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ID
334522
Banca
FCC
Órgão
TRT - 23ª REGIÃO (MT)
Ano
2011
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O cangaço está nas telas de nossos maiores artistas,
rendeu filmes premiados, personagens de livros clássicos, e se
mantém como fonte de estudo e paixão. A riqueza do fenômeno
parece sem fim. O historiador Frederico Pernambucano de
Mello prova isso ao esquadrinhar um aspecto original do
fenômeno. Em seu livro Estrelas de Couro – A estética do
cangaço,
apresenta uma abordagem do visual do cangaceiro,
adornado e caracterizado com detalhes capazes de ombreá-lo a
um cavaleiro medieval europeu ou a um guerreiro samurai.
Oferece ideias bem estruturadas sobre a razão das moedas de
prata e ouro pregadas no chapéu, do desenho costurado na
roupa e de outras minúcias.
As roupas, acessórios, calçados e armas dos canga-
ceiros não tinham função única. Sob a análise do historiador,
esse personagem surge supersticioso. Presas a seu corpo, ele
levava diferentes orações com a função de protegê-lo. Objetivo
semelhante tinham os símbolos com os quais enfeitava o cha-
péu, como o signo de Salomão, que reunia a ideia de poder, de
proteção, de devolver as ofensas.
A roupa cheia de metais, espelhos e multicores não era
um traje de camuflagem, muito ao contrário. Essa característica
do cangaceiro, analisa o autor, mostra o caráter arcaico do
homem ligado ao sobrenatural, às coisas da vida e da morte. É
um traço presente em outras manifestações de arte popular
ligadas à divindade. "Os ex-votos, por exemplo, são peças que
servem de pagamento à graça alcançada. A carranca do rio São
Francisco, vendida em sacos de estopa para que o dono da
embarcação não a visse, serve como um abre-caminhos, um
protetor contra os malefícios que poderiam estar a cada dobra
do rio", explica o historiador.


(Celso Calheiros, CartaCapital, 29 de outubro de 2010, p. 70-
71, com adaptações)

Os ex-votos e a carranca do rio São Francisco, no último parágrafo, apontam para

Alternativas
Comentários
  • Esta questão não surpreendeu. Vamos as alternativas:

    a) a prática de pessoas que, em sua simplicidade, tentam obter favores de forças divinas para se tornarem poderosas. Não há referência disso no texto.

    b) o comportamento supersticioso daqueles que veem o poder divino como fonte de proteção em todos os momentos de sua vida. Lendo o último período do último parágrafo "Os ex-votos, por exemplo, são peças que servem de pagamento à graça alcançada. A carranca do rio São Francisco, vendida em sacos de estopa para que o dono da embarcação não a visse, serve como um abre-caminhos, um protetor contra os malefícios que poderiam estar a cada dobra do rio". Isso sim, trata-se de comportamento supersticioso.


    c) as péssimas condições de vida de uma região brasileira, em determinada época, que levavam as pessoas a se valerem de dons sobrenaturais para sobreviver. Não é isso que é entendido a partir da leitura do texto. Não se trata de péssimas condiçõews de vida de uma região brasileira e sim de defesa e credos.

    d) o fato de que a arte popular brasileira pode manifestar-se sob aspectos múltiplos e variados, independentes de crenças religiosas. A frase da alternativa está até romântica, mas não há referência disso no texto.


    e) uma atitude contrária à lei e à moral, associada popularmente aos bandos de cangaceiros por todos aqueles que estavam expostos a seus ataques. Bom, pelo que entendi, não apenas os cangaceiros utilizavam estas práticas, mas as pessoas também. Não há o que se entender no texto sobre contrarios à lei e á moral.