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ID
3357229
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TJ-PA
Ano
2020
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

O desenvolvimento social, emocional e da personalidade da criança e do adolescente aos poucos é moldado com o ambiente, sendo a família o primeiro núcleo socializador. A respeito desse assunto e dos diversos aspectos a ele relacionados, assinale a opção correta.

Alternativas
Comentários
  • O IEP visa auxiliar especialmente profissionais que trabalham com famílias que apresentam risco social, pois permite detectar a quais práticas parentais um indivíduo esteve ou está sujeito, e qual a influência delas no desenvolvimento de comportamentos anti-sociais, como o abuso de substâncias, atos homicidas, infratores, etc. O instrumento também permite que se visualizem as práticas administradas pelos pais que devem ser modificadas, mantidas ou otimizadas, no caso de busca de orientação, intervenção e encaminhamento à terapia de família, por exemplo. Aqui se incluem as famílias que buscam ajuda no sistema jurídico e demais programas de auxílio mantidos por políticas públicas. O inventário deriva de um modelo teórico composto por sete práticas educativas, sendo duas consideradas positivas (monitoria positiva e comportamento moral) e cinco negativas (abuso físico, disciplina relaxada, monitoria negativa, negligência e punição inconsistente). No manual de aplicação, as práticas estão descritas e são sustentadas conforme a literatura da área. Quando se diz que um pai ou uma mãe pratica a monitoria positiva, entende-se que ele tem conhecimento acerca de onde seu filho se encontra, de suas atividades, gostos e preferências. Mediante as práticas que compõem a categoria comportamento moral, os pais ensinam valores como honestidade, empatia e senso de justiça aos filhos, auxiliando-os na discriminação do certo e do errado por meio de modelos positivos. Quando a punição inconsistente ocorre, os pais educam de acordo com seu humor do momento e não de forma contingente ao comportamento da criança, deixando-as confusas na discriminação dos seus comportamentos. E praticam a negligência quando são ausentes, não se interessam pelos filhos e não efetuam um papel significativo nas suas vidas. Eximindo-se de suas responsabilidades e omitindo-lhes auxílio, podem criar crianças inseguras, agressivas e com baixa auto-estima. Quando os pais determinam regras e acabam eles mesmos por desrespeitá-las, ou esquecê-las, eles praticam a chamada disciplina relaxada. Por outro lado, quando determinam regras em excesso, fiscalizam em demasia a vida dos filhos e repetem uma ordem diversas vezes, eles utilizam a monitoria negativa (ou supervisão estressante). Por fim, pais que praticam o abuso físico utilizam práticas corporais lesivas na tentativa de controlar o comportamento dos filhos, causando dor, machucados ou marcas na pele da criança. O abuso físico e a negligência mostram-se como os principais desencadeadores de comportamentos anti-sociais de crianças e adolescentes. Inventário de Estilos Parentais (IEP): um novo instrumento para avaliar as relações entre pais e filhos Izabela Tissot Antunes Sampaio * Universidade Federal de Santa Catarina; Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de Estilos Parentais. Modelo teórico: manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes.
  • Gomide (2006) selecionou em seu modelo teórico sete práticas educativas que compõem  o Estilo Parental, definido pela autora como o conjunto de práticas educativas utilizadas pelos pais  na interação com os filhos; cinco delas estão relacionadas ao desenvolvimento de comportamentos  anti-sociais (abuso físico, punição inconsistente,  disciplina relaxada, monitoria negativa e negligência) e duas favoráveis ao desenvolvimento de comportamentos pró-sociais (monitoria positiva e comportamento moral).
    A monitoria positiva é definida como o  conjunto de práticas parentais que envolvem atenção e conhecimento dos pais acerca de onde seu filho se encontra e das atividades desenvolvidas  por ele. São ainda componentes da monitoria positiva as  demonstrações de afeto e carinho dos pais, princi-
    palmente relacionados aos momentos de maior  necessidade da criança.
    O comportamento moral refere-se a uma prática educativa pela qual os pais transmitem valores, como honestidade, generosidade e  senso de justiça aos filhos, auxiliando-os na discriminação do certo e do errado por meio de modelos positivos, dentro de uma relação de afeto. Pesquisas apontam alguns fatores como sendo essenciais para o desenvolvimento do comportamento moral nas crianças, são eles: a existência do sentimento de culpa; o desenvolvimento da empatia;  ações honestas; crenças parentais positivas sobre  trabalho e ausência de práticas anti-sociais.
    A negligência ocorre quando os pais  não estão atentos às necessidades de seus filhos,  ausentam-se das responsabilidades, omitem-se de  auxiliar seus filhos, ou simplesmente quando interagem sem afeto, sem amor. Falta de calor e carinho na  interação com a criança pode desencadear sentimentos de insegurança, vulnerabilidade e eventual hostilidade e agressão em relacionamentos sociais.
    A punição inconsistente se dá quando  os pais punem ou reforçam os comportamentos  de seus filhos de acordo com o seu (dos pais)  bom ou mau humor, de forma não contingente ao  comportamento da criança. Assim, é o estado emocional dos pais que determina as ações educativas, e não as ações da criança. Como conseqüência, a criança aprende a discriminar o humor de  seus pais e não aprende se seu ato foi adequado  ou inadequado.
    A monitoria negativa (ou supervisão  estressante) caracteriza-se pelo excesso de fiscalização dos pais sobre a vida dos filhos e pela grande quantidade de instruções repetitivas, as quais  não são seguidas pelos últimos. Essa prática educativa produz um clima familiar hostil, estressado  e sem diálogo, já que os filhos tentam proteger  sua privacidade evitando falar com os pais sobre  suas particularidades.
    Na disciplina relaxada verifica-se o não cumprimento de regras estabelecidas pelos pais.
    Eles ameaçam os filhos e, quando se confrontam  com comportamentos opositores e agressivos,
    omitem-se, não fazendo valer as regras que eles próprios determinaram.
    Considera-se abuso físico quando os pais  machucam ou causam dor a seus filhos com a justificativa de que os estão educando. A prática do abuso físico pode gerar crianças apáticas, medrosas, desinteressadas.
    GOMIDE, P. I. C. Inventário de estilos parentais: Modelo teórico, manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes, 2006.

    GABARITO: C