Na Fundação Dom Cabral (FDC), no âmbito do programa de Parcerias com Organizações Sociais (POS), temos estimulado o uso do marco lógico (método desenvolvido para elaboração, descrição, acompanhamento e avaliação de programas e projetos) para apoiar o planejamento e a avaliação dos projetos sociais. Evidentemente que não se trata da versão burocrática, “caixa preta” e autoritária tão criticada na década de 1980. Porém, estamos nos referindo à sua versão revisitada, voltada para embasar o diálogo entre os públicos envolvidos com o projeto social para viabilizar o planejamento relevante e legítimo, e a avaliação útil e consistente dos resultados alcançados e das estratégias adotadas.
Como se sabe, o marco lógico foi inicialmente desenvolvido pela agência norte-americana USAID que, por volta dos anos 1969-70, investia pesadas somas em programas de assistência em países com risco social, porém padecia de problemas sérios para conseguir gerenciar de modo adequado os recursos aplicados. Os programas sociais eram desenhados com múltiplos objetivos que não guardavam coerência com as suas ações e mais pareciam “cartas de boas intenções”; não havia uma linguagem comum para viabilizar o entendimento e o compromisso entre os vários atores participantes; também não havia clareza sobre como ficariam os programas se tivessem êxito e, quando eles não fossem bem, como identificar os motivos e agir sobre eles.
Naquele contexto crítico, o marco lógico surgiu como uma ferramenta didática de planejamento para sistematizar a hipótese causal (ou teoria da mudança) subjacente à intervenção social. O pressuposto era de que o planejamento bem feito lançava as bases para o monitoramento e a avaliação de resultados, capaz, assim, de evidenciar o compromisso entre o combinado e o realizado.
Em sua formatação inicial mais simples, o marco lógico foi proposto como uma matriz 4×4 (4 colunas e 4 linhas) em que vinha explicitada a cadeia hierárquica dos objetivos que precisavam ser atingidos, tendo em vista a lógica esperada para a atuação do projeto. Ou seja, de como a realização das atividades iria gerar os produtos e serviços do projeto que, por sua vez, iriam ser capazes de promover as mudanças esperadas junto aos beneficiários e, em última instância, contribuir para o objetivo de impacto pretendido.
https://gife.org.br/planejamento-e-avaliacao-de-projetos-sociais-o-marco-logico-revisitado/