Empreiteiro da Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II, o
imigrante norte-americano David Sompson decidiu dar fim à
própria vida na noite de 29 de outubro de 1869, em Sapucaia,
província do Rio de Janeiro. Por ser protestante e suicida,
Sompson foi enterrado do lado de fora dos muros do cemitério. O diretor da companhia chegou a solicitar a realização
de um sepultamento digno para seu funcionário, mas foi em
vão: sob a justificativa de impedir a “profanação das almas”,
o vigário-geral não autorizou o enterro no mesmo espaço
sagrado dos católicos – “Tenho a honra de declarar que as leis
da Igreja Católica proíbem o enterrar-se em sagrado aos que
se suicidam, uma vez que antes de morrer não tenham dado
sinais de arrependimento, acrescendo a circunstância no
presente caso de ser o falecido protestante”.
Em 20 de abril de 1870, o imperador D. Pedro II tomou
conhecimento do parecer e concordou com a opinião dos
membros do Conselho de Estado: “Recomende-se aos
Reverendos Bispos que mandem proceder às solenidades da
Igreja nos cemitérios públicos, para que neles haja espaço
em que possam enterrar-se aqueles a quem a mesma Igreja
não concede sepultura em sagrado. E aos Presidentes de
Província que providenciem para que os cemitérios que de
agora em diante se estabelecerem se reserve sempre para o
mesmo fim o espaço necessário”.
(Sérgio Augusto Vicente. Segregação dos mortos, 1.2.2015. In Revista de
História da Biblioteca Nacional, no
113, fevereiro de 2015. Adaptado)
A partir do fato apresentado e do contexto do Segundo
Reinado, é correto afirmar que a segregação dos mortos