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ID
3229246
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Peruíbe - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Em 1968 surge uma coletânea de artigos, Brasil em Perspectiva, na qual a cientista política M. do Carmo C. de Souza começa a por em dúvida uma “noção geralmente aceita”: a de que o movimento de 1930 teria sido um embate entre latifúndio (e estruturas agrárias) e indústria (e estruturas urbanas nascentes), “à semelhança da revolução burguesa no desenvolvimento capitalista europeu”. Um capítulo de Boris Fausto sobre “A revolução de 1930” discute as interpretações dessa revolução pensando-as “dentro de uma dinâmica própria” do movimento e de suas contradições. Este autor endossa a explicação de Francisco Weffort sobre um “Estado de compromisso” criado depois de 1930 e que perduraria por toda a década.
[Vavy Pacheco Borges, Anos trinta e política: história e historiografia. Em Marcos Cezar de Freitas (org.).
Historiografia brasileira em perspectiva. Adaptado]

A categoria “Estado de compromisso” significa que

Alternativas
Comentários
  • Resposta: letra B

    Características do Estado de Compromisso:

  • No chamado “Estado de Compromisso”, Getúlio Vargas incorporou a função de intermediador dos interesses dos vários grupos que atuavam na esfera política. Nesse sentido, observamos que os grandes cafeicultores foram atendidos pelo novo governo através do Conselho Nacional do Café, desenvolvido com o propósito de aprimorar as formas de plantio do grão e, principalmente, estabelecer o controle dos preços do produto no mercado externo.

    Voltando-se para a esfera urbana, Vargas também agiu ativamente nos conflitos que marcaram a relação entre os grupos empresariais e a classe operária. Ao invés de se postar como representante exclusivo de um único lado, Vargas teve a preocupação de fomentar ações que atendiam às demandas da burguesia industrial ao se preocupar com a expansão da indústria de base através do investimento estatal. Por outro lado, agraciava as classes trabalhadoras com direitos e benefícios nunca antes concebidos na lei do país.

    Dessa forma, a sensação de que um determinado grupo social organizava a esfera política se enfraquecia, dando lugar a imagem particular de Getúlio Dorneles Vargas.

    O presidente, ao longo de sua administração, assumiu o papel de intermediador político neutro e capaz de se colocar acima dos possíveis antagonismos que poderiam organizar a vida da nação. Abraçado pelo grande apoio das massas, a liderança personalista de Vargas se tornou mais significativa do que as tendências político-partidárias.

    Vemos assim que a formulação do Estado de Compromisso esteve intimamente relacionada com o desenvolvimento do populismo. Utilizando o poder político e os meios de comunicação de forma articulada, Getúlio Vargas se transformou em um político preocupado com as “questões nacionais” e a “defesa do povo brasileiro”. Incorporava justificativas que o afastavam da obrigação de assumir uma ideologia clara e lhe garantia prestígio junto aos mais variados e antagônicos setores da população.

    GAB : B

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  • A) Por mais que alguns direitos tenham sido conquistados por estas camadas, o governo Vargas atendia, preferencialmente, aos interesses da elite econômica, agrária e industrial.

    B) Vargas é conhecido por sua habilidade de intermediar os diferentes interesses políticos e econômicos dos diversos grupos sociais. Mesmo desconhecendo a expressão "Estado de compromisso", essa é a alternativa que melhor se adequa ao período.

    C) A Era Vargas é marcada pela construção de um Estado forte e centralizado, que desandaria para uma ditadura em 1937, fortemente influenciada pelos ideais fascistas europeus. Não há que se falar em instituições estatais frágeis.

    D) O termo "burguesia" remete diretamente às classes comerciais e industriais. O café era do latifúndio agrário. A expressão "burguesia cafeeira" é, portanto, no mínimo estranha. Além disso, o Estado brasileiro, antes e depois de 1930, defendia o setor cafeeiro E exportador. Não sei se dá para falar em uma "burguesia comercial exportadora", a industrialização brasileira foi (e ainda é) voltada para dentro. Exportação, no Brasil, infelizmente sempre significou produtos primários.

    E) Melhor se falar em uma aliança da aristocracia agrária com a elite industrial e financeira. Mesmo que se queira defender a existência da aliança citada na alternativa, não se pode dizer que é um fator fundamental no período Vargas, tampouco que tenha a ver com com o significado da categoria "Estado de Compromisso".

  • Resposta correta é a letra "B" (o Estado não representaria nenhum setor da sociedade e o governo assumiria o papel de árbitro das lutas políticas).

  • Segundo a análise de alguns historiadores, a política trabalhista do governo Vargas inspirara-se ,na carta del Lavoro(CARTA DO TRABALHO), elaborada pelo governo fascista italiano,e tinha dupla função:conquistar a simpatia dos trabalhadores e exercer domínio sobre eles,controlando seus sindicatos.Dessa forma,ao pregar a conciliação nacional entre trabalhadores e empresários,o governo Vargas colocava-se como UMA ESPÉCIE DE JUIZ DOS CONFLITOS ENTRE PATRÕES E EMPREGADOS. por um lado reconhecia as necessidades e aspirações dos trabalhadores e, por isso, fazia ''CONCESSÕES'' ao operariado.Mas, por outro, utilizava essas ''CONCESSÕES como meio de CONTROLÁ-LOS E IMPEDIR REIVINDICAÇÕES MAIS PROFUNDAS E RADICAIS.Para o EMPRESARIADO,portanto,essa política representou uma GARANTIA DE ORDEM PÚBLICA E ESTABILIDADE SOCIAL.

    FONTE: Livro Gilberto Contrim

  • Para Boris Fausto, a Revolução de 1930 seria o resultado do conflito intra-oligárquico fortalecido por movimentos militares dissidentes, que tinham como objetivo golpear a hegemonia da burguesia cafeeira. Ou seja, em virtude da incapacidade das demais frações de classe para assumir o poder de maneira exclusiva, e com o colapso da burguesia do café, abriu-se um vazio de poder, que teria gerado o Estado de Compromisso. O Estado de Compromisso é, portanto, a chave analítica que permite ao autor compreender a revolução como um produto da questão política do regionalismo. Assim, como nenhum dos grupos que participaram do movimento oferecia legitimidade ao Estado, abriu-se um "vazio de poder", o que conduziu a um compromisso entre as várias frações de classe e "aqueles que controlam as funções do governo", sem vínculos de representação direta.