#Análise das alternativas com os erros marcados em negrito:
A) deve ser vista como o cumprimento de uma atividade aborrecida mas necessária.
Incorreta. O autor não qualifica a leitura de textos literários como uma atividade aborrecida, mas como algo que fazemos por obrigação. E nem sempre uma obrigação, por maior que seja o peso da palavra, é considerada aborrecida. A justificativa está no enxerto a seguir: "[...]fui ler por obrigação, a mando de professor, e acabei encontrando grande prazer na leitura."
B) acaba sendo uma prova de que muitos jovens só encontram sentido no que fazem sob coação.
Incorreta. Aqui a banca inferiu uma condição divergente do texto, uma vez que o prazer da leitura nem sempre é oriundo da coação. O autor é bem claro na discussão de que isso acontece em alguns casos, consoante trecho a seguir: "Mas sou obrigado a confessar: algumas vezes fui ler por obrigação, a mando de professor, e acabei encontrando grande prazer na leitura."
C) pode converter-se numa experiência prazerosa, ainda quando seja uma tarefa compulsória.
Correta. É exatamente isso, dito com outras palavras, conforme trecho central a seguir: "Mas sou obrigado a confessar: algumas vezes fui ler por obrigação, a mando de professor, e acabei encontrando grande prazer na leitura."
OBS.: De acordo com o contexto do texto, a palavra "obrigação" por ser substituída pela palavra "compulsória" descrita na assertiva.
D) redunda em alto grau de satisfação quando os alunos participam da escolha dos autores.
Incorreta. Extrapolação, visto que não há resquícios no texto acerca da participação dos autores na escolha dos autores.
E) revela-nos nosso destino, que é o de virmos a apreciar as coisas que os outros já apreciam.
Incorreta. Assertiva totalmente fora do contexto do texto.
Gabarito: item "C"
Em questões de interpretação e
compreensão textual, o(a) candidato(a) deve atentar para os seguintes
procedimentos de análise:
(I) Identificação das ideias presentes em
fragmentos do texto OU
(II)
Identificação das ideias centrais do texto.
Quando se tratar de examinar os conteúdos
referentes a fragmentos ou momentos do texto (I), devemos retornar a
ele e localizar o trecho que deverá será analisado. Esse procedimento nos
permite fazer um exame mais preciso de cada opção, possibilitando, inclusive,
verificar mais rapidamente quando essas opções apresentam falhas de conteúdos
em relação ao que se reconhece no texto. Assim, além do exame dos fragmentos
textuais, devemos observar se as alternativas são construídas com as seguintes
falhas:
(1)
extrapolação do conteúdo:
quando a informação da opção está além do que se encontra no texto, total ou
parcialmente;
(2)
divergências de conteúdo:
quando há equívocos em relação ao conteúdo que se desenvolve no trecho do
texto;
(3)
redução de conteúdo: quando a opção destaca parte de uma informação
textual em detrimento de todo o conteúdo.
Com base nessas informações, resgatemos
o primeiro parágrafo do texto, o qual, segundo o que se propõe no enunciado,
apresenta uma tese que devemos identificar entre as opções.
Primeiro parágrafo:
“Na escola, a leitura de textos
literários pode se tornar apenas uma tarefa de Português, uma obrigação – e lá
se vai, se assim for, o prazer da leitura. O ser humano gosta de pensar que
decide o seu destino, e só acredita que poderá ser feliz quando apenas sua
vontade estiver no comando. Mas sou obrigado a confessar: algumas vezes fui
ler por obrigação, a mando de professor, e acabei encontrando grande prazer na
leitura".
Observemos
que o autor apresenta o tema, a questão da leitura escolar, por meio de uma
contextualização segundo a qual, para grande parte das pessoas, ler na escola
ocorre somente por obrigação. No entanto, no último período do parágrafo, o
conectivo adversativo MAS anuncia que algo do que foi contextualizado será contestado
para, em seguida, mostrar-se um posicionamento contrário ao que se apresentou –
essa mostra de posicionamento é o que se chama de TESE.
Sendo
assim, podemos identificar como tese do texto a opinião de que, segundo o
escritor, mesmo que a leitura seja uma atividade escolar obrigatória, não está
impedida a fruição ou a possibilidade de prazer nesse exercício. Nos parágrafos seguintes, para demostrar e
tornar válida a sua tese, o autor argumenta que o prazer pode ocorrer, apesar
da obrigação, se os condutores desse processo escolherem textos, métodos,
lugares e faixa etária adequados para certa atividade com a leitura escolar. Nesse
sentido, os professores são responsáveis em proporcionar o caminho para o
prazer, em meio às exigências curriculares relativas à leitura escolar.
De posse
das informações anteriores e com base nas falhas de elaboração das opções
incorretas, analisemos o que cada uma apresenta como tese do texto.
A)
deve ser
vista como o cumprimento de uma atividade aborrecida mas necessária.
ERRADA.
Na opção acima, encontramos incorreção devido a uma divergência de
conteúdo, uma vez que, como tese, defende-se que pode haver o prazer, mesmo com
a obrigatoriedade da leitura na escola. O conteúdo da letra A, de forma
divergente, apresenta como suposta tese a de que a leitura escolar é uma
atividade “aborrecida", mas necessária e que deve ser, por isso, cumprida. Por
essa razão, a letra A não pode ser considerada como resposta da questão.
B) acaba sendo uma prova de que muitos jovens só
encontram sentido no que fazem sob coação.
ERRADA.
A letra B pode ser
identificada como opção que apresenta extrapolação de conteúdo em relação à
tese original do texto. Isso porque, em momento algum, o autor informa ou
defende que muitos jovens só encontram sentido numa atividade por meio da
coação. A letra B, portanto, extrapola intensamente o posicionamento do autor.
C) pode converter-se numa experiência prazerosa,
ainda quando seja uma tarefa compulsória.
CORRETA.
Pelo que se apresentou no início dessa explicação, constata-se que
a letra C traz o comentário correto acerca da tese do texto, já que nela
afirma-se ser possível converter uma tarefa compulsória numa experiência
prazerosa.
D) redunda em alto grau de satisfação quando os
alunos participam da escolha dos autores.
ERRADA.
Mais uma vez encontra-se uma extrapolação de conteúdo na letra D,
pois não se discute, no texto, se ou como a escolha de livros por alunos pode
interferir no prazer da leitura.
E) revela-nos nosso destino, que é o de virmos a
apreciar as coisas que os outros já apreciam.
ERRADA.
Na letra E, há divergência de conteúdo em relação ao que se encontra
no texto, pois não se afirma que a leitura literária escolar “revela-nos nosso
destino", e sim que ela nos revela um mundo que um certo livro construiu em nós
e despertou desejos, sobretudo o de buscar novas descobertas em outras
leituras.
Resposta: C