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ID
3360688
Banca
IBADE
Órgão
Câmara de Vilhena - RO
Ano
2018
Provas
Disciplina
Jornalismo
Assuntos

A notícia como narrativa daria, por um lado, uma nova presença, uma representação das coisas já havidas ou que se estão passando em outro lugar e, por outro lado, porque o evento como que se desdobraria, duplicar-se-ia, dar-se- ia uma segunda vez diante do leitor do relato. Nessa perspectiva, a notícia deveria levar a termo uma operação:

Alternativas
Comentários
  • mimética: imitação

    tautologia: uso de palavras diferentes para expressar uma mesma ideia; redundância.

  • Os pressupostos epistemológicos do jornalismo são "descendentes" do platonismo. A atividade jornalística fala a linguagem de Platão (parafraseando Heidegger). O ser do ente se apresenta ou se expõe ao jornalista como uma ideia ou representação: a aparência no qual o ente se mostra. Platão considerava o mundo "real" como uma representação (ou mimesis) do mundo das ideias.

    Na questão, se lê: "A notícia como narrativa daria [...] uma representação das coisas já havidas". Concepções conceituais como "subjetividade", "objetividade" e "representação" fundamentam epistemologicamente o jornalismo, todas advêm também do cartesianismo.

    Até mesmo a "teoria do espelho", que tem uma evidente influência positivista (uma contrapartida da metafísica), falava a linguagem platônica-cartesiana. Tal teoria defendia que era possível o noticiário refletir a realidade fielmente. Ou seja, o jornalista\sujeito era capaz de ver o ente\objeto como ele é e - como se não tivesse nenhuma influência cultural, política ou social - "reproduzi-lo".

    A teoria do espelho caiu em descrédito. O que ficou foi a tese de que o jornalismo manifesta, com o uso da linguagem, uma ideia (construção social dentro segundo o paradigma jornalístico), representação ou mimesis da "realidade" (recorte dela), não ela em si.

    A questão ainda diz: "porque o evento como que se desdobraria, duplicar-se-ia, dar-se- ia uma segunda vez diante do leitor do relato".

    O caráter mimético ou representativo do jornalismo gera um texto noticioso que expressa sobre um evento que já aconteceu. O relato jornalístico manifesta, através do uso da linguagem, uma "repetição" ou "duplicata" deste evento para o leitor. Como a notícia é uma construção social, jornalistas poderão fazer abordagens\pautas diferentes sobre um determinado ocorrido, mas a "ideia" central oriunda do mesmo fato estará lá: a morte de x, a vitória eleitoral de y etc. Ela, a "ideia" do fato, é reescrita e reapresentada ao leitor segundo o paradigma do jornalismo. É uma operação tautológica.

    Resposta: letra C - mimética ou tautológica.

  • Acredita-se que a faculdade humana de conhecer pode ser colocada pela notícia diante de factos ou de coisas que se sucederam, ou, inversa e complementarmente, que a realidade pode ser trazida diante de nós por meio da notícia. A ideia que sustenta esta pretensão é a de que o conhecimento é especular (no sentido do latim speculum, espelho), no sentido de que espelha, reflecte os factos. Assim, a notícia como narrativa deveria levar a termo uma operação mimética ou tautológica. Mimética porque a narrativa nos daria, uma nova presença, uma representação das coisas já havidas ou que se estão passando em outro lugar; tautológica, porque o evento como que se desdobraria, duplicar-se-ia, dar-seia uma segunda vez diante do leitor do relato. (Gomes, 2009, p. 13)

    O Admirável Mundo das Notícias - https://labcom.ubi.pt/ficheiros/20110524-correia_manual_noticial.pdf