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ID
324913
Banca
NCE-UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

CIDADE MARAVILHOSA?

Os camelôs são pais de famílias bem pobres, e, então, merecem nossa simpatia e nosso carinho; logo eles se
multiplicam por 1000. Aqui em frente à minha casa, na Praça General Osório, existe há muito tempo a feira hippie.
Artistas e artesãos expõem ali aos domingos e vendem suas coisas. Uma feira um tanto organizada demais: sempre
os mesmos artistas mostrando coisas quase sempre sem interesse. Sempre achei que deveria haver um canto em que
qualquer artista pudesse vender um quadro; qualquer artista ou mesmo qualquer pessoa, sem alvarás nem licenças.
Enfm, o fato é que a feira funcionava, muita gente comprava coisas – tudo bem. Pois de repente, de um lado e outro,
na Rua Visconde de Pirajá, apareceram barracas atravancando as calçadas, vendendo de tudo - roupas, louças, frutas,
miudezas, brinquedos, objetos usados, ampolas de óleo de bronzear, passarinhos, pipocas, aspirinas, sorvetes, canivetes.
E as praias foram invadidas por 1000 vendedores. Na rua e na areia, uma orgia de cães. Nunca vi tantos cães no Rio, e
presumo que muita gente anda com eles para se defender de assaltantes. O resultado é uma sujeira múltipla, que exige
cuidado do pedestre para não pisar naquelas coisas. E aquelas coisas secam, viram poeira, unem-se a cascas de frutas
podres e dejetos de toda ordem, e restos de peixes da feira das terças, e folhas, e cusparadas, e jornais velhos; uma poeira
dos três reinos da natureza e de todas as servidões humanas.
Ah, se venta um pouco o noroeste, logo ela vai-se elevar, essa poeira, girando no ar, entrar em nosso pulmão
numa lufada de ar quente. Antigamente a gente fugia para a praia, para o mar. Agora há gente demais, a praia está
excessivamente cheia. Está bem, está bem, o mar, o mar é do povo, como a praça é do condor – mas podia haver menos
cães e bolas e pranchas e barcos e camelôs e ratos de praia e assaltantes que trabalham até dentro d’água, com um
canivete na barriga alheia, e sujeitos que carregam caixas de isopor e anunciam sorvetes e quando o inocente cidadão
pede picolé de manga, eis que ele abre a caixa e de lá puxa a arma. Cada dia inventam um golpe novo: a juventude é
muito criativa, e os assaltantes são quase sempre muito jovens.

Rubem Braga

O item abaixo em que a mudança de posição do adjetivo em relação ao substantivo NÃO provoca qualquer alteração no sentido original do segmento é:

Alternativas
Comentários
  • a) familias pobres (sem recurso) pobres familias (familias coitadas)
    b) inocente cidadao e cidadão inocente (sem maldade, sem culpa) CORRETA
    c) qualquer artista (um artista indefinido), artista qualquer (sem valor)
    d) jornais velhos (usados), velhos jornais (antigos)
    e) golpe novo (recente), novo golpe (recorrente)
  • Novo golpe é "recorrente"??? Não consigo ver isso não...
  • Sim. Novo golpe é recorrente. Imagine uma sequência de golpes.
    Seria um novo golpe (sequência), que é diferente de golpe novo (um outro distinto).
  • Qual a diferença entre as seguintes frases?

    Uma quadrilha especializada em adulteração de combustíveis aplicou um novo golpe no estado de Minas Gerais.

    Uma quadrilha especializada em adulteração de combustíveis aplicou um golpe novo no estado de Minas Gerais.

    Os exemplos não foram retirados de nenum texto, porém, claramente, percebe-se que se trata de artigo, comumente, estampado em "capas" de jornais.

    Da mesma forma é o que, ao meu entender, ocorre na questão.

    Entendo que essa questão tem duas resposta: B e E.


  • Eu sabia que podia ser a B, mas marquei a E porque não vejo diferença emtre golpe novo e novo golpe.
  • Eu marquei a letra E, honestamente é querer tirar leite de pedra qualquer distinção acerca do que foi exposto na letra E.

  • Novo golpe é "recorrente"??? Não consigo ver isso não...²

    inocente cidadao (sem maldade)e cidadão inocente (sem culpa).... pra mim essa é a resposta!

  • tb tive duvida entre s letra B e E, porém quando coloquei a situação em outra oração:

    O pugilista deu um novo golpe em seu adversário fazendo o perde o equilíbrio e ir a lona. (se tem a noção de que esse foi mais  golpe após alguns anteriores, sequência de golpes) 

    O pugilista deu um  golpe novo em seu adversário fazendo o perde o equilíbrio e ir a lona.(é como se houvesse uma golpe que o adversário não esperava, inusitado)

    Espero ter esclarecido essa dúvida.

  • Não consigo entender que haja diferença de sentido.

    Um novo golpe na praça.

    Um golpe novo na praça.

    Um inocente cidadão caminhou na praça. ( um cidadão sem maldade)

    Um cidadão inocente caminhou na praça. (um cidadão sem culpa)