seja, saem do Estado de Natureza, com a liberdade sem freios, o mundo do “homem lobo do homem" para o Estado Civil, fruto do Contrato Social, onde o soberano garante a paz e o direito à vida, a segurança, isto tudo em função da renúncia pelo homem da liberdade plena;

    VI-                Olhar utilitarista para a Ciência Política, que sai da lógica do justo enquanto arte para o campo do útil, ou seja, apego ao pragmático, ao utilitarismo;

    VII-              O Direito não está subordinado a um justo metafísico, transcendental, mas sim ao posto pelo Soberano, pautado no útil, no empírico, na ordem, na segurança.

    Diante de tais proposições, podemos comentar as alternativas da questão.

    LETRA A- INCORRETO. Não há alusão na questão ao metafísico de Kant. Não falamos aqui no transcendental, mas sim no empírico.

    LETRA B- CORRETO. De fato, o texto tem a perspectiva materialista, empírica de Hobbes, seu desejo de ordem, segurança, ciência, um olhar para o homem como é;

    LETRA C- INCORRETO. O texto não fala da perspectiva de Justiça distributiva de Aristóteles. O justo é sublimado em prol do útil no texto em questão.

    LETRA D- INCORRETO. O justo é sublimado em prol do útil no texto em questão.

    LETRA E- INCORRETO. O texto até menciona o termo “dever ser", o que pode causar confusões. Não passa disto. A passagem para a segurança, o apego ao útil, o racionalismo, tudo isto são perspectivas teóricas incorporadas por Kelsen, mas anteriores a ele, típicas de Hobbes (Kelsen, em alguma medida, foi influenciado por Hobbes, bebeu das lições de um iluminista).

    GABARITO DO PROFESSOR: LETRA B

  • 03 expoentes da teria do JUSNATURALISMO CONTRATUAL (ao lado, suas palavras-chaves)

    HOBBES: garantir a SEGURANÇA

    LOCKE: garantir a PROPRIEDADE

    ROUSSEAU: garantir a LIBERDADE

    Todos eles entendem que o contrato é necessário e que o Estado é fruto de um pacto (contrato) que a sociedade faz. Mas eles justificam essa necessidade por motivos diferentes:

    1) HOBBES: na noção de igualdade material + perspectiva agressiva e egoísta do estado de natureza do homem = para conter essa agressividade = necessidade de um ESTADO ABSOLUTISTA.

    2) LOCKE: a noção de igualdade + estado natural do homem POLÍTICO + ESTADO LIBERAL.

    3) ROUSSEAU: noção de igualdade + perspectiva romântica do estado de natureza do homem + ESTADO SOCIAL (porque, ao contrário do LOCKE, Rousseau entende que o mal da sociedade veio com a ideia de propriedade - como uma fraude e que, não é o homem que precisa servir ao ESTADO LIBERAL, mas sim o ESTADO SOCIAL que deve servir ao homem) = BEM COMUM.

    aula prof of. Odair José Torres de Araújo do GRANCURSOS

  • GABARITO: B

    O materialismo é uma concepção filosófica que admite a origem e a existência humana a partir de uma condição concreta: a matéria. É uma corrente que acredita nas circunstâncias concretas e materiais como principal meio de explicação da realidade e seus fenômenos sociais, históricos e mentais.