Aredito que a questão foi mal formulada, pois o Manual de Auditoria financeira do TCU tem uma redação bastante clara quando prevê uma inconsistência nessa relação.
"Entretanto, ao aplicar procedimentos analíticos com esses propósitos em auditorias do setor público, o auditor deve considerar que as relações entre itens individuais de demonstrações financeiras, tradicionalmente consideradas em auditorias de entidades de fins lucrativos, podem nem sempre ser relevantes nas auditorias de governos ou de outras entidades do setor público que não tenham objetivo de lucro. Por exemplo, em muitas entidades do setor público pode haver pouca relação direta entre receita e despesa. "
A questão
cobra conhecimento sobre o uso de procedimentos analíticos substantivos em
auditorias financeiras no setor público.
A
auditoria financeira tem como objetivo “determinar se a informação financeira
de uma entidade é apresentada em conformidade com a estrutura de relatório financeiro
e o marco regulatório aplicável, possibilitando ao auditor opinar se as informações
financeiras estão livres de distorções relevantes devido a fraude ou erro" [1].
Os procedimentos
analíticos substantivos referem-se a análises realizadas para interpretar as demonstrações
financeiras e apoiar a conclusão do auditor, que vão desde comparações simples,
como análises de proporção, razão, porcentagens e tendências, até análises de
indicadores e regressão estatística [2].
No
entanto, de acordo com a NBC TA 520, ao realizar essas análises, o
auditor deve considerar que as relações entre itens individuais de
demonstrações financeiras, tradicionalmente consideradas em auditorias de
entidades de fins lucrativos, podem ser ou podem não ser relevantes nas
auditorias de entidades do setor público que não tenham objetivo de lucro [3].
Conforme
exemplificado no Manual de Auditoria Financeira do TCU, no setor público, pelo
fato de que as despesas orçamentárias de capital podem não ser capitalizadas, pode
não haver relação entre as despesas com transferências de capital e o ativo imobilizado
ou, ainda, pode haver pouca relação direta entre receita e despesa. Por outro
lado, outras relações podem ser relevantes, como as variações no custo/km de
estrada construída ou no número de veículos adquiridos comparado com o de
veículos retirados de circulação [2].
Assim, não é sempre que o
auditor deve se abster de utilizar, nas auditorias do setor público, as mesmas
relações entre itens individuais das demonstrações financeiras normalmente utilizadas
em entidades do setor privado. Portanto, a questão está errada.
Gabarito
da professora: ERRADO.
Referências:
[1] ISSAI 100 – Princípios Fundamentais de Auditoria do Setor Público.
INTOSAI. 2013. Traduzida por Tribunal de Contas da União em 2017.
[2] Manual de
Auditoria Financeira. Tribunal de Contas da União (TCU). 2016.
[3] NBC TA 520 – Procedimentos
Analíticos. Conselho Federal de
Contabilidade. 2009.